quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

São Miguel, Açores

Toda a gente já ouviu dizer maravilhas dos Açores, sobretudo do ambiente natural. Realmente, a natureza foi pródiga naquelas ilhas. A experiência em São Miguel, pelo menos, superou o estimado. Por tal, a sensação trazida foi muito para além do dizer bem. Foi bestial, como se diria nos anos 70.

A primeira incursão pelas ilhas foi um suave crescendo de bons momentos. Mas não foi apenas a natureza que se impôs. A cultura também foi acompanhando o ambiente natural, quer o programa de visita, quer o alojamento, ambos oferecidos por amigos, se intrusaram. Uma boa mistura.

No fim, a beleza dos campos misturou-se com a amabilidade das gentes, o encanto dos lagos juntou-se ao afável atendimento comercial e a simpatia geral das pessoas, a qualidade e a temperatura da água do mar acompanhou a a excelência das refeições, em suma, natureza e cultura em combinação ideal. Uma etapa perfeita.

SETE CIDADES, CANÁRIOS, EMPADAS E MOSTEIROS



O fascínio começa praticamente à saída de casa. Não estamos numa floresta dos trópicos, mas quase. Alamedas com árvores esguias e frondosas, raízes a serpentear à superfície, bambus cénicos, patos nos lagos. Como se estivéssemos no Jardim da Estrela ou no Jardim Botânico tropical de Lisboa. Porém, estamos em Ponta Delgada, no Jardim António Borges.



Depois, surge o verde. E, mais verde. E, depois, o verde fica ponteado de branco, de azul, de rosa. Surgem as hortências! Umas a seguir às outras, a marginar a estrada, outras a ocupar umas nesgas do asfalto. Quilómetros nisto! E, para emoldurar o quadro, bermas de estrada eximiamente aparadas. Começa o encanto das plantas.

Trepamos entre as hortências que nos acompanham de um lado e de outro e começamos a ver arbustos com flores amarelas, disseminadas também pelas bermas. São as conteiras, uma espécie invasora que, a par com a árvore do incenso, começam a impedir regeneração das espécies nativas da floresta Laurissilva. Nos Açores, cerca de 70 por cento das 1002 plantas existentes são exóticas.

Não demora meia hora a chegar ao Miradouro da Vista do Rei. Estamos na bifurcação que vai para Cumeeiras, Pico do Carvão e Sete Cidades. No morro adjacente, ainda se erguem as ruínas do Monte Palace Hotel, uma estrutura hoteleira agora miradouro acima do miradouro. E que miradouro! Daqui, é possível ter uma das melhores paisagens dos Açores.

Em frente dos olhos está a Lagoa das Sete Cidades. Dividida em duas pelo Canal do mesmo nome, a lagoa, sobretudo vista de cima, parece um espelho de água que realça o verde das margens e das encostas. Nota-se a sua origem vulcânica: em seu redor está praticamente meio cone da cratera. É um panorama ímpar!

Descemos pela Lagoa de Santiago, continuamos por dois miradouros e chegamos à lagoa. Optamos por caminhar por um istmo arborizado, onde a água banha pequeníssimas praias de areia grossa e a temperatura tenta ao mergulho. Saímos para as Sete Cidades á procura de refeição já aconselhada.



E foi na Casa de Chá “O Poejo” que, sob um sol a pedir chapéu, estreamos as deliciosas carnes das ilhas. Um começo gastronómico que prometia. A manhã estava ganha, mas ainda não tinha marcado todos os pontos.Se as hortências já tinham encantado, a lagoa deslumbrou. Mas havia mais para fascinar.


Logo a seguir, a Lagoa das Empadas é mais um sítio encantador mas misterioso. Depois do bosque, a descer, com piso escorregadio e ambiente sombrio, a lagoa de água esverdeada, parece um universo à parte, fechado mas, ao mesmo tempo, fascinante, assombroso, quase ícone de uma cinematografia de terror. Imagina-se enevoado…

Depois, continuamos na senda das lagoas. A próxima paragem é na do Canário. Passeio fácil na primeira parte, entre arvoredo em alamedas largas e relativamente planas. Depois, começa-se a trepar, mais e mais, entre hortências. Surge a falésia, cada vez mais alta. O lado direito da subida tem um declive tão fascinante como assustador. 

Lá em cima, numa espécie de pico, vê-se o vale, as montanhas e, finalmente, a Lagoa do Canário. É mais uma cratera vulcânica estranhamente tranquila envolvida por um verde forte, sobretudo porque impressiona. Não é grande, mas o cenário em redor é avassalador. E, de cima, ainda longe da beira da cratera, parece que chegámos a um pódium de beleza.

Descemos e voltamos para poente, para Mosteiros. É para lá que vamos. É lá que vemos as primeiras praias de areia escura, uma conhecida por Poço da Pedra. O sol quer esconder-se, mas reaparece de vez em quando, iluminando as rochas mais próximas e realçando as silhuetas dos ilhéis..


Consegue-se descobrir uma ou outra piscina natural formadas pelas rochas negras que circundam pequenas piscinas. Como fundo, a decorar o horizonte, estão vários ilhéus, grandes monólitos negros que dominam a paisagem perto da costa.

O fim da noite, pontualmente chuvosa, à Açores, foi ao ritmo da música de Cabo Verde, no Cais das Portas do Mar. Antes, um “jantar volante” numa carrinha de “street food”, à conversa com a proprietária sobre um bocadinho de tudo. 

Com a humidade valente, e algumas pingas mais grossas, a mandarem-nos recolher, fechamos a noite. O dia seguinte estava programado para cruzarmos  ailha de sul para norte.

RIBEIRA, BÁRBARA, RABO e MOINHOS



Manhã de travessia sul-norte, a caminho de Ribeira Grande. Passamos pelo Arquipélago, Centro de Arte, Arquitetura e Cultura contemporâneas, mas não entramos. Paramos na Praia do Areal de Santa Bárbara, um paraíso surfista, mesmo com o areal pleno de pedrinhas escuras. E com um ventinho a convidar para não por o nariz fora de… água.

Mais à frente, o perfil vulcânico repete-se nas rochas. Algumas, têm entradas gradeadas com escadas para subterrâneos. Perto, surgem os respectivos respiradouros. São casamatas construídas para abrigar baterias de artilharia de costa, quando da Segunda Guerra Mundial. Depois inactivadas, as que, ao longo dos anos resistiram, ficaram cobertas de areia, tendo sido recuperadas por volta de 2008.

Próxima paragem para almoço, no restaurante A Cascata, frente à igreja de Nossa Senhora da Estrela, do coreto do largo e da estátua do historiador, sacerdote e humanista açoriano, Gaspar Frutuoso. O marisco dominou a refeição, onde as cracas foram êxito. Lá voltaríamos, dessa feita, com tempo melhor, para almoçarmos na esplanada.

Digestão feita ao longo da marginal, agora com ambiente fresco e algo enevoado. Fizemos uma paragem na Ponte do Atlântico, com vista para a Ponte dos Oito Arcos e para a torre da Câmara Municipal. Mas basta esperar um pouco e o tempo "levanta", voltando o sol a iluminar o caminho para a próxima paragem.

Daí a pouco, o sol reaparece de todo, a temperatura aumenta e estamos prontos quase em Rabo de Peixe. Essa mesmo, a da série de televisão, uma localidade ligada à actividade piscatória como seu principal meio de subsistência. sendo o maior porto de pesca dos Açores e a vila mais populosa do concelho da Ribeira Grande.

Porém, não sem antes ouvimos a história cómico-trágica de uma grande quantidade de cocaína que deu à costa e, onde, ainda hoje se sentem os efeitos do vício então criado. Depois de passarmos por algumas ruas estreitas, fomos até ao porto de pesca, amplo, bem apetrechado e com bastantes barcos. 

Voltamos à Ribeira Grande e paramos no miradouro de Santa Iria, de onde se vislumbra grande parte da costa norte, incluindo os diversos recortes das falésias. 

Mais à frente, é na Praia dos Moinhos, onde o sol se põe lentamente e deparamos ainda com alguns vestígios do Festival Burning Summer. 

Regressamos à capital, de novo pelo Eixo Norte-Sul. Há mais claridade e menos nuvens a caminho de Ponta Delgada. Aproveitamos o fim da tarde para dar um passeio por Ponta Delgada, agora com tempo mais ameno. O centro histórico brilha com passeios e iluminação dedicada.

Jantamos com amigos no Cais da Sardinha, com vista para o Forte de São Brás, para o Porto de Pesca e a para a Marina. Preparamos o dia seguinte, ouvindo estórias e histórias açorianas do passado, acompanhados por amigos. Uma excelente maneira de terminar a noite.


FOGO, GORREANA, CALDEIRÕES, SOSSEGO, FAIAL, BODES E POVOAÇÃO



Cedinho, com o sol fresco mas risonho, as hortências que ladeiam a estrada têm mais encanto. São uma espécie de “rails” naturais, decorativos até mais não. De vez em quando, surgem as vacas, sempre sobre um verde brilhante, ora em plano inclinado ora a deitadas na planície. E a água a envolver tudo.

Trepamos. Lá em cima, há um miradouro. É de onde se alcança com o olhar praticamente toda a ilha. Vê-se da costa sul à costa norte e de leste a oeste. Ao longe, com o céu quase limpo, veem-se as elevações e a costa oeste. Estamos alto, parece que tocamos as nuvens. Para o lado contrário, leste, cresce uma parede vulcânica, também coberta de verde.  

Até que damos com outro miradouro: deste, é a Lagoa do Fogo que se desenha aos nossos pés. É a “mais pequena e mais jovem caldeira da ilha, formada há cerca de 15 mil anos”. O acesso às margens é difícil, sobretudo devido às encostas íngremes, apenas possível através de trilhos. Água, não falta, abastecendo inclusivamente alguns concelhos limítrofes.

E vamos para a costa norte, agora para parar e beber um Chá da Gorreana. Gratuito, tal como a visita à fábrica, desde a parte da maquinaria (limpeza, separação, etc), até à parte manual executada exclusivamente por mulheres. O que também não tem preço é a vista do sítio, a esplanada virada para o mar e para a plantação. Beber um chá naquele cenário é duplamente revigorante. 

Continuamos a norte mas a caminho do Nordeste. E não demoramos até à Ribeira dos CaldeirõesComeçamos numa pequena levada que nos leva a uma cascata dando continuidade à ribeira que também alimenta o pequeno lado onde a água da cascata se precipita. 


A água desse lago sai por uma pequena abertura que leva a pequenas lagoas e atravessa o vale que domina o compelxo. Existe, também, um moinho de água ainda em funcionamento, antigas casas do moleiro hoje lojas de artesanato e um café. 

E mais. Dispõe de alojamento local, de um parque de merendas, tem um pequeno lago, um museu etnográfico, tudo envolvido por uma vegetação frondosa. É possível passear pelos diversos caminhos que vão de um lado para o outro da estrada que lhe dá acesso. Mais acima, um pequeno miradouro permite ver grande parte do complexo.

Mais um troço de estrada, mais um um miradouro, este o da Ponta do Sossego, como se excepto ali, tudo fosse uma agitação. Meio jardim, meio miradouro, dá continuidade ao olhar sobre as falésias escarpadas e verdejantes. Já falta pouco para descermos até Faial da Terra e quase darmos um mergulho na piscina municipal, bem junto à praia de pequenos calhaus rolados.

Mais uma subida até ao Miradouro do Pico dos Bodes que, não contente com a altura a que está situado, ainda possui uma estrutura em madeira com cerca de 3 andares. Destina-se sobretudo à observação de baleias, esta torre que permite uma visão marítima de 180º. A visão panorâmica que proporciona vais até à freguesia limítrofe, Vila Franca do Campo. 

Logo após, descemos de novo para o mar. Recebidos por algumas vacas que pastavam num quintal, depois pela estátua comemorativa do primeiro povoador e, ainda, pelo monumento  comemorativo da chegada dos primeiros colonos à ilha de São Miguel, sabemos que estamos em Povoação.

Acabamos a tarde em Ponta Delgada, sob aquela temperatura que nos chama a continuarmos na rua, percorrendo um roteiro pedestre pela igreja de São Sebastião, pelo edifício da Câmara e pela Portas da Cidade. 

Terminamos num sítio emblemático da capital. Deve ter sido nesta noite que o jantar passou pelos célebres bifes no restaurante Alcides. E passou bem, evidentemente.

LAGOA, ÁGUA DE PAU, CALOURA



Em menos de um quarto de hora, estamos nas piscinas de Lagoa. De cima, o que domina, além da imensidão de mar, é o negro das rochas de origem vulcânica, articuladas com pequenas “lagoas”. O contraste é marcante, mas há uma integração perfeita entre os elementos rochosos, as plataformas para apanhar sol e o recorte costeiro.

O complexo, além de atractivo, possui uma piscina coberta, outra semi-olímpica e piscinas para crianças, além das piscinas naturais. Estas, organizam-se em função de um conjunto de baixios que marginam o litoral por cerca de 150 metros. Depois, a temperatura da água faz o resto, amena que está.

Daí a poucos quilómetros, paramos na Caloura, nome curioso decorrente do facto dos monges eremitas fugitivos da actividade vulcânica nas Furnas, a quem chamaram “calouros”. No porto de Caloura, rodeado por terrenos de pedra vulcânica, distribuem-se as piscinas naturais protegidas pelo pontão do porto de pesca.

A seguir, a proveitando o horário e almoçamos em Vila Franca do Campo, à beira da marina, observando as filas de pessoas que se formam apanharem o barco para o ilhéu com o mesmo nome. O ilhéu é curioso, formando uma espécie de lagoa na zona central, que não vislumbra da costa local ideal para mergulho, snorkeling e outras atividades aquáticas.

Para o vermos de mais perto, passámos pelo Forte do Baixio de Vila Franca e pelo terreiro adjacente, pleno de barcos e artes de pesca. Do cais, é possível ver melhor o ilhéu, embora continuemos sem descobrir a lagoa. Mas vê-se o espaço entre a falésia e um pico, lugar do evento Red Bull Cliff Diving.

Vamos fechar a tarde com a Mulher do Capote. Já perto de Ribeira Grande, esta casa de produção de licores de frutos naturais e aguardentes tem uma experiência acumulada de quase um século. Como marca açoriana de licores era mesmo a única de me lembrava, sobretudo por causa do logotipo.

Provámos, escolhemos e compramos algumas lembranças para trazer, entre as dezenas de opções, sendo uma das mais procuradas o épico Licor de Maracujá Ezequiel . 

No exterior da casa - que também dispõe de um parque de estacionamento -, o jardim é outro sítio a explorar, dada a profusão e densidade vegetal e surgimento pacífico de algumas galinhas passeantes. 

ARRUDA, RIBEIRA QUENTE, FURNAS




Mais um dia, mais uma voltinha. Começamos com ananases, pelas estufas com as diversas fases de crescimento, enfim tudo sobre o cultivo do ananás. Ficamos a saber que a 8ª fase corresponde à fase de desenvolvimento entre o 18º e o 24º mês. Estamos na A. Arruda, a cerca de 10 kms do centro de Ponta Delgada.

Entramos na loja da empresa e, além de produtos derivados do fruto, desde os tecidos aos acessórios de moda, o ananás não falha e o gosto impera. Cá fora, à boleia de um café na esplanada, somos “lambidos” por um gato, depois outro, por gatos à farta, sossegados mas provocadores.

Hoje vamos ficar sob o signo do fogo. Mais uma horita, e paramos para almoço na esplanada do Restaurante Ponta do Garajau, em Ribeira Quente, muito perto da ribeira do mesmo nome. Quente, é o palavra comum nos Açores, mais que não seja, decorrente da vulcanicidade das ilhas. Não tardamos a ter outra referência.

É na Praia do Fogo, uma longa língua de areão negro, ou acinzentado escuro, que surge o cartaz, “fumarolas submarinas”. Cá fora, o tempo está óptimo. Dentro de água, parece ainda estar melhor, a crer na quantidade de pessoas que lá estão. Embora não tenhamos visto o fumo das fumarolas, pela “prova da mão”, junto às rochas vulcânicas, a água estava fantástica.

E, se na Praia do Fogo, não havia fumo, nas Furnas parecia que todas as chaminés fumavam. Desde a água no solo, às nascentes encanadas, aod ribeiros a correrem fumegantes, tudo está em lume brando. Uma das nascentes, com duas torneiras, identificava a água, como de prata a mais límpida, e como de outro a mais ferrosa.

Ver pequenos riachos a fumegar, terreiros com água chã a borbulharem, entre uma vegetação rica e abundante, é estranho mas também fascinante. Há poças a fumegar por todo o lado. A cor da água vai do aparentemente cristalino ao ocre. Cheira a enxofre em alguns locais, mas a intensidade vai-se desanuviando conforme nos afastamos do centro.

Não estamos no Inferno. Não há diabos, nem trabalhos forçados e o calor quase que é bem vindo. Imagino no Inverso! A natureza aquece o sítio e as lojas de lembranças e/ou produtos típicos multiplicam-se. E, ainda bem! Aqui, as fumarolas cativam, especialmente pela diversidade e pela fartura. Até ao lado do passeio corre um fiozinho de água a ferver…


FOGO, CALDEIRA VELHA, RIBEIRA GRANDE, FURNAS LAKE



Voltamos ao Fogo, o da Lagoa e, daí a pouco, entravamos na Caldeira Velha, o sítio das quatro poças termais. Chamam-lhe Monumento Natural da Caldeira Velha e identifica-se como joia de biodiversidade, geodiversidade, geotermia e termalismo. Apesar de estar rodeada de árvores e situada entre colinas, o ambiente não é fresco.

Com efeito, as tais piscinas termais onde é preciso entrar em calções de banho, estão acima dos 35º, decorrente da existência de uma nascente termal férrea que, por exemplo, na represa, perto da cascata, a água atinge temperaturas de 25º a 28º. Em redor, é a vegetação que domina, parecendo que estamos na serra de Sintra. 

Depois, voltamos à Ribeira Grande, uma vez que as cracas continuavam disponíveis no restaurante Cascata. Desta vez, almoçamos na esplanada, igreja de Nossa Senhora da Estrela, o monumento a Gaspar Frutuoso e o busto do Prior Evaristo Carreiro. Chegamos a meio da tarde a Ponta Delgada, de onde, havíamos de sair antes de jantar.

Ainda houve tempo para rodear a Lagoa das Furnas. Não parece, mas estamos a 600 metros de altitude. Trata-se de uma lagoa geotérmica, rodeada de caldeiras de água a ferver. É aqui que são feitos os cozidos à portuguesa, tirando partido da temperatura da água. A vegetação que envolve a lagoa dá mais um toque fascinante e enigmático ao ambiente.

Numa extremidade, surge um edifício antigo, a Capela de Nossa Senhora da Vitória, de 1864, mandada construir por José do Canto, estando lá sepultado tal a sua mulher, cuja doença foi o móbil daquela construção. Ao longe, parece “muito medieval”, uma silhueta tipo “Senhor dos Anéis”.

Ali perto, o Furnas Lake Forest Village, que mal se vê da estrada, mas surpreende logo à chegada, faz "just" ao ambiente e ao que defendem - "ficar imerso na natureza, experimentar o conforto do luxo rústico moderno e saborear os sabores de nossa cozinha contemporânea e cheia de alma". Foi isso que vivenciei.

Esta seria uma noite especial, uma noite de aniversário. Quando ao evento se junta um familiar da aniversariante, que é chef, numa unidade hoteleira requintada, localizada num sítio excelente, com um ambiente aprazível… o panorama completou-se mesmo com a proximidade dos amigos com quem passamos quase uma semana nesta ilha verde.

Aproveitamos as últimas horas para dar um passeio por Ponta Delgada, especialmente pelos locais que ainda não havíamos visitado. Privilegiamos a zona central, mais turística, é verdade, mas sempre agradável. O bom tempo ajudou ao períplo.

Alguns, eram mesmo as lojas de artigos regionais. Desde os queijos aos vinhos, passando por uma boa quantidade de produtos das ilhas, são demais para levar mas, mesmo assim, há sempre um bolso ou saco com espaço para meia dúzia de lembranças gostosas.

E foi com esse aconchego que deixámos São Miguel, cientes de que a viagem e o passeio são um conjunto de boas decisões, que contemplam o ir, o estar, o descobrir, mais "umas coisas" e, claro, ter boa companhia..