quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Quinta de Ribafria


Um excelente sítio para passear. Muito próximo do Lourel, Sintra, de onde dá para ir a pé. Pertenceu a Gaspar Gonçalves, um cavaleiro da Ordem de Cristo, a quem o rei Manuel I concedeu alvará e brasão de armas. Estamos na Quinta de Ribafria.



A quinta estende-se por 13 hectares. Há jardins e floresta, sendo esta última maioritariamente em declive. Uma pequena ribeira,  acompanha o trilho que leva ao solar. Até lá, são as flores campestres que dominam.

Estamos no início de Maio, ainda com a Primavera a animar o ambiente. Mas, também há árvores de grande porte, incluindo sequóias centenárias. Sobretudo na zona do bosque, há árvores e arbustos que fecham os trilhos.

Há abrigos para gatos e para aves, bem como bancos de jardim distribuídos pelo caminho. Muito úteis - o dia está a quecer rapidamente - as sombras ajudam a avançar. Mais próximo do solar, o espaço abre-se para um jardim de buxo.


E surge o Paço de Ribafria, com a sua singular uma torre, encontrando-se também um escudo esculpido em pedra, uma fonte, um nicho, estátuas, um tanque enorme (espelho de água) e uma magnífica cisterna com uma abóbada de cantaria.

Trata-se de um pequeno palácio em estilo renascentista, ainda possui alguns baixos relêvos herdados do século anterior. E, o que achei mais insólitos, foram as ameias em estilo mudejar, raríssimas de encontrar em Portugal.

Perto, estão alguns engenhos antigos, sendo que a nora está excelentemente recuperada. Protegida por uma cerca parece estar uma espécie de poço contíguo a uma fonte.

Mais à frente, o jardim mistura-se com o bosque, que trepa a colina. A meia colina, existe uma mina de água / capela decorada com painéis de azulejos azuis e brancos.

Deixamos o bosque, onde os trilhos são acessíveis. Em baixo, vamos ao encontro do rio Colares. Antes, uma alameda leva a um conjunto de estátuas que, suponho, estiveram já expostas no Passeio do Duche, na vila de Sintra.

 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Arrábida 24

Surge uma Voge. É mais leve e mais alta do que a Paneuropean. Tem uma boa resposta, linear e potente, quando se empurra o acelerador. E, sobretudo, permite andar fora de estrada.

É incontornável, uma vez por outra. Saímos e vamos "pescando" alguns amigos. Os restantes estarão em Setúbal. Para lá, vamos apanhar filas no também inevitável IC19. Mas não só.

Não queremos andar muito em auto-estrada. Vamos por nacionais. Vai ser a N10 a levar-nos a Setúbal. Mas, para chegarmos a tempo, temos de fintar o trânsito. Também aqui e até Setúbal.

 Trepamos pela Estrada do Castelo para a fortaleza de São Filipe, entramos na muralha e estacionamos à beira  da entrada no reduto principal. É aqui que juntamos o grupo todo.

Paseamos pela fortaleza, entramos na capela decorada com azulejos e brancos e estendemos os olhos até à Península de Tróia. A vista estende-se desde os estaleiros até à Figueirinha.


 Estamos num dos miradouros mais simpáticos de Setúbal. O dia, embora não prometa, está soalheiro e não há muitas nuvens no céu. Apetece continuar pelas ameias, mas temos horário para almoçar.

Descemos para a avenida Luísa Tody e paramos as motos em frente da Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, único lugar disponível para quatro motos. Continuamos a pé por ruas exclusivas para peões.

 Estamos quase na Adega dos Garrafões onde é habitual comermos bem. Metade conhecem, os outros passam a conhecer. Deixamos o restaurante sob notícias acerca da audição do Processo das Gémeas.

 Saímos para a Arrábida. Há muito que não andamos por lá, de moto. É também a estreia da Voge, acompanhada por amigos. E, mais. É a primeira vez que leva pendura. Praticamente, não se nota a diferença.

Passamos pela Cecil, a famosa fábrica de cimento que vai dando cabo da serra. Começamos a subir, a caminho da 7ª Bataria de Costa, uma ruína militar, com peças de artilharia degradadas.

Entramos no edifício e continua a notar-se o mau estado do interior. Subimos ao telhado e desfrutamos da tal vista panorâmica que encanta e faz esquecer a decadência do lugar.

Daí a pouco, já há mais motos no estacionamento. Saímos quando o céu começa a queixar-se de cinzento. Fazemos as primeiras curvas, pelo topo da serra, e o nevoeiro baixa irremediavelmente.

Mais à frente, já chove. É fraquinha, mas costuma dizer-se que é a pior. Serpenteamos sem pressa, desfrutando daquele ambiente panorámico. Ainda há gente nos pequenos miradouros.

 Deixamos as “mães de água”, passamos o desvio para o Portinho e seguimos para Brejos de Azeitão. A estrada já está molhada, mas parou de chover. Foi para nos despedirmos. Daí contimuámos para a Quinta do Conde. 

O trânsito apertou na N10 e voltou a chover. Por tal, a opção foi seguir para auto-estrada. E, ainda deu para um ligeiro engano na entrada da AE. Em vez de virar para Lisboa, virei para Palmela. Foi quando a chuva desatou a cair com mais intensidade.

 O dia estragara-se irremediavelmente. A chuva não deu tréguas até à 25 de Abril. De tal maneira que havia fila parada em cima da ponte. Ali, nem as pequenas scooters de entrega de refeições passavam.



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Porto com Amigos: Serralves, Bolsa, WOW e Bolhão.

 

Começámos por Aveiro, num pedestre, ao correr das margens, sobre uma ou outra ponte, ao longo de um ou outro painel de azulejos, entre miniaturas, moliceiros, sabonetes com óleos essenciais e milhares de fitas presas numa ponte.

Em Espinho, o horizonte abre-se a um pôr do sol de cores quentes, a cair no fim do oceano e a empurrar para a passeata. Fizémo-lo sobre a barreira de pedregulhos que protege a costa, praticamente ao mesmo nível do mar.


Há anos que não visitávamos um dos locais mais atractivos do Porto, onde a arte se mistura com a natureza, onde o espaço parece deixa-nos mais tempo, onde a diversidade nos abre horizontes. Por isso fomos a 

SERRALVES COM YAYOI

Num instante, estamos no Porto. Começamos por Serralves com Moda, à moda do Porto, e com painéis de livre expressão estética quase bilingue e desenhos animados para todos os gostos.


Depois, vamos para o espaço de Yayoi Kusama, artista plástica e escritora japonesa. Uma parte das obras parece ter tido inspiração nas pedras do rio que ficava perto da casa onde nasceu. Ela cola, pinta, esculpe.

E tem uma fixação por pontos e bolas, que tanto vai da repetição em superfície até ao escultórico de nódulos. Chamou-lhes “acumulações”, que se estendem por paredes e pelo chão. Há sofás construídos com luvas cheias e um manequim vestido de tubérculos.

E mais. Há árvores criadas com dezenas de rolos e corais do mesmo género. Há cerca de duas dezenas de tentáculos de polvo, polvilhados de pequenos círculos pintados. E uma quantidade de manequis femininos pintados com pontos.

E quadros com pinturas de formas reptilíneas também repletas de pontos. Todo o conjunto reflete uma refinada , singular e criativa expressão e visão estética, por vezes reflexiva, outras vanguardista. E, até parece ter inspirado Joana Vasconcelos…

Vamos para o exterior, para o parque de Serralves, ao longo da floresta, dos jardins, do passadiço. Mais a dar para o clássico. Há cor (com o verde a dominar), sombra (que está quente) e das formas antropomórficas (nos troncos mais vetustos).

O passadiço é alto mas não cria grande inquetação. É curto, com diversas opções de caminho, fácil de percorrer. Aproveita o declive do terreno e leva-nos por algumas copas de árvores e troncos retorcidos.

 

E vamos aos edifícios. No topo de um dos jardins, também decorado com duas enormes esculturas, fica a Casa de Serralves, também ela singular como exemplar da arquitectura Art Deco dos anos 30 so século passado.

Ali perto, fica a Casa do Cinema Manoel de Oliveira, projeto de Álvaro Siza, que possui uma exposição permanente no domínio do cinema, inserida num ambiente polvilhado de cartazes de filmes e de mobílias antigas.

 Deixamos Serralves. Vamos descer até à Ribeira, lugar obrigatório do Porto, mesmo que esteja "na mesma". Mas é daquelas "mesmas" que apetece rever. Também "fazemos tempo", uma vez que vamos estar


À TARDE NO PALÁCIO DA BOLSA

Estava na “calha” há anos. É para lá que vamos logo após conseguimos um horário disponível. Data de meados do século XIX, construído sobre as ruínas do antigo convento, alberga a Associação Comercial do Porto, ACP.

Construído ao longo de mais de 70 anos, o edifício ostenta traços de estilo arquitectónico Neoclássico oitocentista, arquitetura toscana e neo-paladiano inglês, com dependências em estilos Império e estilo Árabe.

 

Entramos pelo Pátio das Nações, um átrio com um pé direito correspondente a toda a altura do edifício. No cimo, estão vinte brasões alusivos aos países com os quais Portugal tinha relações comerciais privilegiadas.

Mas era o Salão Árabe que motivava a visita. Paredes, tectos, portas e colunas reflectem decisivamente o estilo Árabe, com uma profusão de dourados em redor e de azuis no tecto e uma cúpula de vidro a servir de telhado.

 

Mais acima, logo após a escdaria nobre feita à mão , em granito, há pintura, escultura, azulejaria, frescos em tectos, mobiliário de época. Algumas das salas possuem um tipo de soalho encastrado, por vezes com efeitos visuais ilusórios.

 

Uma sala singular é a das Assembleias Gerais, pintada em estilo “trompe l’oeil” parecendo posuir paredes em madeira. A Sala do Tribunal, envolta por pinturas e  a Sala Dourada onde se realizam as reuniões da Direcção a ACP.


Na Sala Dourada realizam-se as reuniões da Direcção da ACP, na Sala dos Retratos é possível ver os dos últimos reis de Portugal e na Galeria dos Antigos Presidentes as paredes estão preenchidas xom todos os anteriores presidentes da ACP.

 

Sobram, a Sala dos Jurados ou Sala Museu Medina onde está patente uma pequena colecção de pinturas, e a Sala do Presidente destinada a gabinete de trabalho do presidente da Direcção da ACP. Em certos sítios, ainda são notórios alguns elementos monárquicos.

 

GAIA COM AMIGOS: WOW!

 




Passamos para a outra margem do Douro e chegamos ao mais recente happening de Gaia. Estamos com o Porto à distância de um curto mas extenso olhar. O fim do dia destaca silhuetas e as luzes da cidade realçam os contornos das ruas e das casas.

Agora é a vez do WOW, um complexo de galerias, comércio, eventos, arquitectura, restauração, museologia, workshops. Estamos entre madeiras, pedras e vidros., numa articulação entre o antigo e o moderno. Com a vista privilegiada do Porto.

Aqui, o vinho domina. Desde a arte de beber, passando por especialistas, até workshops de harmonização, há muitas propostas, onde o Vinho do Porto está sempre em destaque. E até possuiu um “escape room”.

Museus, são sete. Da indústria corticeira ao chocolate, do vinho ao Porto antigo, para adultos e crianças. Foram privilegiados os grandes espaços, mas também há lugar para recantos singulares e para as pequenas lojas.

Um pátio panorâmico, corredores espaçosos, soalhos de cerâmica estilizados, muita luz nos interiores. E, até, um nada labiríntico, para mexer com as celulazinhas cinzentas. Para ver, admirar, passear, ficar. Excelente para levar amigos, tal como fizeram connosco.

Continuámos a olhar para o Porto, mas mais abaixo, à pontinha de Cabedelo. É foi o passadiço do antigo Cais de São Paio o cenário escolhido para o reencontro de amigos, local escolhido para as melhores fotos de grupo do ano…


NO NOVO BOLHÃO

 

Está lá desde meados do século XIX. Deve a designação à prévia existência de um regato que formava uma enorme bolha de água, em cuja proximidade, já existia uma bica, precisamente a Fonte do Bolhão.

É um dos Monumentos de Interesse Público e de Interesse Patrimonial do Porto. O “novo” Bolhão, mantém a estética e recupera a identidade original, mostrando autenticidade, funcionalidade e limpeza.

Pena que a escolha de cores, sobretudo no interior, tenha sido sobre o cinzento, que torna o espaço, quando vazio, algo pardo. Porém, essa palidez é compensada decididamente com a diversidade das cores dos produtos expostos nas bancas.

 

Com efeito, das flores, aos vegetais, passando até pela variedade dos rótulos das latas de conservas de peixe, a cor domina as bancas. Algumas conservas, até acentuam o pasmo quando se percebe o preço do quilo… 


No exterior, praticamente do outro da entrada principal, fica a Mercearia do Bolhão, uma loja com 144 anos de existência - dizem ser a mais antiga do Porto - que irá dar lugar a uma nova loja, tendo causado polémica o seu encerramento.

 

O Porto fica sempre na memória. Pela cidade mas, sobretudo, pelas pessoas. Pela recepção, amabilidade e alegria que representam e transmitem. Esse encantamento podia ser expresso pelos “Treze a Rir uns dos Outros”, ali na Cordoaria.