O edifício é
modernista com traça tradicional, projecto do arquitecto Cassiano Branco – Café
Império, hotel Vitória, cinema Eden – que concebeu também parte do friso
decorativo patente nos painéis de azulejaria que envolvem todo o edifício.
Estes painéis de
azulejos, sobretudo azuis e brancos, mas também policromados, ilustram essencialmente
os diversos métodos de produção agrícola, os quotidianos mercantis, as actividades
tauromáquicas e a paisagem da região ribatejana.
Até sensivelmente há
90 anos, o mercado realizava-se no mesmo espaço, embora ao ar livre. Era para
este espaço que convergiam sobretudo os agricultores da região. No final da
década de 20 do século XX, o mercado teria a configuração actual logo após ter
sido terminado a sua cobertura.
O conjunto cerâmico
decorativo do exterior do mercado de Santarém podia ser definido como uma simples
mas elucidativa lição de etnografia e economia de uma comunidade adjacente ao
Tejo, ilustrada em cerâmica.
As fainas
regionais, nomeadamente as mais importantes do ponto de vista económico, também estão
representadas em dezenas de painéis de azulejo que circundam as fachadas do
mercado.
Mas não é só a
economia que ali está representada. A história, através do património
arquitectónico e edificado, assim como o património paisagístico da região,
estão representados por diversos painéis de azulejos.
Estes foram encomendados
à Fábrica de Sacavém e a maioria dos respectivos desenhos são da autoria de C. A.
Mourinho e de C. Ramos e datam sobretudo de 1932 e 33, embora alguns tenham
sido recuperados, por exemplo em 1992, por artistas mais recentes.
A qualidade dos
azulejos, a par da estética dos desenhos, assim como o conjunto decorativo que
resulta da profusão de painéis, empresta ao edifício mais um elemento de atracção
que se multiplica pela diversidade dos temas.
Estão sentadas
cenas do quotidiano da criação e mercado de gado, cenários das feiras, da actividade
piscatória no Tejo, de actividades agrícolas, aparecendo cenas de ceifas, recolhas
de feno e de segadas.
Descobrem-se muralhas,
templos românicos e outros edifícios históricos de Santarém. Também se reconhecem
palcos de actividades vinícolas. Como se fossem fotografias de época, testemunhos de um tempo que se transformou, alterando sítios, épocas e protagonistas da dinâmica de produção.
Vendedores de
sapatos, campinos, pastores, uma vendedora de cereais, outra vendedora de
artesanato, aparecem a ilustrar a dinâmica económica da região, quais ícones
de um passado que ainda se mantém em alguns casos, embora outros tenham desaparecido.
O vídeo em https://vimeo.com/211197467