quarta-feira, 15 de março de 2017

Festival Aura


Não é habitual ter tanta luz. Mas, esta noite, Sintra estava mais iluminada. Pelo menos, do MU.SA à Quinta da Regaleira. Era o Festival Aura que teve lugar em pleno Agosto, a acompanhar uma noite quase mediterrânica.
Trata-se de um festival nocturno, com um percurso determinado, dedicado à arte da luz, que combina as obras de vários artistas com os locais e as reminiscências do percurso onde estão expostas.
O evento começou com a fachada do Museu das Artes a arder, passou pelas teias da Correnteza, pelo edifício neo-manuelino da Câmara, fez a Curva do Duche e entrou na fachada do Palácio da Vila. Luz e sombras numa noite amena no final do Verão sintrense.
Partimos do MU.SA cuja fachada recebia um dos vídeo mapings do percurso. Destacavam-se os alegres e frondosos verdes da vegetação em contrate com algumas sombras próprias da serrania sintrense.
Não chegámos a ir ao átrio onde havia “cartografias emocionais”. Avançámos pela pedestre Heliodoro Salgado e entre candeeiros “star generator”, deixámos para o fim uma exposição que tinha lugar nas traseiras de um dos edifícios da rua. Deixámos ainda para o regresso a visita ao espaço dedicado às experiências científicas, da responsabilidade do núcleo de Ciência Viva de Sintra que, nessa altura, tinha fila eu saía para a rua.
Continuámos até à vivenda Anna onde “La Vida Sigue”, um conjunto de esculturas com “cenas humanas e inumanas” porém figuras alegres e descontraídas prenhas de luz. Dali ao Passeio da Correnteza é um instante, basta atravessar a rua. Aí embrenhámo-nos numa floresta de fios luminosos elaborada com “luz negra” a que os criadores chamaram “gruta”, talvez uma das mais simples mas criativas estruturas do percurso.
Descendo a rua Alfredo Costa, dávamos com uma árvore singular, de cujos ramos estavam penduradas medusas luminosas. Aqui, para quem teve oportunidade de acompanhar parte de uma visita guiada, explicava-se a história do edifício em cujo quintal se abanavam as medusas.
No edifício da Câmara e na Volta do Duche também havia intervenções luminosas talvez não tão espectaculares como as anteriores, mas que ajudavam a manter o ambiente enigmático e melancólico, típico de Sintra. Já no Palácio Nacional, o videomapping intitulado “Canvas”, coloria uma vez mais a fachada com uma variedade de cor e desenho, muitos deles aproveitados de azulejos ou outras decorações originais do palácio.
Algures, passámos por uma cabeça gigantesca que parecia gelada de luz, salvo erro a caminho da Quinta da Regaleira, esta sim, iluminada com um ambiente tétrico e enigmático muito “à Sintra”.

No regresso, foi a vez de entrarmos no que intitularam workshop de ciência viva, que contemplava experiências com base científicas baseadas na luz, apoiadas por estudantes.
Mais à frente, estava o Exploring Glass, uma exposição de objectos, alguns candeeiros de mesa, que reunia obras de vários artistas, baseadas sobretudo no vidro e na luz.

Foram cerca de trinta sítios com obras artísticas ao longo de um percurso fácil que segue as ruas principais da vila e já compete com o Lumina de Cascais. Talvez a animação da movida não seja ainda concorrencial, mas parece-me que em matéria artística foi o mais interessante até hoje.


 O vídeo