quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Almoço do Arlindo, Arronches 2016





Quase bastava o ar cristalino, a alvura das casas, o dourado dos campos e o voar das aves. Os olhos dariam por bem empregue o tempo de os descobrir. Depois, os silvos dos pássaros, os estalares das cigarras, o balir das ovelhas ou o som dos chocalhos das vacas emprestariam aos ouvidos uma tranquilidade ecuménica.
Porém, o deslumbre não fica por aqui. Os sabores sumptuosos e os néctares celestiais juntam-se às sensações de paz e beleza. Até o calor, por vezes excessivo, convida à pausa mas também ao desfrute da água ou mesmo ainda ao usufruto comedido da calidez do ar.
É possível associar tudo isto e muito mais, no Verão, durante um fim de semana no Alentejo. Se a este quadro edílico juntarmos ainda um grupo de pessoas insuspeitamente aprimoradas na nobre arte do bem-estar, o sucesso está garantido.

BARRAGEM DOS MINUTOS

Aproveitamos o facto de irmos sozinhos e sem itinerário fixo, para rodarmos ao sabor da descoberta. Saímos da A6 em Vendas Novas para a N4 e fomos andando apenas cativos da eventualidade de haver muito trânsito e do calor aumentar demasiado.
A indicação, “Barragem dos Minutos”, apareceu de repente pouco depois de Montemor. Junto estava outra informação que indicava a existência de um restaurante. O tempo estava quente e apetecia parar para beber. Optámos pelo desvio. O acesso ao restaurante era em terra batida e a esplanada pareceu-nos estar empoeirada. Não fomos. Paramos junto da barragem, vimos que não havia outro sítio com água potável, fotografamos e voltamos para trás, à procura de sombra e água.

HOTEL RURAL DE SANTO ANTÓNIO


Além dos suspeitos do costume, encontramos água e sombra em Arronches. O grupo dividiu-se pela piscina, cuja água motivava ao mergulho, e pela sala de estar do hotel, onde passava na televisão o jogo do Campeonato da Europa entre o País de Gales e a Bélgica.

Se à tarde já lotávamos a sala de estar do hotel, à noite enchíamos a sala de jantar, distribuídos em mesas corridas em mesas dispostas em quadrado. Actualizámos a conversa, relembramos os últimos e fomos sabendo dos próximos eventos.
E saboreamos um excelente lacão assado no forno, logo após diversas boas entradas. Deu até às tantas, como é habitual, sobretudo porque, mais tarde, na esplanada, sob um céu estreladíssimo, ficámos ao corrente dos detalhes do programa do fim-de-semana. Alguns, até iriam cumpri-lo de moto. Imaginem.


E mais. Connosco estaria um estreante, o Pedro Cunha, da Trofa claro, que "estagiava" para uma ida à Concentração de Faro, a ter lugar daí a duas semanas. Além dele, regressavam o Armando e a Teresa, estando ele já apto para continuar a fazer muitos quilómetros de moto e não só.

FORTE DA GRAÇA, O PODEROSO



Como é costume, o Arlindo aplicou-se para nos proporcionar um excelente fim-de-semana na raia alentejana. Desta vez, a proposta tinha ênfase no património histórico-militar de Elvas e na vila espanhola de Olivença. Para isso, saímos de Arronches ainda com o ar fresco, mas já acompanhados de perto por aquele ambiente cálido prometedor de dia ardente. Não tardou muito que tal se consumasse.
Com efeito, na subida para o Forte da Graça o calor já se fazia sentir. Depois de estacionarmos as motos junto da fortaleza, pudemos contactar que as previsões meteorológicas no que dizia respeito à temperatura iriam ser comprovadas assim que voltássemos às motos.
O acesso ao forte faz-se através de uma estrada que trepa uma colina, serpenteando em bom piso até ao parque de estacionamento fronteiro ao portal da fortaleza. À medida que se vai subindo, o panorama vai-se alargando sobre a cidade de Elvas.
Não deixa de ser curioso verificar que, muitos séculos passados sobre o modelo de implantação das fortalezas, o forte da Graça construído no século XVIII segue exactamente o mesmo padrão de há séculos. Lugar elevado e panorâmico, preferido desde a pré-história como sítio ideal para assegurar a defesa de uma comunidade.
No tempo medievo, as muralhas de pedra também estavam rodeadas por fossos susceptíveis de serem inundados. O forte da Graça também partilha essa característica, bem como a existência de um último reduto, a torre de menagem nos castelos medievais, a Casa do Governador, no forte da Graça.
Também partilha com as fortalezas mais antigas a existência de muitas atalaias, sítios dedicados à vigia e/ou à comunicação para o exterior, especialmente protegidos e em locais estratégicos.
A semelhança entre as torres de reforço da muralha e os baluartes, entre as portas de acesso e/ou fuga, entre os adarves e as ameias medievais e as do forte da Graça, fazem notar que ao longo dos séculos a estrutura e a função das fortalezas não mudou muito.
Significativo e diferenciador em matéria de arquitectura e engenharia de defesa foi a criação dos baluartes. O forte da Graça é um dos exemplos mais notórios desta estratégia de configuração, uma das mais poderosas fortalezas abaluartadas do mundo.

A CASA DO GOVERNADOR

Por outro lado, uma caraterística que se mantém desde tempos remotos é, como já referi, a existência de um último reduto que, no caso do forte da Graça, se trata da Casa do Governador.
Trata-se de um espaço protegido dedicado a abrigar os dirigentes e a hierarquia mais elevada da fortaleza em caso de ataque, sobretudo no caso das diversas linhas de defesa soçobrarem ao inimigo.
A importância de defender os supostamente “mais fortes” do ponto de vista político-militar é um elemento sociológico marcante nas sociedades humanas desde sempre.
A organização social é feita de contradições. E não se pense que se trata de uma situação conjuntural, geográfica ou racial. 
Pode parecer um contrassenso, mas numa situação de calamidade, são habitualmente os socialmente mais fracos que sofrem os impactos mais significativos, antes de a catástrofe chegar aos socialmente mais fortes.
Mais, são os socialmente mais fracos que estão mais vulneráveis, ocupando posições mais frágeis, sujeitos na primeira linha às investidas do inimigo. Têm por missão defenderem os socialmente mais fortes…
Daí a ênfase da existência de reduto, de uma última hipótese de defesa dedicada a que manda, a quem dirige. No forte da Graça, esse último reduto era a Casa do Governador que, para além de sua residência, também tinha funções de protecção.
No topo da casa do Governador, o local mais elevado da fortaleza, servia também como local de observação, e permitia uma perspectiva alargada dos arredores e uma soberba vista sobre Elvas, especialmente sobre o aqueduto e até mesmo sobre o forte de Santa Luzia.

PELO ADARVE PROTEGIDOS PELAS MURALHAS


O passeio pelo interior das muralhas é um exercício que, além de aeróbico e paisagístico, tem interesse histórico-militar. Nesse périplo fomos sempre assistidos pela informação do nosso guia, José Belfo, que nos acompanhou durante estes dois dias.
Foi ele que nos foi elucidando sobre a história, a arquitectura e a função do Forte da Graça. Andamos pelas atalaias, ao longo das ameias, espreitámos os túneis por onde andava a bombarda e a água potável.
Chamou-nos a atenção inclusivamente para a existência de “tocas de lobos”, uma espécie de buracos redondos no solo, mas que estavam armadilhados dispostas nos declives junto das muralhas, dedicados à infantaria inimiga.
Informou-nos ainda das diversas ocupações do forte ao longo do tempo, tendo sido a última a de prisão, mais propriamente a de “depósito disciplinar”, onde estiveram detidos vários presos políticos até 1975.
Foi também presídio militar, correndo uma espécie de ritual, em que os presos transportavam barris de água meio cheios ladeira acima e abaixo. Se o tipo de transporte já é penoso, é possível imaginar o que seria ali a época de Verão, mesmo considerando que eram barris de água…
Mesmo sob um calor que já se anunciava abrasador à medida que o sol trepava no céu, fomos percorrendo os adarves das muralhas parando a espaços para observar a panorâmica que envolve o forte e se divisa desde aquele outeiro.
Nota-se que tem havido a preocupação de recuperar sobretudo o património edificado da fortaleza. O facto de praticamente não existirem móveis ou outros objectos nas salas diz dessa prioridade.
Não deixa de ser curioso que a obra tenha sido da responsabilidade do francês Lippe e que anos mais tarde os franceses tenham regressado a Portugal, com intenções de agressão bélica e tenham encontrado resistência nas fortalezas edificadas pelos conterrâneos…

FORTE DE SANTA LUZIA, O DA RESTAURAÇÃO

Deixámos o forte da Graça e fomos de imediato para o de Santa Luzia., situado a sudeste de Elvas. É mais antigo do que o da Graça, do tempo da Guerra da Restauração, mandado construir logo em 41, após a Restauração de 1640, com o objectivo de defender na raia o acesso a Lisboa.
É semelhante ao da Graça mas de menores dimensões. É composto por quatro baluartes e dispõe de um reduto central onde se encontra a Casa do Governador, de uma igreja e de uma casa à prova de bomba no subsolo.
A Casa do Governador, significativamente mais pequena do que a do forte da Graça, possui uma escada de acesso ao ponto mais alto de observação assaz curiosa uma vez que distribui degraus por duas paredes paralelas. O Monteiro verificou serem eficazes.
Também dispõe de um fosso e, em redor das muralhas interiores, aproveitando-as, distribuem-se várias casernas e duas cisternas. Os baluartes defendem sobretudo o lado sul e oeste, locais de onde poderia chegar mais facilmente a ameaça espanhola.
Nas antigas casernas está montado um pequeno museu militar com peças interessantes sobretudo dos séculos XVIII-XX, exibindo capacetes, armas e vestuário em geral que, curiosamente está vedado a fotos e filmes...
Para norte, do cimo dos baluartes a vista alcança com facilidade as diversas linhas de muralhas de Elvas – incluindo as Fernandinas – o aqueduto a poente e, para norte mais ao fundo, ainda está visível, no cimo do morro, o forte da Graça.
Para leste, é Badajoz que fica à vista em dias claros. Hoje, havia uma névoa de calor que não deixava o olhar percorre mais de meio caminho. E o sol, inflamado, também já nos queimava a pele e nos aconselhava a sair para almoço.

VINHA DA AMADA


Ao contrário dos baluartes, que nunca nos defenderam do sol, o estacionamento do Vinha da Amada, na raia de Elvas, tinha muitos lugares à sombra para deixarmos os bancos das motos protegidos.
O almoço privilegiou o borrego e depois a sericaia, mas é capaz de ter sido avaro em vinho. Talvez por tal, tenha sido lavrada uma acta – talvez não esmeradamente fundamentada - onde se denunciava o roubo – e não o eventual furto – de uma garrafa de vinho.

O caso resolver-se-á provavelmente em instâncias superiores mas, de imediato, tomou-se em consideração uma eventual compensação e, como contrapartida inesperada, surgiu nova garrafa na mesa magoada, diz-se que desviada algures…

OLIVENÇA CALIENTE


Atravessada a nova ponte sobre o Guadiana, Olivença é logo ali. De um lado e do outro, apenas o rio marca a diferença no ambiente. O calor, bem como a paisagem, são os mesmos. Neste aspecto, Portugal e Espanha são irmãos.
Deixámos as motos à sombra e partimos rumo ao centro histórico a caminho do museu etnográfico. Passámos pelo antigo Cuartel de Cabalaria e continuámos para o castelo. Andámos pela Porta de Alconchel – uma localidade mais a sul perto da raia com um castelo simpático – e pela de Los Angeles.
No caminho é fácil identificar muitos elementos de origem portuguesa, alguns históricos - como sejam, o pórtico de uma igreja ou um brasão de armas portuguesas - outros que dão continuidade à arquitectura alentejana.
O museu está situado dentro de muralhas logo após o pátio de armas. Considerado um dos museus etnográficos mais interessantes da Península, alberga cerca de sete mil peças, provindo a maioria de ofertas dos habitantes de Olivença. Na visita, fomos de novo acompanhados pelo guia português que nos acompanhara em Elvas.
O espaço de exposição contempla dois andares e privilegia representações dos trabalhos agrícolas e dos espaços domésticos urbanos e rurais. Tem ainda colecções dedicadas à pré-história, à ocupação árabe e à época medieval.
No espaço rural, há muitas reproduções de cenas e de utensílios agrícolas. No espaço dedicado à área urbana, não faltam a escola, o gabinete médico, os quartos e as salas das moradias labregas, incluindo o vestuário típico e os móveis de época.
Nota-se que foi possível juntar no espaço de dois andares várias colecções de mobiliário e utensílios rurais e urbanos ocupam todo um andar. O museu possui realmente um espólio completíssimo mas talvez sejam peças a mais em algumas áreas de exposição.
Quem quis, subiu à torre de menagem que se ergue desde a alcáçova do castelo e pode mirar desde as ameias aqueles que optaram por ficar à sombra das muralhas. Trata-se da torre mais alta de todas as existentes em castelos da raia com quase quarenta metros de altura. Nós ficámos pelo pátio de armas à beira do poço...
Embora a torre seja posterior, a alcáçova em que nos encontramos foi mandada construir pelo rei português Afonso IV, na terceira década d século XIV. A cidadela que a envolve está rodeada por muralhas intermediadas por catorze torres.
Deixámos o museu e seguimos a pé sob um sol abrasador. Aproveitamos a sugestão do guia e entramos na igreja da Magdalena. Já sob a frescura daquele espaço provecto datado da primeira década do século XVI, nota-se de imediato a influência portuguesa.
Mandada construir pelo então bispo de Ceuta, frei Henrique de Coimbra, destacam-se na igreja da Magdalena, as oito colunas retorcidas de mármore em estilo manuelino, o altar-mor em talha dourada e a fachada que ostenta uma poderosa torre quadrangular.
Regressámos às motos, saímos em grupo, voltamos ao calor e a passar a ponte nova deixando à direita a Ponte da Ajuda, uma obra do rei Manuel I, datada do início do século XVI. Diz-se que os espanhóis têm um projecto para a respectiva recuperação.

MEIA BOLA E ZUMBA


A piscina foi um dos elementos que fez a diferença, sobretudo face aos quase quarenta graus que andaram pelo ar nestes dias. O jacuzi também teve os seus momentos de fama, inclusivamente entre os gaiatos, como se diz por ali.
Apesar do calor que se fazia sentir um pouco por todo o lado, a zona relvada do hotel estava à sombra o que deixava mesmo assim o rectângulo de jogo com muitos graus acima do permitido para uma partida de futebol entre solteiros e casados.
Ao lado, também escoltada pela sombra das sete da tarde, decorria uma sessão de introdução à Zumba, e não só. Aqui, julgo que aqui ninguém se queixou do árbitro, nem da má sorte, da baliza esquiva ou de sarrafadas, enquanto a Rosa nos fazia seguir um ritual de iniciação enérgico e harmonioso que não provocou baixas.
Já no futebol… não é habitual haver tanta tranquilidade. Mas foi um bom jogo. Houve entrega, espírito de equipa e uma vitória sem contestação. É importante. Sobretudo quando essas condições são a favor da nossa equipa...
Ficou apenas a dúvida sobre o que tinha aquela baliza de especial, que não entrava uma mosca… ou, aventou-se, o Zamith teria tomado algum estimulante ilegal - há que fazer testes anti-doping para a próxima -, capaz de possibilitar uma quantidade de defesas in extremis…
Porém, julga-se que, de futuro, as equipas vão ser mais razoáveis, vão ter o mesmo número de jogadores, não haverá reforços com gente que "veste a camisola" e ainda serão distribuídas chuteiras aos jogadores pobres que estejam descalços…

ARRONCHES BY NIGHT


Embora houvesse uma festividade nocturna na vila, nós entretivemo-nos a jantar. Mas não só. A coisa estava agendada para as nove da noite e deu até à meia–noite, entre conversas, anedotas e estórias improváveis.
Foi no restaurante Estalagem, do outro lado do hotel Rural, coisa para menos de cinco minutos a pé. Distribuímo-nos por diversas mesas, umas redondas outras quadradas, e atirámo-nos ao bacalhau espiritual e às bochechas de porco como não houvesse amanhã.
Felizmente apareceu uma sopa de tomate que encantou., uma vez que o Alemanha-Itália ia desiludindo. Valeu o ritmo da terra, a tranquilidade do servir e do degustar, o saber ouvir e a serenidade do ambiente. Tão aquieto foi que à meia-noite já era uma balbúrdia servirem ali sobremesa...

NA FORTALEZA DE ELVAS
  

Na manhã seguinte, tínhamos como atractivo a visita ao Centro de Interpretação do Património de Elvas, CIPE para facilitar, e convinha chegar cedo, mais que não fosse por causa do calor que mais cedo ou mais tarde não nos abandonaria.
O horário de prontidão voltou a ser o das nove e pouco. Por tal, ainda não estava muito quente quando deixámos o hotel. Despedimo-nos dos nossos companheiros franceses, Bernard, Jean e Wilhelmine (?), que regressariam nessa manhã a França. Como é habitual, e apesar das diferenças linguísticas, o entrosamento faz-se de maneira simples e o Jean até alinhou connosco na “peladinha”.
O Bernard é um incorrigível motard francês, da região de Perigod, que organiza regularmente passeios internacionais, onde costumam estar presentes muitos dos sócios do CPEP. Desta feita foi o Clube que o acolheu, bem como ao casal amigo que o acompanhou.
Quando chegámos às instalações do Regimento de Infantaria de Elvas, RIE, tínhamos uma surpresa à nossa espera, composta por um conjunto de veículos militares clássicos recuperados pelos próprios militares com a ajuda da Associação Portuguesa de Veículos Militares, APVM, http://www.apvm.org/.
Distribuímo-nos por diversos jipes e outros veículos de transporte de tropas – Berliets, Unimogs, etc - e demos início a um périplo ao longo do caminho que acompanha as muralhas do complexo militar.
Ficamos a saber que aqueles veículos, alguns que andaram em África durante o conflito nas ex-colónias, além de “fortes e feios”, ainda estão ali para as curvas, para a subidas e descidas, menos para as rectas e para as travagens.
Se já nestes veículos se notava o trabalho de recuperação efectuado – e a Associação apenas lá está durante um fim-de-semana por mês – mais tarde, havíamos de passar por outras viaturas que já fazem parte da exposição interior e se encontram em excelentes condições de conservação.
O passeio foi interessante, não apenas pela experiência de muitos que nunca tinham andado em veículos militares, bem como pelo cenário paisagístico que se podia observar sobre a cidade de Elvas.
O Centro de Interpretação do Património de Elvas, CIPE, pretende “valorizar a importância militar e estratégica de Elvas ao longo dos séculos”, organizar, explorar e divulgar o acervo museológico de modo a preservar a herança histórica mais recente do património elvense.
Após o passeio motorizado entrámos nos núcleos expositivos situados nos Quartéis do Casarão que mostram um conjunto de equipamentos militares, uma evolução morfológica da cidade que abrange cerca de dez séculos, além de um espaço dedicado à diversidade patrimonial de Elvas.
Em destaque está toda a panóplia de equipamentos e utensílios que envolviam o transporte a cavalo – as instalações chegaram a acolher homens e cavalos -, bem como estruturas para intervenções médicas e equipamentos de transmissões.
De seguida, espreitamos a cidade desde o cimo de um dos baluartes – o RIE ocupa todo o espaço interior da muralha situada a leste, aproveitando exactamente essa muralha e os respectivos baluartes – de onde é possível também contemplar o forte da Graça.
Foi aqui que o Ten. Cor. Bucho nos elucidou sobre a técnica e a função do baluarte, um dispositivo ou melhor uma edificação que pretende reforçar as muralhas exteriores, uma vez que junta atrás destas algumas toneladas de terra. Mesmo que as muralhas de pedra sejam destruídas pelo impacto do fogo inimigo, a terra concentrada logo após resistirá.
Outra área museológica dedicada à memória do transporte militar, leva-nos desde os veículos puxados a cavalo (alguns por muitos cavalos), para outros veículos com muito mais cavalos.
Dentro de portas, há mais exemplares de viaturas militares, que vão das mais ligeiras às mais pesadas, todas recuperadas, local onde surpreendemos até uma Hercules 125 com motor Sachs pintada com o verde seco militar…
Após regressarmos à parada, onde estão expostas várias peças de artilharia, terminamos a visita no claustro do convento de São Domingos, hoje dentro das instalações do Museu Militar de Elvas, http://www.operacional.pt/museu-militar-de-elvas/.
Foi unânime o agradecimento que dirigimos ao tem. Cor. Bucho e à sua equipa, fazendo votos para que continuem o excelente trabalho que têm feito em prol da museologia, bem como pelo admirável acolhimento de que fomos alvo.

GASPACHO E VITELA NO ‘BOLOTA’


Saímos do CIPE já o sol propunha uma tarde tórrida. Até ao restaurante “A Bolota”, que fica na Terrugem, são cerca de 18 quilómetros que percorremos num instante. Desta vez, estacionamos ao sol no quintal do restaurante, a caminho dos quarenta graus à sombra.
Depois, distribuídos por diversas mesas redondas, foi desfrutar do gaspacho e do assado de vitela, e em particular de uma mousse de chocolate especialmente bem feita, entre amenas conversas que iam já dirigidas à gastronomia como é habitual, mas também ás férias e ao próximo evento.
Saímos em pequenos grupos ou sozinhos, como foi o nosso caso, uma vez que os nossos companheiros de jornada ou já tinham saído de manhã ou iam de carro. Optámos pela “nacional” até Estremoz, onde entrámos na auto-estrada sobretudo devido ao ritmo mais lento da estrada nacional que obrigava a apanhar calor durante mais tempo. Na auto-estrada era possível andar mais rápido.

                     AO SOL DO ALENTEJO


Talvez por isso, também, o pneu traseiro aqueceu mais do que aguentaria. E, por volta de Montemor-o-Novo, a faixa central de borracha começou a derreter para, pouco depois, se desfazer literalmente, deixando um buraco jeitoso de um lado ao outro. Quais arames, qual estrutura reforçada.
Embora se tratasse de um pneu cuja referência de modelo fosse adequado à Paneuropean, o índice de velocidade “H”, não foi suficiente para um andamento mais vivo acompanhado neste dia pelos cerca de setenta graus que estariam no asfalto. Este índice de velocidade "H", não vai além dos 210 kms/h. Aparentemente, esta velocidade é apenas um mero indicador, sendo preferível andar com pneus cujo índice de velocidade seja acima dos 270 km/h, ou seja, superior a “W”. 
Por vezes, quando não há pneus indicados em stock e a alternativa é colocar um “semelhante”, aconselhado por uma oficina de “vão de escada” o que acontece é o pneu não aguentar velocidades pouco acima da velocidade de cruzeiro. Eu já não devia escorregar nestes detalhes, mas o pneu até tinha gravado, "Harley Davidson"... 
Recorremos à assistência em viagem e, ao fim de meia hora de espera, a moto foi colocada no reboque, que acompanhámos até um depósito de viaturas acidentadas. Daí apanhámos um táxi até casa. Estávamos a cem quilómetros da capital.
Para o ano, já com pneus novos, está prometido mais um passeio valente com base em Elvas, com temperatura semelhante à deste ano e com o mesmo espírito e ambiente de divertimento que é habitual experimentarmos.

O vídeo, em https://vimeo.com/176884898