A iniciativa Open
House Lisboa está nesta data focada na arquitectura. No fim-de-semana de 10/11
de Outubro a arquitectura está de “portas abertas”, lia-se nos prospectos sobre
o evento. Optámos por visitar em dois locais emblemáticos de Lisboa: sábado, o
Banco de Portugal e, no domingo, o Centro Champalimaud para o Desconhecido.
Comecemos pelo
Banco de Portugal, embora não tenha sido propriamente o Banco de Portugal que visitámos.
É verdade que estamos em plena sede do Banco, mas o espaço que nos foi franqueado
foi mesmo a nave central da antiga igreja de S. Julião, parcialmente destruída
pelo terramoto de 1755.
O espaço está de
mãos dadas com os dois últimos milénios da cidade de Lisboa. Aqui encontram-se
várias eras, sobretudo a época romana, o medieval e a idade moderna. Aqui,
estão fragmentos de artefactos romanos, azulejos árabes, parte da muralha de D.
Dinis e pedaços da estacaria pombalina.
A entrada faz-se
pela fachada da antiga igreja de S. Julião, erigida originalmente ali perto mas
depois assolada pelo terramoto de oitocentista e reconstruída praticamente em
plena Praça do Município, ao lado da actual Câmara Municipal de Lisboa.
A recepção acontece
na nave da antiga igreja que, a partir de obras de restauro que terminaram em
2012, disponibiliza agora um espaço museológico. Mal se entra , são fácil e
rapidamente visíveis os vestígios da catástrofe de 1775 nos ornamentos
arquitectónicos das portas e dos nichos.
Por outro lado,
também é fácil reconhecer o trabalho de restauro do espaço, desde a cúpula, aos
frescos nas paredes – até mesmo nos detalhes decorativos (caso das flores no
painel interior da frontaria) – passando pela articulação estética entre os
limites das peças originais e as intervenções estilizadas.
O acesso ao
restante espaço museológico faz-se por uma porta blindada que parece estar a
proteger uma barra de ouro maciça alvo de teste de peso por todo o grupo que
participava na visita.
A partir daqui, é
possível descer alguns degraus e dar com dois milénios de história cujos
testemunhos se entendem a caminho de um dos ex-libris do espaço: a muralha de
D. Dinis, poucos metros abaixo do solo mas ainda perfeitamente reconhecível.
Ao longo da
muralha estão expostos barros romanos do século II, azulejos do século XVI, fragmentos
do que pode ter sido uma peça de xadrez dos séculos X-XIII, estacas pombalinas
do século XVIII.
Data de finais do
século XIII e destinava-se a defender a cidade na época de D. Dinis dos ataques
provenientes do mar. Duzentos anos volvidos, D. Manuel aproveitou a solidez da
muralha e anexou-lhe Paço Real da Ribeira.
A muralha mostra o
reboco original, exibe ainda o revestimento seiscentista do Paço Real e expõe
ainda um poço pombalino que ficou soterrado após o terramoto e foi também
trazido à luz… do túnel após as obras de restauro do espaço.
O Banco
de Portugal estreará em breve o Museu do Dinheiro. A respectiva abertura está prevista
para 2016 e apresentará o tema do dinheiro, a sua história e evolução.
Musica: Equinox, Audiomachine