Carmo. Museu Arqueológico
Festa da Arqueologia! Onde, no Carmo? No antigo convento?! Terá bancas com entidades de pesquisa e arqueólogos e mais qualquer coisa... visitas guiadas, embora! Bom, as bancas estavam lá e o museu também, assim como as ruínas do antigo conveto carmelita. As visitas guiadas, bem, talvez em outra altura, com mais agenda disponível.
Está pertíssimo da estação do Rossio. É uma ruína valiosa, possui peças históricas e mostra uma arquitectura emblemática. O Museu Arqueológico do Carmo é dos “tais sítios” de Lisboa imperativos que nos escarafuncham a curiosidade.
Há séculos que ali está, desde finais do século XIV, fundado por Nuno Álvares Pereira, que seria inicialmente lá sepultado. Da colina onde está implantado, vê-se outro dos ícones da lisboa medieval, o castelo de São Jorge. O convento é um dos mais dos mais notáveis monumentos góticos nacionais.
Ferido seriamente pelo terramoto de 1755, depois parcialmente reconstruido, foi deixado a céu aberto o corpo principal da igreja. Esse facto, associando a arquitectura da ruína e a antiga utilização do espaço, criou um ambiente estético “mágico-religioso”, invulgar no contexto dos monumentos medievais portugueses.
O interior, pétreo e austero, com um "pé direito" bem esticado, encerra um rico património arqueológico e artístico, constituído por diversas colecções de objectos, alguns raros entre nós, como um sarcófago com múmia egípcios, várias múmias pré-colombianas ou inúmeros exemplares de epigrafia romana. E, não só.
Túmulos (um, de D. Fernando I, bem como o sarcófago das Musas), estatuária (pelo menos uma do Condestável), adornos (peças de colares?), ferramentas (machados), bustos (um, com dúvidas de atribuição a Afonso Henriques), estão entre os objectos em exposição no interior. No "exterior", domina a pedra, sobretudo capitéis.
Mas é a arquitectura gótica e neogótica que “esmaga” o olhar quando lançado ao céu. Era essa mesma uma das intenções da estética religiosa medieval, constituir o local de culto como elemento capaz de salientar a distância entre o crente e a divindade, identificando com relevo a separação e a hierarquia entre o primeiro e o segundo.
O aspecto cenográfico, a romântica do traço e dos elementos decorativos, aliados à robustez da pedra das paredes e a algumas formas animais bizarras e fantásticas, emprestam ao local uma atmosfera excêntrica e brutesca, mas igualmente vistosa e cativante.
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