sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Turquia 2021. 5ª Parte. De Igoumenitsa a Casa



Cerca de sete horas depois de embarcarmos em Igoumenitsa, estavamos na auto-estrada italiana, desta vez junto ao Mar Adriático, via Pescara. Esta, tal como a que anteriormente havíamos percorrido via Nápoles, além da magreza habitual das vias, estava pejada de obras. 

Os cerca de quinhentos quilómetros que nos separavam de Roma, tiveram troços muito lentos, com filas de trânsito a atrasarem a nossa chegada à capital italiana. Pela primeira vez na vida, vimos um posto de abstecimento com gasolina a mais de 2 euros o litro!! E, uma das opções foi meter gasolina até pouco mais do que Barcelona...

MESMO A TEMPO DE SAIR

Desta feita, iríamos deixar as raparigas no hotel para, no dia seguinte, apanharem os aviões, de diferentes companhias, para Lisboa. Era preciso voltar à logística das trocas de roupa, dar outra arrumação às malas laterais e à mala de topo. Depois, foi imperativo voltar a atravessar meia Roma. 

Era preciso chegar a tempo de jantar e fazer o check-in e... acabou por não haver sequer tempo para jantar! “PLF, oblige! E foi esperar que houvesse rede, esperar para utilizar outro telemóvel, esperar que a recepção do porto fosse suficientemente urbana para resolver os problemas logísticos.

- “Empresta aí o teu telemóvel... olha também não funciona!

- O do líder também não…!

- É desta que vamos dormir nas docas!”

Tal como em Igoumenitsa, a ajuda do organizador e vice-presidente do MCPorto, Nuno Trêpa Leite, foi decisiva para nos devolver a casa. 

Enfiámo-nos no barco, mesmo à hora de partida, ainda a tempo de lá jantarmos. Durante a noite, o camarote portou-se melhor do que na ida e os preços mantiveram-se valentes. Valeu a tarde do dia seguinte, sob a animação de grupos de dança tradicional catalães que regressam de um festival na Sardenha.

A dinamizar a extensa travesia do Mediterrâneo, além do folclore catalão, foi profícua a troca de impressões com os restantes portugueses que estiveram no evento turco. Voltei a conversar com o Luís Amaral – anos antes, participante em jornadas sobre viagens de motos e, não só – e a fazer-me sócio de uma ONG, Na Rota dos Povos, que ajuda órfãos na Guiné.

À NOITE, À PROCURA DA BOMBA

Saímos céleres do barco em Barcelona, já com a noite esticada. Tínhamos cerca de 3 horas de caminho pela frente  para percorrer até SARAGOÇA. E havia que reabastecer. Saímos da capaital catalã já passava das 9 da noite.

- Fazemos alguns quilómetros, jantamos, abastecemos e seguimos...

Era o que estava, mais ou menos, previsto. Os quilómetros seguramente, o restante, nem tanto. Fomos adiando o abastecimento e o restante atrasou-se.

Havíamos abastecido muito depois de Bari, mas já levávamos quase 350 kms percorridos ao descer em Barcelona. Fizemos mais cerca de 50 e, postos de abastecimento, nada. 

Andámos, saímos, voltamos a entrar, e a sair da auto-estrada. Separamo-nos, juntámos-nos, voltámo-nos a separar, sempre com o olho numa Galp que teimava em estar do outro lado da AE. Chegámos lá a vapor e, por fim, todos conseguiram. 

Finalmente, pudemos jantar perto de CAN DALMASES.

Já passava das onze da noite, quando deixámos os catalães contentíssimos na esplanada, com a derrota do Real Madrid face a um desconhecido Sheriff. Às tantas, ainda fizemos uma pequena excursão pela NII, mas dado o adiantado da hora, voltámos à segurança da auto-estrada. À noite, tudo se transforma, como em “À Noite, no Museu”. 

POR DO SOL EM MONTEMOR

Na manhã seguinte, saímos para os 900 kms a percorrer neste dia até ao lar-doce-lar. Amanheceu com a frescura típica da meseta. Mas o calor apareceu assim que paramos numa esplanada para beber o último café juntos, no Assador San Ramon, pertíssimo de Calatayud. Foi aí que nos separámos. 

Eu fiquei com o meu companheiro, rumo a Madrid, e os restantes optaram por seguir por Valladolid. Paramos para almoçar numa esplanada, depois da capital espanhola, sob um sol acolhedor que, aquela hora, já prometia um belo poente. 

Entramos em Portugal a meio da tarde, mas já com o sol encadeante, a tramar-nos a vista mas a convidar-nos para lhe observarmos o esplendor. Ainda guiei largos kms com a mão esquerda a fazer de pala, mesmo usando a visiera escura do capacete. Aceleramos um bom pedaço, paramos em Montemor, mas já não conseguimos apanhar-lhe um bom ocaso.

Só nos separamos no dia seguinte. A noite acolheu-nos em minha casa, onde prolongamos a viagem, ouvindo as últimas estórias no feminino, transferindo as nossas, conferindo os últimos quilómetros dos restantes companheiros de viagem, Quilómetros que não serão seguramente os últimos com todos estes companheiros de aventura.



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