quarta-feira, 2 de outubro de 2013

VENEZA DOS CANAIS

Veneza tem uma ponte novinha, da autoria de Calatrava.
Estava fechada temporariamente quando chegámos.
Fica na praça contígua à da paragem do autocarro que vem de Mestre e parece ser um convite de entrada em Veneza.
Está logo ali, junto ao Grande Canal, às primeiras lojas de máscaras, aos primeiros edifícios que parecem espetados na água.
Dali percebe-se que é a água que domina o ambiente.
Mas não só.
Veneza é uma cidade cara.
Mestre, na zona continental, pode ser uma opção mais económica.
Percebe-se de imediato a diferença.
Por exemplo, no preço de meio litro de água num pequeno supermercado.
47 vezes menos do que no restaurante de Lugano.
Todavia, a poupança obriga a outros esforços.
Como por todo o lado, não há muito espaço para estacionar.
E os espaços disponibilizados para tal são caros e estão sempre ocupados.
Por isso, há que optar por uma espaço contratado de garagem.
A mais próxima, ficava a 500 metros do hotel.
Por cima da cobertura de um parque de estacionamento com 5 andares...
É possível reservar um dia para dar um bom passeio pelos locais mais famosos do centro da cidade.
Não sobra porém muito tempo para entrar nos monumentos mais importantes.
Principalmente se as montras das lojas começarem a tolher o passo, o calor estiver a cima dos 30 graus, for preciso descansar à sombra.
O périplo pedestre rondou os 8 quilómetros. 
Ligou a entrada junto à estação à ponte de Rialto, de lá à piazza de San Marco e depois ao Dorsoduro. 
Os canais são um dos símbolos que imediatamente identificam Veneza.
É através deles que Veneza é abastecida de géneros, é através deles que as pessoas passam entre ilhas, é neles que os olhos se passeiam e que a alma se deslumbra.
A água marca a diferença como um tapete animado, empresta uma frescura única ao ambiente e uma textura diferente ao espaço.



Entre outros, um dos encantamentos de Veneza é a luz.
A claridade arrebata tanto como a do azul do céu lisboeta.
Apesar de o turismo a colorir, a luz faz diferença e Veneza bem precisa.
Certas ruas são muito escuras e algumas fachadas estão muito sujas.
Também, se assim não fosse, deixava de ser Veneza.


A par da estética das fachadas dos edifícios de habitação e das lojas, o detalhe e a beleza das máscaras mantêm vivo o ambiente romântico, avivado também pelas pontes, pelas estátuas e poços antigos nas praças e pelas incontornáveis gôndolas.
Existe evidentemente uma herança cultural com grande componente estética.
Essa faceta é omnipresente.
Descobrimos uma loja em plena sessão de formação.
As montras mostravam a prática.


Está muito calor.
Há muita gente sentada ao abrigo do sol.
Há ainda mais gente a circular pelas vielas mais estreitas protegendo-se do calor.
Muitos caminham pela sombra das fachadas.
Também aqui há fontes com água fresca.
Parece não haver necessidade de ter destino.
As ruas levam a sítios atraentes: ou são as fachadas, ou as pontes, ou os canais, ou as praças, ou as lojas, ou os edifícios, ou os palácios, ou os embarcadouros.
Podemos perder-nos à vontade em Veneza.  
Praça de São Marcos
Os preços das refeições mantêm-se mais europeus do que mediterrânicos.
Continuam a estar assinalados os locais mais famosos, mas apenas estes, numa certa economia da informação parecida com os meandros de Marraquexe.
Os topónimos que mais aparecem são “Rialto” e Piazza San Marcos”.
Mas parece que todas as ruas lá vão ter.
Basta seguir o Canal Grande ou Canalazzo.


A praça de São Marcos está repleta de gente.
Há filas para entrar na basílica e para subir os 100 metros do campanário.
A Ponte dos Suspiros, o palazzo Ducale, a entrada da Catedral de São Marcos.
Estão pejadas de turistas.
Tal como as escadas das igrejas, as escadas para os canais, alguns parapeitos de montras.
Está muita gente.
De manhã à noite. 
As pontes são outro ex-libris de Veneza.
A de Rialto tem uma componente comercial significativa.
A dos Suspiros é mais cultural.
Também estão apinhadas de gente.
É moroso entrar na basílica, no palácio ducal, nos museus.
Um dia em Veneza, ou melhor, numa das ilhas da cidade, sabe a pouco.
Sobretudo porque não vai além de um caminhar pelas ruas e vielas, de passar um olhar pelas fachadas, de atravessar algumas pontes. 
Ponte Rialto
Em Veneza, tal como em Roma ou Florença, não saltam à vista contrastes arquitectónicos gritantes.
Aliás, Itália parece ser um paraíso estético.
E, para além das fachadas renascentistas, do romantismo das pontes, da estética das máscaras e das gôndolas, a rua fascina.
Está mais próxima dos canais, mais perto da luz de Veneza.
Veneza é (também) andar de um lado para o outro.
Atravessar as pontes e parar nas praças.
Escutar o cantar dos gondoleiros, descansar o olhar nos detalhes renascentistas.
Acompanhar o deslizar das gôndolas e observar o lento ondular da água.
E muito mais.
É preciso voltar.
Vale a pena.
Só não vale, pelo preço das auto-estradas.
Pouco a pouco, as despesas vão-se acumulando.
Tal como nas ex-scuts
Os 360 quilómetros de vão de Mestre a Milão custam 18 euros.
De Roma a Mestre são 530 quilómetros.
Dá para imaginar...

Música: Avatar, James Horner
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