quarta-feira, 2 de outubro de 2013

FLORENÇA, JÓIA DA TOSCANA

É inevitável não regressar ao espaço renascentista florentino.
O caminho é belo: Ponte Vecchio, Uffizi, Palazzo Vecchio, Duomo.
A Ponte Vecchio mantém-se como um dos ex-libris de Florença mais atravessados e a (cópia da) estátua de David continua a dominar uma piazza della Signoria prenhe de turistas.
O Palazzo Vecchio mantém-se aberto à curiosidade fotográfica e as (cópias das) estátuas da Loggia continuam a ter honras de galeria aberta.
Atravessar os Uffici (não fossem as obras eternas...) ou deambular pela piazza della Signoria, leva-nos para outra era.
Uma era que continua a conviver harmoniosamente com a mais recente.
A era dos anjos com a era das scooters.
Na piazza del Duomo, o mármore esverdeado da catedral florentina continua a marcar a diferença.
Assim como as portas de bronze do Batisterio que parecem douradas.
Assim como as ruas apertadas e escuras e os passeios estreitos, com lojas elegantes e montras variadas.
Em todas, muita gente.
Mal se percebem os florentinos entre tantos louros e asiáticos.
Il Duomo, a catedral florentina
Florença não é perfeita.
Já há uma praia nas margens do Arno.
Tem um aspecto incipiente mas está protegida por uma barreira de árvores que a torna praticamente oculta desde a outra margem.
Tem areia fina (ao longe é o que parece) mas o espaço é diminuto.
De lá, vê-se a Ponte Vecchio.
Uma praia no rio Arno
O ouro continua presente nas montras das ourivesarias e joalharias da Ponte Vecchio.
Já foram retirados quase todos os cadeados – agora há uma multa de 50 euros para quem for apanhado a colocar cadeados - que enxameavam as grades que circundavam o busto do escultor Benvenuto Cellini, o autor da escultura em bronze de Perseu segurando a cabeça da Medusa, hoje exposta na Loggia dei Lanzi, próximo do Palazzo Vecchio.
Ouro, muito ouro nas montras das lojas da ponte Vecchio
Apesar de longas, as filas para entrada nos Uffici estavam mais curtas no Verão do que na Páscoa do ano anterior.
Também andam por aqui muitos asiáticos.
O número de japoneses não aumentou, pelo que a grande quantidade de turistas devem ser chineses.
Andam em grupo, mas já há alguns casais que deambulam sozinhos.
Acontece o mesmo em Veneza.
Na piazza della Signoria o ambiente é feérico.
Passa-se com dificuldade à porta do palazzo Vecchio a caminho dos Uffici.
Anda ali muita gente e as obras continuam, pelo menos há um ano e quatro meses nas galerias a poente. No tempo de Cosme de Medici - imortalizado em estátua equestre na piazza - a praça já era o centro de Florença. 
Além da estátua do Medici, a praça é uma autêntica galeria de arte a céu aberto.
Desde a cópia do "David", de Michelangelo, até à imponente fonte de Neptuno, de Ammannati.
Desde a estatuária de Donatello, "Judite e Holoferne", até ao "Perseu e Medusa", de Cellini.
Loggia dei Lanzi acolhe um conjunto escultórico  excelente.
Loggia dei Lanzi
Mas foi o “suicida da ponte” que mais nos chamou a atenção.
É uma obra de um artista francês que gosta de intervir sem autorização nas cidades.
Está na ponte alle Grazie, contígua à Vecchio.
O homenzinho de metal e fibra de vidro parece estar a um passo de cair ao Arno.
Já o retiraram uma vez, assim que a edilidade o detectou.
Mas voltaram a colocá-lo a um passo de cair no Arno.
Parece hipnotizado com a beleza da ponte Vecchio.
Não se sai de Florença com um sentimento de perda.
Não, sabe-se que, na próxima oportunidade será  a mesma Florença a receber-nos.
E o mesmo percurso como anfitrião.
Nessa altura, é possível regressar a um espaço que nos leva para outro tempo.
É essa mais valia que se leva de Florença.
É essa garantia que parece estar nos lugares históricos italianos.


Música: Avatar, James Horner
Ver neste formato