segunda-feira, 7 de maio de 2018

Ao Encontro do Porto II







Duas propostas, dois itinerários.
Um de moto e outro a pé.
De moto, pelo Douro.
A pé, pelo Porto.

















O primeiro leva-nos de Gaia à Régua, depois à Galafura e, daí, ao Pinhão.
O segundo, põe-nos ruas judias do Porto.
Depois, convida-nos para a maior sinagoga da Península Ibérica.
Anfitriões, José Monteiro, do CPEP e,
Germano Silva, das ruas do Porto.
 










O Porto é sempre um bom destino.
Tem gente interessante e interessada.
Uma vida cultural intensa e distinta.
Um património único, rico e surpreendente.
Em muitos aspectos, sobretudo monumentais, gastronómicos, vinícolas, paisagísticos, históricos.
E os de lá sabem mimá-los, elogiando-os alto e caro.
 













Apesar de semelhante a todas as mais-valias do Porto, o Douro é diferente.
Aqui é a natureza que marca, o terreno que cria, a produção que qualifica.
No Douro, é o penhasco, o rio, as cepas e os socalcos que dominam.
O olhar anda num sobe e desce constante.
A vista estende-se para lá das curvas do rio ou de um pico longínquo.
















Mas também se confina ao vale e se limita à encosta mais próxima.
É assim o Douro, património mundial da Unesco.
Era esse Douro que estava prometido para a tarde de sábado.
Para domingo, era o Porto, o Porto Judeu e não só.

DE SANTO ILDEFONSO À RIBEIRA, DAÍ À SÉ ATÉ MEIO DE GAIA


A noite foi passada no Porto.
Jantamos no primeiro-andar do “Tripeiro”.
Numa mesa tão comprida quanto o comprimento do varandim permitia.
Às tantas, os lugares tornaram-se escassos.
Aliás, como é habitual.
Afinal vem sempre mais um.
 

Ambiente agradável, boa temperatura, entradas apetitosas.
Costelinhas gostosas salgadas à mão, acompanhadas de bom vinho.
Cozinha à vista, quarto de banho na cave com lavatório a meio do átrio.
Luzes ténues mas espaço suficientemente iluminado.
O chão a induzir antiguidade.
Começou bem a jornada.
















E, nada melhor do que uma boa passeata até à Ribeira, para desmoer.
Foram os primeiros mil e trezentos metros, a pé, da noite.
A temperatura continuava a convidar à caminhada.
Lá fomos, entre Sotheby’s e Allianças, ao Encontro da Ribeira.
Estava tranquila nesta noite.
Aliás como o Douro.
O rio sossegava nas margens, quase sem ondulação.
Conseguia-se praticamente um espelho perfeito.
Sentámo-nos numa esplanada com aquecimento, quase desnecessário.
Bebemos um copo e saudámos o Douro.

 













Depois, cortejámos a pé a calçada até à Sé.
Lá em cima, enfiámos pela D. Luis.
Houve quem parasse para ver o cenário das duas margens junto ao rio.
E quem disfarçasse o olhar para o lado da igreja da Serra do Pilar.
Para fechar, trepámos a Avenida da República até ao Black Tulip.
Foram mais três quilómetros e meio.

A CAMINHO DO DOURO 


De manhã, a auto-estrada levou-nos à Régua.
Ao contrário do previsto, o tempo, a pesar de nebulado, nunca verteu uma pinga de água.
Todavia, a seguir ao túnel do Marão, surgiu um nevoeiro pouco amistoso.
Dizem que é normal.
Para lá do Marão, já se sabe…
Aqui, é a montanha que domina.
Estamos mais perto do céu, dos elementos.
Eles sabem-no e manifestam-se.
 

Mas também temos o olhar a dominar os campos, as vertentes, a montanha, os vales.
É disto que gosto: boa estrada, com alguma sinuosidade, a envolver os montes, com tempo para descobrir o mais possível da natureza.
E não só. Há por ali obra: as casas alcantiladas, além do mais recente túnel.
A propósito.
O frio foi o primeiro elemento a surgir, quando a temperatura caiu para nove graus à saída do túnel.
Logo após, envolveu-nos a tal névoa.
Mais à frente, um e outro deixaram-nos a paisagem, para a vermos confortavelmente a baixar para o Douro.
Outra parte excelente do ponto de vista paisagístico.

RÉGUA, MUSEU DO DOURO


Descemos para a Régua já ao sol.
Chegámos ao Museu do Douro e deixámos as motos no passeio junto às traseiras do edifício.
Este é de meados do século XVII e pertenceu à Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro.
















Dispunha de serviços administrativos e um tribunal.
Este, dedicado a processos jurídicos das áreas de vinificação e armazenamento de vinho.
Além disso, facultava alojamento temporário para funcionários e vinicultores.
Daí, as suas características arquitetónicas peculiares que ajustam elementos das casas de quinta durienses e da arquitetura pombalina.

Olhámos o rio desde o jardim e entrámos depois das fotos habituais.
Entrámos pouco depois, logo após passarmos por uma exposição de
 pintura em que o cálice era a peça-referência.
Avançámos para o interior, para a exposição permanente.
Aqui, é possível enquadrar o olhar e as ideias em redor das paisagens
e dos testemunhos da evolução histórica da cultura do vinho.
 
O museu encerra um conjunto significativo de elementos
que representam a memória e a identidade da região.
A colecção de objectos etnográficos incide sobretudo
nos utensílios associados à cultura do vinho.
 
A exposição vai muito ao homem, o sítio e as coisas.
Ao homem, sobretudo aos homens, que são vindimadores.
E aparece uma roga, um tambor que marcava o ritmo de trabalho.
Um cesto de vindima, com a rodilha e a “almofada” para proteger as costas. 
Os trajes típicos dos confrades e dos provadores.
 
E as coisas, sobretudo as ligadas ao registo, à produção, transporte e comercialização.
Como seja o primeiro marco de demarcação dos “vinhos da feitoria,
Da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro”, dos duzentos mandados implantar em meados do século XVII.
Assim como o registo de propriedade com uma longevidade que remonta ao início da nacionalidade.
Ou as pipas e os alambiques.
Ou os sistemas de enchimento e as máquinas de enrolhar.
Ou os rótulos e cartazes de Vinho do Porto.
 
Quanto aos sítios, destacam-se os mapas e as fotografias.
Interessantes, especialmente pelo detalhe, os mapas do barão de Forrester.
Mais do que cartografias, eram documentos de registo com forte molde científico.
Há ainda reproduções de elementos históricos relacionados com o vinho.
O azulejo das festividades do deus romano Baco, é disso exemplo.

Outra colecção interessante está exposta numa das paredes de topo do primeiro andar do edifício.
É a de garrafas de vinho do Porto provenientes de todas as quintas da região.
Tal como os armários, na área administrativa e jurídica, com as portas identificas por territórios.
 
Foi no salão nobre que o museu nos ofereceu um Porto de Honra.
Numa dependência do primeiro andar do museu, virada ao rio.
Um momento de convívio, também aproveitado para descansar as pernas do périplo museológico.
O cenário desde a varanda é vasto e atraente, vai dos cais às curvas do Douro.

ESPREITAR O DOURO DESDE A GALAFURA





Cerca de vinte quilómetros depois, chegávamos a S. Leonardo da Galafura.
Embora o caminho não seja uma pista de virtudes, a paisagem excede-se sobretudo na proximidade do miradouro.
O olhar vai desde os meandros do Douro aos socalcos longínquos da outra margem.
 































A vista estende-se até às reentrâncias do rio.
Mas vai também às quintas durienses e ao topo das montanhas.
Mais próximo, acompanha um barco turístico num sulcar  das águas.
Depois, com a insistência do olhar, percebe-se que não é apenas a natureza que ali está.


O homem nota-se em cada curva de nível do terreno, em cada socalco.
O cenário, desde o restaurante onde almoçámos, é realmente épico, revelador.
Houve mesmo quem não tenha “resistido a tal charme”, como diz o poeta…
 
Experimentámos um excelente almoço à Douro, no restaurante São Leonardo.
Quem quis ainda teve tempo para apreciar a vista desde o miradouro. Vale a pena. 
Trata-se de um promontório situado a 640 metros de altitude.
De lá a vista é ainda amais abrangente, sobretudo se subirmos ao marco geodésico.




























Nas paredes da ermida construída em cima dos rochedos, surpreende-se um poema de Miguel Torga, em azulejo.
Percebe-se o pull inspirador do poeta.
Dali a vista ainda amais se encanta no seu “reino maravilhoso”.
 
“À proa de um navio de penedos
A navegar num doce mar de mosto
Capita no seu posto de comando
S. Leonardo vai sulcando as ondas da eternidade
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cas humano
E num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino”. 

in, Diário IX

DA GALAFURA AO PINHÃO




A seguir ao almoço estava previsto um itinerário duriense.
A realidade decalcou-se da proposta.
Duriense, assumiu alguns dos seus significados: paisagístico, rústico e sinuoso.
A aposta foi pelas municipais que ligam as aldeias, as quintas e os vinhedos.
Ir em grupo facilita. Mais que não seja por existir alguém à frente a “abrir caminho”.
É certo que o trânsito é escasso, quase inexistente. 
Se nos cruzámos com mais de um par de veículos, foi muito.
 
Porém, os 40 quilómetros de que separam S. Leonardo do Pinhão, via Gouvinhas e Covas do Douro, têm o piso bera.
Além de estreita, a estrada não tem protecções, há areia e gravilha com fartura. 
Até um buraco ou outro apareceu para dar mais algumas abanadelas à Pan.
E, dificilmente, se encontra um sítio para parar.
Panorama é o que não falta, mas não é possível arrumar uma dezena de motos para o apreciar.
Perde-se na atenção o que podíamos ganhar em observação.
Ao chegar ao Pinhão, perguntei quem é que tinha falado em regressar a Marrocos…
 
Já aqui havíamos estado. Há quase uma década.
Num outro passeio, com base em Alpendurada, organizado pelo Fernando Santos.
Tal como nessa altura, o Pinhão recebeu-nos com sol.
À nossa espera, estava também um Porto de garrafão, daqueles que não precisam rótulo.
Trazido pelo senhor Cardoso, oferecido pelo Jorge Cunha.
 
O tempo no Douro é diverso.
O tempo no vale é outra coisa.
O tempo junto ao rio é outra.
Na montanha, ainda outra.
Aqui, porém, aos pés do Douro a amenidade do tempo é retemperadora.
Por tal, aproveitamos a esplanada até as nádegas se esquecerem dos últimos quilómetros.
Desfrutamos até ao limite.
 
De tal forma que a chegada ao hotel já se deu ao anoitecer.
Por isso, o jantar foi adiado para a meia hora seguinte ao previsto.
E, quando começou, ainda tínhamos por companheiros uma excursão de espanhóis, quase tão anosos como nós.
A seguir, ainda experimentamos descer a avenida, mas a morrinha que já molhava os passeios não aconselhava grande aventura.
Ficamos pelo bar. Foi aí que soubemos que os Jesus já chegaram de táxi por avaria… no carro.

PORTO JUDAICO




No domingo, o céu ainda estava enevoado.
A proposta para esta manhã era conhecer mais um pedaço do Porto.
Fomos para lá de camioneta, que nos deixou no Jardim da Cordoaria, mesmo em frente do Centro Português de Fotografia.
Talvez por isso, também, foi aqui que tirámos a fotografia de grupo.




















No Passeio do Porto I, havíamos sido guiados pelo professor doutor Tedim.
Desta feita, o José Monteiro apresentava-nos António Germano Silva.
Tem 80 e muitos anos de vida e 40 de jornalismo.
É doutor honoris causa pela Universidade do Porto.
Mas diz que o seu curso foi tirado no conhecimento da vida.
Já lhe chamaram “contador de enredos e mistérios”.
Porque dedicou a sua vida à cidade do Porto e às suas histórias.
Diz que faz parte do “povo que gosta da partilha”.
Foi ele o nosso anfitrião.



















Chamou-nos de imediato a atenção para os topónimos populares de algumas ruas ou sítios do Porto, como fosse o 'Mau Merendas'.
Depois, puxou-nos para a rua de São Bento da Vitória, também fresquota neste dia. Entrámos na antiga judiaria.
Passamos pela igreja e pelo mosteiro de São Bento da Vitória e parámos junto da igreja da paróquia de Nossa Senhora da Vitória.
Na placa informativa desta igreja confirma-se que foi construída. em terrenos pertencentes à antiga Judiaria do Olival. 


Praticamente contíguo, o miradouro da Bateria (ou Bataria) da Vitória,
Um dos sítios com melhor vista desde o Porto.
Além de local histórico.
Neste lugar, hoje muito degradado, foi colocada um conjunto de bocas de fogo pelos Liberais, quando do Cerco do Porto.

Logo após, viramos para a rua de S. Miguel e entramos no Lar e Centro de Dia de Nossa Senhora da Vitoria.
Não tardamos a descobrir um Heckal, uma espécie de nicho onde se guardaram os rolos da Tora.
Estava dissimulado na parede, provavelmente desde meados do século XVI.
Só há 15 anos, se descobriu que, neste lugar, existiu uma sinagoga secreta.

 
Fomos descendo pela estreita rua da Vitória até ao Chafariz da Rua das Taipas.
O chafariz oitocentista foi construído pelos habitantes do Postigo das Virtudes.
Só no final do século recebeu a catual configuração neoclássica.
Até lá fomos descobrindo, ora um marco metálico com indicações de distâncias, ora uma espécie de oratório cravado numa parede.
Quando se está praticamente no final da rua, esta termina praticamente numa viela.

Seguimos e passamos pelo antigo Clube Inglês do Porto, onde jantamos no anterior Passeio.
Da rua, ainda se vislumbra o Torreão, em cujo topo nos fotografamos envoltos em matas brancas naquela ocasião.
Hoje está ocupado por um restaurante.
Descemos pela Calçada das Virtudes, acompanhados pelo enorme paredão de pedra que nos separa do sobranceiro Passeio das Virtudes.
 

Tudo aqui está relacionado com a(s) Virtude(s).
O Passeio, está ligado à excelência dos seus utilizadores, antes fidalgos, magistrados e alta burguesia.
A antiga muralha Fernandina também albergava uma Torre das Virtudes.
Além do Passeio e da Torre, existiu um miradouro, uma rua, uma quinta e um largo com o mesmo nome.
E não só.

 

Bem como o Chafariz das Virtudes, cuja água, dizia-se, tinha propriedades medicinais.
É setecentista e, tal como o anterior, das Taipas, foi construído pelos moradores.
Um exemplo do barroco em obra pública.
Hoje está classificado como monumento nacional.
 

Continuamos a descer, agora pela Calçada das Virtudes.
Vamos aos becos, espreitamos num miradouro, trepamos uma escadaria valente.
E também descobrimos ombreiras, também elas virtuosas, uma delas dos primórdios do século XVIII.
Às tantas, parecia estarmos em Fés, Marrocos.
A passar num túnel sob tabique, tal e qual os que nos tapam o céu na cidade marroquina.


A seguir, uma viela, com casario em pedra enegrecida.
Depois, vamos ao Beco do Preto, perto da antiga Fonte do Mercado do Peixe.
Mercado do peixe que não ficava longe dali.
Espreitamos Gaia enquanto descemos para a Alfândega.
E, apesar de quase lá estarmos, ainda fechamos a descida pelo Beco dos Judeus.

 

Finalizámos no Chafariz da Colher, já em Miragaia.
Mais um exemplo de uma obra setecentista.
Pena estar num beco, “enterrado“ face à Alfândega.


Foi aqui que voltamos à camioneta.
O próximo destino não estava muito longe.
Dois pares de quilómetros depois, ficámos à porta da Sinagoga Kadoorie Mekor Haim.

NA SINAGOGA PORTUENSE



Trata-se da maior sinagoga da Península Ibérica, mandada construir em 1929.
O seu mentor foi o capitão Artur Barros Basto, oficial do exército português convertido ao Judaísmo, que a apelidou “Mekor Haim”.
O nome Kadoorie está ligado à filantropa Laura Kadoorie.
Descendente de judeus portugueses expulsos pela Inquisição, ajudou monetariamente a conclusão da obra.
 

A modernidade arquitectónica revela-se logo nas fachadas.
Porém, as janelas emprestam imediatamente um ar marroquino ao conjunto.
A sinagoga serve fiéis de várias nacionalidades.
Todavia, a comunidade judaica no Porto não vai além de 3 centenas de pessoas.
 

No interior, um dos elementos notórios é o azulejo.
Ocupa longas faixas na base das paredes, bem como a face onde está instalado o Heckal.
Tal como uma igreja católica protestante, prima pela ausência de representação de santos ou do próprio Deus.
Curioso que também (ainda) exista - trata-se de uma sinagoga ortodoxa - uma área determinada - no andar superior - para as mulheres assistirem ao culto.
Tal como há muitos anos na igreja católica e, até hoje, nas mesquitas.

 

Apesar de não ter havido tempo para uma visita guiada a toda a sinagoga, foram-nos passados muitos elementos relacionados com a religião judaica.
Além de um conjunto de obrigações e proibições – todas as religiões as têm – o guia informou-nos sobre diversos aspectos do culto e da cultura judaica.
Entre outros exemplos, mostrou-nos os pequenos livros auxiliares da prática, com traduções da Tora.
Outros exemplos, passaram pelas limitações alimentares, pela utilização da electricidade, pelo jejum.

 

Outro aspecto interessante, comum às diversas religiões monoteístas, é o vestuário.
O kipá – o pequeno chapéu que cobre a cabeça dos fiéis judaicos (semelhante ao solidéu apostólico) -, é bastante conhecido.
O Talit, como designação, não tanto. Mas foi um manto destes que o guia me pediu para vestir.
Trata-se – de novo, à semelhança dos paramentos dos padres católicos – de um manto de orações.

ALMOÇO FINAL E REGRESSO A CASA


Deixamos a sinagoga mais tarde do que o previsto.
Ainda era preciso recolher as motos ao hotel, fazer o check out e andar um par de quilómetros até ao restaurante.
O almoço no Boucinha, em Gaia, trouxe-nos entradas excelentes e uma carne assada com castanhas, de repetir.
A fechar, cá fora, o Fernando e a Manuela, distribuíram o que depois pudemos confirmar, saborosos kiwis.
Para baixo, o tempo aguentou-se.
Meia dúzia de pingas depois, chegávamos a casa.


VÍDEO
Música

  • Uniq, Art of Silence, https://soundcloud.com/uniqofficial
  • Machininimasound, Battle of Kins, https://machinimasound.com/
  • Ross Bugden, Olympus, http://www.mediafire.com/download/mx86gnrwxi4jyb0/Olympus.wav