sábado, 28 de maio de 2011

Itália 2011 - Lucca e Cinque Terre - Etapa 6



Hoje era dia de deixar itinerário artístico que havíamos iniciado em Roma, para entrar num percurso paisagístico e de aventura, uma espécie de segundo capítulo italiano. Seriam mais trezentos quilómetros, com uma paragem em Lucca, para café, uma rápida passagem pelo respectivo Duomo, uma incursão nas falésias de Cinque Terre, onde almoçaríamos, até sossegarmos em Génova. Cumprimos.
I
DUOMO DE LUCCA

Largamos Florença à hora do costume, cerca das 9 da manhã. Tínhamos Lucca como alvo inicial, o tal sítio para beber café, uma espécie de intervalo entre o pequeno–almoço florentino e o almoço em Vernazza, Cinque Terre. É mais auto-estrada, que resolvemos em menos de uma hora.
Lucca é uma cidade fortificada, cuja muralha encerra a parte mais antiga. Possui, no entanto, tal como Roma e Florença, muitos constrangimentos de circulação automóvel, com inúmeros sentidos únicos e proibições. Por isso, estacionámos próximo da muralha e fizemos o resto do percurso. A ideia era beber um café à beira do Duomo.

A fachada da basílica de Lucca é diferente do habitual. É gigantesca, considerando que o corpo da abadia é tem sensivelmente metade da altura. Volta a ser em mármore, como a sua congénere de Florença, mas o trabalho decorativo, em vez de geométrico, mostra um conjunto de animais que encima um grupo de colunas finas e de diferente configuração entre si.

Música: Epic Music III - Immediate Music 1

II
UNDICI IN CINQUE TERRE

Voltámos à auto-estrada e, daí a pouco, chegávamos a La Spezia, um agradável porto mediterrânico, protegido por uma baía enorme, de configuração semelhante à das rias galegas. Cidade tranquila, com uma avenida de faixas separadas por palmeiras, que se estende por uma longa marginal.

A cidade fica numa espécie de vale e está rodeada por montanhas. Subimos a falésia que acompanhava a costa. Do cimo, a vista sobre a baía é deliciosa. A estrada prometia, sinuosa logo de início. E o gozo com que passou uma Ducati não mentia sobre o cenário que nos esperava. Não tardou pararmos de novo para observar o panorama sobre a zona costeira. A localidade que suponho termos avistado devia ter sido Riomagiore.
Continuamos na estrada estreita e ondulante, sobre um Mediterrâneo calmo, subindo ligeiramente à medida que nos afastávamos de La Spezia. Quando apareceu o desvio para Vernazza, a estrada piorou, as curvas passaram a ganchos, algumas zonas estavam em obras. Os travões não saíram de cena…


Ao longo da descida, andamos entre vinhedos em socalcos, silvas, arbustos baixos, árvores de pequeno porte, enfim vegetação mediterrânea, de curva em curva. Até que chegámos a um parque de estacionamento onde uma cancela já condicionava o acesso à localidade. Passámos, uns por baixo, outros à volta da cancela. Mais abaixo, outro parque, mais pequeno, com lugares exclusivos para motos. Põe aqui, tira dali, arruma mais à frente e, com a sugestão de um local, lá conseguimos arrumar as motos…


A partir dali, o acesso à zona urbana era pedestre. Estava calor mas, felizmente, os edifícios construídos em altura, proporcionam alguma sombra reconfortante. A maioria das casas foi construída em cima de penhascos ou aproveita as falésias como parede.
Era assim a parede de fundo do restaurante, em cuja esplanada almoçamos, com vista para uma pequena praia. O mar, ali calmo, era esverdeado e límpido, e a areia, embora mais grossa do que a nossa, amareladas. Na falésia oposta, há caminhantes numa vereda imperceptível. Mai longe, há outra enseada e outras casa empoleiradas nas fragas.
 
Em redor, as arribas erguiam-se de maneira caótica, deixando mesmo assim alguns espaços onde foi possível construir. No entanto, foi preciso proteger a praia e a arriba que mais é fustigada pelo mar. O pontão é de cimento e não tem muita graça.
Há mais quatro “terras”, semelhantes a Vernazza, enfiadas nas fragas, com casas afiladas à beira de uma enseada. Esta, Vernezza, deve ser a que tem acesso mais difícil. Aparentemente partilham uma linha de caminho-de-ferro, que deve fazer a ligação entre Génova e La Spezia.

Espreitámos uma das falésias, ouvimos um pequeno grupo coral a ensaiar na igreja, e ainda nos sentámos num banco de jardim a observar o ambiente; não muito diferente de uma terra de veraneio portuguesa, se exceptuarmos a configuração e a cor das casas. A animação também não era muito diferente da das nossas praias.

Voltámos à estrada. Repetimos os ganchos, o mau piso e algumas obras. Algures, a ventoinha da minha ST deixou de funcionar e deve ter vomitado um líquido esverdeado do radiador. Chegamos à nacional, mas não todos. Faltava uma moto. Outra opção, levá-la-ia pela auto-estrada a caminho de Génova.


Música: Epic Music III - Immediate Music 2