domingo, 10 de setembro de 2023

NPR Barracuda



Ao longe, de lado, parece forte, grande e comprido. Mais perto, parece encolher-se. A blindagem lembra chapa com rebites e, estando no convés, parece mais curto. Mas, quando lhe trepamos para cima, percorrido de proa a popa, rodeada a torre, pisando-lhe a blindagem, não deixa de impressionar. O Barracuda, que já foi o mais antigo submarino das marinhas da NATO em operação, é um veterano dos mares.

Foram 42 anos ao serviço da Marinha Portuguesa, de 1968 a 2013, nos quais deu cerca de 36 voltas ao mundo, qualquer coisa como 800 mil milhas náuticas, ao longo de mais de 300 missões, levando habitualmente uma guarnição de cerca de 56 militares, submarinistas mais propriamente, possuindo todavia apenas 45 camas, sendo fixas apenas a do comandante e a do enfermeiro. 

Mais números impressionantes: 4 motores, 2 de combustão e 2 eléctricos; falta-lhe uma centena para os 3 mil cavalos de potência; 12 mil litros de água potável, mas banho só no dia anterior à chegada ao porto e apenas para o comandante e escalados de serviço; autonomia de cerca de um mês até 300m de profundidade. Saiu de serviço em 2010.

Olhando para a escotilha da ré, parece a do condutor de um carro de combate M47. Mas afunda mais, muito mais, pelo que o corrimão é bem-vindo. Com um pé no deque interior e olhando à volta, junta-se uma ligeira sensação de "aperto". As “paredes” laterais são arredondadas, parecendo o espaço ainda mais reduzido.



Aos poucos, vamos percebendo algumas das soluções para minimizar essa falta de espaço, que passam por mesas e bancos amovíveis e arrumáveis aos cantos, e por equipamentos e objectos com dimensões minúsculas. São os mínimos para garantir algumas condições de habitabilidade, poucas todavia, experienciando o espaço destinado à passagem dos militares.

Nesta matéria, para além do respeito e admiração pelas pessoas que alí prestaram serviço militar, é clara e directa a percepção das condições escassas e arriscadas de operação neste ambiente, sendo de valorizar o empenho e dedicação dos submarinistas às suas missões. Se, no interior de um carro de combate, já se pode experimentar a pequenez do espaço, dentro do Barracuda ninguém quer ser alto. 

A área técnica ocupa as partes laterais do submarino, sendo o meio o centro nevrálgico, que engloba o posto de comando, local onde as decisões são tomadas. À frente, na proa, a área destinada ao disparo de tropedos é portentosa, fascinante sobretudo na capacidade - múltiplos tubos de disparo - e,  no visual, a lembrar as tubagens gigantescas do Museu de Electricidade…  

O Barracuda ficará, por enquanto, no pólo museológico da Marinha Portuguesa, na Doca de Cacilhas, muito perto do terminal de ferries. Como vizinha, tem a Fragata D. Fernando II e Glória - ver https://cordeirus.blogspot.com/2012/12/d-fernando-e-gloria.html - outro navio muito interessante, igualmente visitável e em muito boas condições de manutenção.




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