Não é habitual ter
tanta luz. Mas, esta noite, Sintra estava mais iluminada. Pelo menos, do MU.SA
à Quinta da Regaleira. Era o Festival Aura que teve lugar em pleno Agosto, a
acompanhar uma noite quase mediterrânica.
Trata-se de um
festival nocturno, com um percurso determinado, dedicado à arte da luz, que combina
as obras de vários artistas com os locais e as reminiscências do percurso onde
estão expostas.
O evento começou com
a fachada do Museu das Artes a arder, passou pelas teias da Correnteza, pelo
edifício neo-manuelino da Câmara, fez a Curva do Duche e entrou na fachada do
Palácio da Vila. Luz e sombras numa noite amena no final do Verão sintrense.
Partimos do MU.SA
cuja fachada recebia um dos vídeo mapings do percurso. Destacavam-se os alegres
e frondosos verdes da vegetação em contrate com algumas sombras próprias da
serrania sintrense.
Não chegámos a ir
ao átrio onde havia “cartografias emocionais”. Avançámos pela pedestre
Heliodoro Salgado e entre candeeiros “star generator”, deixámos para o fim uma exposição
que tinha lugar nas traseiras de um dos edifícios da rua. Deixámos ainda
para o regresso a visita ao espaço dedicado às experiências científicas, da
responsabilidade do núcleo de Ciência Viva de Sintra que, nessa altura, tinha
fila eu saía para a rua.
Continuámos até à
vivenda Anna onde “La Vida Sigue”, um conjunto de
esculturas com “cenas humanas e inumanas” porém figuras alegres e descontraídas
prenhas de luz. Dali ao Passeio da
Correnteza é um instante, basta atravessar a rua. Aí embrenhámo-nos numa
floresta de fios luminosos elaborada com “luz negra” a que os criadores chamaram
“gruta”, talvez uma das mais simples mas criativas estruturas do percurso.
Descendo a rua
Alfredo Costa, dávamos com uma árvore singular, de cujos ramos estavam
penduradas medusas luminosas. Aqui, para quem teve oportunidade de acompanhar
parte de uma visita guiada, explicava-se a história do edifício em cujo quintal
se abanavam as medusas.
No edifício da Câmara
e na Volta do Duche também havia intervenções luminosas talvez não tão
espectaculares como as anteriores, mas que ajudavam a manter o ambiente
enigmático e melancólico, típico de Sintra. Já no Palácio
Nacional, o videomapping intitulado “Canvas”, coloria uma vez mais a fachada
com uma variedade de cor e desenho, muitos deles aproveitados de azulejos ou
outras decorações originais do palácio.
Algures, passámos
por uma cabeça gigantesca que parecia gelada de luz, salvo erro a caminho da
Quinta da Regaleira, esta sim, iluminada com um ambiente tétrico e enigmático muito “à
Sintra”.
No regresso, foi a
vez de entrarmos no que intitularam workshop de ciência viva, que contemplava
experiências com base científicas baseadas na luz, apoiadas por estudantes.
Mais à frente, estava
o Exploring Glass, uma exposição de objectos, alguns candeeiros de mesa, que
reunia obras de vários artistas, baseadas sobretudo no vidro e na luz.
Foram cerca de
trinta sítios com obras artísticas ao longo de um percurso fácil que segue as ruas principais da vila e já compete com o Lumina de Cascais. Talvez a animação da movida não seja ainda
concorrencial, mas parece-me que em matéria artística foi o mais interessante até hoje.
O vídeo