quarta-feira, 22 de junho de 2016

ROTA DE DALI 7 - De Barcelona a Portugal


Um dia a rolar pelas estradas espanholas, ao longo de cerca de seiscentos e cinquenta quilómetros. Todavia, temos Tarazona como charneira, uma paragem técnica e que se queria também cultural. Avançamos para Segóvia e ficamos alojados no Parador. Verificámos que não é fácil conciliar o espaço e o tempo.

ATÉ TARAZONA


Em Barcelona as avenidas são compridas. A Diagonal é uma delas. E tem mutos semáforos. Talvez por isso, a saída de Barcelona parecia interminável. Talvez por isso, tenhamos voltado ao padrão de atraso que se verificou diariamente.
Sair da cidade, para mais no local onde estávamos foi fácil. A Diagonal leva imediatamente à via-rápida. Mas, com tantas paragens nos semáforos e com o trânsito matutino, andámos devagar na tentativa de manter o grupo coeso.
Esta etapa seria praticamente uma jornada para cumprir quilómetros até ao local de almoço, Tarazona, situada alguns quilómetros depois de Soria, a província com menos população de Espanha. É possível comprovar esse facto ao longo dos quilómetros que percorremos, sobretudo em estrada nacional. As raras localidades por onde passámos são pequenas, excluindo Soria, a capital, e Tarazona que, mesmo assim, não é grande.
Parámos apenas para reabastecer numa área de serviço na estrada nacional e seguimos imediatamente para Tarazona. O piso da nacional é excelente, o trânsito é diminuto e há apenas de atravessar devagar as pequenas povoações. Fizemos a entrada em Tarazona em grupo. Embora a povoação não seja extensa, o acesso ao restaurante obriga a passar pela catedral gótica, com fachada renascentista e torres mudéjar.
Ultrapassamos a rotunda adjacente à catedral e passámos para a margem do rio Queiles que atravessa a localidade. Aproveitamos algumas sombras e estacionamos as motos perto do restaurante Saboia 21.
Subimos as escadas para o primeiro andar onde nos esperava o nosso anfitrião, Manolo Jimenez. À mesa, esperavam-nos mexilhões e migas, mas foi um lombo muito bem condimentado que surpreendeu. Acabámos com arroz doce já para lá das três da tarde, não muito longe do horário previsto para sairmos…
…todavia, distante do horário estimado para podermos visitar o palácio episcopal que, apesar de renascentista, foi uma antiga fortaleza árabe, depois residência dos reis de Aragão. E ali ficou, a dois passos do local onde estacionámos as motos…
Antes de nos despedirmos, o nosso anfitrião sugerir-nos um passeio pelo parque natural de Moncayo que, segundo ele, é excelente para percorrer de moto. Era uma das alternativas, caso tivéssemos mais tempo. A região é rica em património ambiental e histórico.
Reabastecemos na estrada nacional, tendo sido a última e única paragem que fizemos até Segóvia. Acabamos por chegar à hora prevista no programa, mas já não visitámos Catalañazor, uma pequena localidade que guarda ricos testemunhos medievais.

PARADOR DE SEGÓVIA


A entrada em Segóvia acompanhada por um ocaso simpático parecia um bom augúrio para o dia seguinte. Nessa noite, já não saímos. Dedicamos o olhar à contemplação e o corpo ao descanso.
O Parador de Segóvia fica numa colina virado para a cidade. Todos os quartos têm uma vista magnífica, não apenas sobre a cidade, mas também sobre os arrabaldes. Vale a pena ir à varanda, estender os olhos e apreciar quilómetros em redor.
 Notórios são sobretudo a catedral e o aqueduto romano, as duas edificações que se reconhecem quer de dia, devido à sua grandiosidade, quer de noite, uma vez que são os que estão mais iluminados. O Alcazar, outro edifício monumental, fica relativamente escondido.
O edifício do Parador é relativamente moderno tendo sido construído com os típicos tijolos vermelhos de argila, que dão ares mudejares a muitas edificações espanholas. Os quartos são amplos e algumas salas, como a de refeições, têm o “pé-direito” elevado.

PASSAGEM POR ÁVILA

 De manhã, houve uma largada de balões de ar quente sobre a cidade de Segóvia. O céu estava limpo e dir-se-ia que o bom tempo se iria manter. Daí termos dedicado algum tempo para tirar fotografias à porta do Parardor com as motos (quase) todas alinhadas.
Havíamos combinado que a despedida se faria em Ávila acompanhada de um café. E assim foi. O grupo entrou nas muralhas da cidade por volta das onze da manhã. Parámos perto da catedral e dos palácios dos Veladas e dos Valderrábanos, hoje hotéis.
Bebemos um café numa esplanada, ainda iluminados por um sol duvidoso. Ao longe, o universo já conspirava, prevendo-se que a chuva não tardasse em aparecer pela primeira vez na viagem. E não demorou.

REGRESSO A CASA

A caminho de Cáceres pela N-II o céu começou a escurecer. Antes de Bejar já chovia, mas só começou a sério depois de termos reabastecido. A serra foi percorrida devagar ao ritmo da água que escorria nas curvas.
Quando chegámos à vi-rápida já pouco chovia. Ao fim da manhã, a chuva havia desaparecido, embora se mantivessem nuvens negras para o lado de Portugal. Quando deixámos o Arlindo a caminho de Portalegre a estrada já estava seca.
À hora de almoço não chovia. Caíram mais umas pinguitas em Portugal mas já não molharam. Tiramos a fotografia de despedida no mesmo local do Passeio Mudejar do ano passado, na área de serviço de Montemor. Daí a pouco, estavamos em casa.


COMENTÁRIO FINAL


Deixámos muito para a próxima oportunidade, ou seja, não conseguimos cumprir o que estava previsto. Deixámos a visita à catedral e ao castelo de Lérida, o interior do castelo de Cardona, o interior da casa de praia de Dali, o Castillo de Gala em Pubol, para uma nova viagem.
Também deixámos as restantes casas de Gaudi em Barcelona, bem como a catedral e o palácio episcopal em Tarazona, assim como Catalañazor, para novo ensejo. Desta vez, o programa foi demasiado ambicioso e o número de participantes elevado para cumprir esse programa. 
Os atrasos sistemáticos verificados obrigarão a repensar horários dedicados a um grupo tão numeroso que, por vezes, desliza face à programação e ao horário, mas também em relação à necessidade de rodar próximo um dos outros.
Houve alturas em que, em auto-estrada, apenas conseguia ver três ou quatro motos pelo retrovisor. É relativamente fácil acontecer este fenómeno. Basta que a distância entre motos seja cerca de cinquenta metros, para que o último esteja, no limite, a mais de quinhentos metros do primeiro.
Porém, no cômputo final cumpriu-se a maioria do previsto, não houve erros dramáticos e os atrasos também não foram graves. O que vimos, visitámos e experimentámos foi suficiente para justificar a ida. Aqui incluiria a visita a Besalu, ao Teatro-Museu Dali, às Ruínas de Empuries, à Casa Batlló e à Sagrada Família em Barcelona.

O vídeo em
https://vimeo.com/171814025