Descansávamos ainda na auto-estrada quando o João e a Hermínia passaram. Daí a pouco estavamos juntos de novo. Foi mais ou menos por essa altura que a auto-estrada começou a sistematizar-se entre viadutos e tuneis. O vento também se tornou mais notório, assim como o aumento do trânsito, sobretudo com a proximidade de Génova.
À entrada da cidade, que não se percebe uma vez que a auto-estrada entra na zona urbana como uma qualquer avenida, o tráfego fez com que nos separássemos Mas, daí a pouco, já estávamso a entrar no Balbi Family Hotel. Mesmo assim, comecei a notar que o ponteiro da temperatura da moto havia ficado por mais de uma vez próximo da zona vermelha, e passei a desligar o motor nos semáforos.
A urbe genovesa encontra algumas semelhanças com as Cinque Terre: as casas estão distribuídas falésias acima, a cidade é banhada por uma enseada e há pouco espaço urbano. No entanto, Génova possui uma característica singular: tem uma distribuição titânica de palácios por quilómetro quadrado. Motos, porém, viam-se pouco, em muito menor número do que em Roma ou em Florença.
Como havia sido impossível reservar quartos no mesmo hotel, ficamos separados por escassos 200 metros. Não foi fácil encontrá-los, quer devido ao intenso tráfego (quase hora de ponta) no acesso e na cidade, quer pela proibição de um dos sentidos da rua do hotel em que iríamos ficar.
O hotel ocupava o andar de um edifício antigo mas bem conservado. Em Itália, revelou-se ser o mais barato e o mais espaçoso (possuía sala, casa de banho e quarto e, dentro do armário, eu podia andar em pé). No entanto, ficava num segundo andar, sem elevador e a garagem estava a cerca de 300 metros.
Havia lido que, na avenida do hotel e na seguinte, podíamos visitar, pelo menos, três palácios, desde que chegássemos a horas decentes. Depois, a caminho da Piazza Ferrari, devia haver mais um ou dois. Não, havia mais palácios do que restaurantes. Acabamos por jantar num deles.
Espreitámos, e pareceu-nos diferente. Pudera, era um palácio. Entramos por uma das alas e fomos identificando o interior como um misto de livraria e restaurante. Com efeito, algumas paredes dispunham de estantes com livros. A decoração era provocatória, o menu atrativo e os preços não eram escandalosos. Ficamos.
Talvez tenha sido o melhor jantar do passeio. Anexo, um jardim com mobiliário de exterior, de onde se podia observar a parte traseira do palácio. Tratava-se do Palazzo Rosso, setecentista, hoje galeria de pintura mais importante da cidade.
Mas o ambiente palaciano não ficaria por ali. Após o jantar, continuamos pela mesma rua, acompanhados de outros edifícios imponentes da cidade berço de Critóvão Colombo. Mais adiante, já a descer, surgiu o Duomo de Génova, mais uma catedral com fachada às riscas em pedra mármore.
Por ali, era a malta nova que passava a caminho dos bares. Continuamos a descer. Passamos pelo Porto Vecchio, com pouco movimento aquela hora e voltamos a trepar para a zona de Balbi. Volta curta mas agradável. Três quilómetros de palácios, galerias de arte, palácios, lojas, palácios, igrejas, sob uma luz amarelada que alinda as ruas.
Como o Joaquim iria partir mais cedo na manhã seguinte, porque tinha de chegar a Portugal um dia antes de nós, todos nos despedimos dele à porta do hotel. O Quim já não iria connosco à visita programada para a manhã do dia seguinte...
...antes iria tentar chegar a Valladolid. Nesse dia!
Música: Al Di Meola, Gipsy Soul