segunda-feira, 4 de junho de 2012

Forte de São Jorge dos Oitavos




Foi na semana dos museus. Numa altura em que ao DIA DOS MUSEUS, se seguiu a noite dos museus, no sábado imediatamente a seguir. Só é pena que, num dia / no mesmo dia, se façam tantas actividades culturais e nós só possamos estar presentes em uma ou duas.



FORTE DE SÃO JORGE DOS OITAVOS

Lembrava-me que havia ali “qualquer coisa”. Contudo, aquele forte tinha sido intervencionado e esteve em obras durante muito tempo. Fica entre a Guia e o Cabo Raso. O conjunto data do terceiro quartel do século XVII e integrava-se no dispositivo militar de defesa do Tejo. A última ocupação, nos anos 70, destinava-se à fiscalização aduaneira. Tem sensivelmente dez anos de existência enquanto espaço museológico.
 
Na voragem do dia e da noite dos museus, o espaço veio à baila. Porém, o que aparentemente seria uma reconstituição oitocentista, não ia além de três ou quatro bancas, três ou quatro mercadores vestidos à época e três ou quatro produtos principais para venda. Mas, mesmo assim, naquele inóspito, ainda reconheci um dos mercantes, useiro e vezeiro de outras feiras e romarias.

PARAR ALI É TAMBÉM OLHAR O MAR. Azul, bravio, imenso, logo ali. Vê-se das ameias ou das falésias, mediado ou não pela vegetação rasteira local. Depois, olhar para o forte. Quase alvo, perene, pequeno, oculto. Só mesmo as muralhas se mostram. Talvez seja mesmo esse encobrimento, essa dissimulação, que atrai.
Associado às ameias e às guaritas, O PORTAL DE ENTRADA é o elemento que mais se distingue nas muralhas. A porta em arco de (quase) volta perfeita está encimada pelas armas portuguesas e por uma placa alusiva à construção do forte que data de 1648. Não deixa de ser curioso que a entrada não esteja situada a norte, mais protegida assim de qualquer ataque proveniente do mar, a sul.


No pátio, estão QUATRO PEÇAS DE ARTILHARIA NEGRAS, com as bocas encaixadas nas ameias. O pátio dá acesso aos adarves das muralhas que circundam todo o forte. Há quatro guaritas mos vértices do polígono de muralhas. À frente, apenas o mar. O pátio domina a entrada de barcos no Tejo, sobretudo os que vêm de norte.


As ameias são diferentes, quer em dimensão, forma ou textura. Certas são de pedra outras estão rebocadas. Há algumas tapadas com vidro ou fechadas por cima. Dali espia-se quem vem do mar ou quem trepa as falésias.  

Nas traseiras, depois da estrada, o arvoredo alto leva à colina dos Oitavos. No interior, dois edifícios destinados a exposições fixas e temporárias. A última sala do edifício mais próximo do pátio estava ocupada com teatro de fantoches.

Na sala contígua, a exposição mostrava alguns UNIFORMES DE ÉPOCA, uma pequena peça de artilharia, uma caixa com balas de canhão, algumas armas e utensílios utilizados nas bocas-de-fogo e no paiol. Na primeira sala estão expostos vários mapas enquadrando o forte no espaço da costa e do estuário do Tejo.

São salas exíguas que não podem conter mais do que têm. O espaço exterior dentro das muralhas também não é grande. É possível, todavia, contornar todo o perímetro do forte pelas AMEIAS SOBRE UM ADARVE GENEROSO. Nesse périplo, é também possível entrar nas exíguas guaritas, uma em cada vértice do polígono muralhado.

Podia ser um local de paragem interessante no final do dia, caso tivesse um bar panorâmico de onde se pudesse ver o mar. É pena não haver ali (e nos outros locais) informação sobre outros locais interessantes da costa do Estoril, dentro do mesmo género, algo que permitisse efectuar um itinerário costeiro, por exemplo, da Capitania à Cidadela, dali ao Farol de Santa Marta – agora com um pequeno núcleo museológico -, seguir depois para o Farol da Guia e concluir no Forte de São Jorge. Claro que, continuando, o passeio podia levar ao Farol do Cabo Raso, à Fortaleza do Guincho – hoje Hotel – ao Forte do Abano, ao Farol do Cabo da Roca. O que pode constituir um generoso passeio pedestre. Entre o passado e o presente. Sempre junto ao mar.