terça-feira, 27 de abril de 2021

4A,4P,4M França 2009, Pirenéus Atlânticos


2019 já não foi um ano de grandes viagens. O seguinte, muito menos, sobretudo a partir do primeiro trimestre, quando toda a gente passou a ficar confinada a passeios na sua rua e pouco mais. Dos anos anteriores, todavia, resta-nos a memória, esse cofre de  momentos marcantes, onde guardamos os nossos tesouros mais cativantes. Revendo o passado, enriquecemos o presente e projectamos o futuro. Por enquanto, retrocedemos alguns anos no tempo. Elegi 4 viagens, em 4 países, em 4 anos diferentes, arrumados em 4 minutos de vídeo. Vou privilegiar as imagens face ao texto. Hoje, vamos a 

 

FRANÇA, PIRENÉUS ATLÂNTICOS, 2009

 



Durante anos a fio percorremos de moto a “nacional” que levava a Madrid, quer fosse para assistir às provas no circuito de Jarama, quer para ir além Pirenéus. 
Próximo da ponte que atravessava o Tejo na região de Almaraz, era costume parar para reabastecer, após concluir umas quantas curvas valentes, algumas delas autênticos ganchos. A esse troço, chamávamos-lhe “serra” e terminava aqui junto do lago que o Tejo formava. Hoje, o restaurante está em ruínas e o posto de abastecimento já não existe.

O alvo era agora Siguenza, um burgo medieval situado a cerca de duzentos quilómetros de Saragoça. Quando o alaranjado do ocaso iluminou as muralhas egrégias do castelo, erigido sobre uma colina que domina o casario da pequena encosta, pensei que descobrir Shangrila ou El Dorado devia ser semelhante. Afinal, era "apenas" o Parador de Siguenza. Estava no local certo, à distância que prevíramos, local sossegado e atraente. Ficamos entre muralhas.

No dia seguinte, serpenteámos até Roncesvalles. Assim foi, até à famosa localidade que ainda faz parte do célebre Caminho de Santiago. Trata-se de uma terra pequeníssima com alguns alojamentos, um complexo de edifícios religiosos e lojas de recordações. Dispõe ainda de um parque de merendas, sendo sobretudo um lugar de paragem mais que não seja para recuperar alguma energia e arremeter para Santiago ou pela montanha. Foi o que fizemos, antes de começar a trepar os Pirenéus.


O nosso destino dos próximos dias, Saint Martin D'Arrossa, estava a quase 1200 quilómetros percorridos desde casa. Parecia estar praticamente a chover quando deixámos a recepção do hotel, rumo ao quarto que nos estava destinado no anexo. Naquela região, a hotelaria não tem muitas camas, pelo que é difícil alojar um grupo grande no mesmo edifício.

Juntaram-se 25 motos, 14 espanholas, 8 portuguesas, 3 francesas. 
Corria uma certa aragem na manhã do dia seguinte. Quando saímos da primeira prova de enchidos, começou a chover. Embora o céu estivesse plúmbeo, o ambiente coloria-se pelo vermelho das portadas e das malaguetas deixadas a secar nas varandas de madeira pintada.


Mais á frente, foi a vez de visitarmos uma cooperativa de fabricação de queijos de recente formaçãoAlém de produzirem ainda com algumas técnicas artesanais, as ovelhas que ordenham são de uma raça autóctone ainda levada pelos pastores para os viçosos pastos pirenaicos.


A primeira visita da manhã do dia seguinte, levou-nos a um lagar da regiãoonde são fabricados os tintos, os ubíquos rosés, e alguns vinhos brancos. Não fizeram grandes adeptos entre os portugueses. Detalhe curioso, o facto de cortarem as parras das videiras para melhor deixarem penetrar o sol nas uvas.

Daí a pouco, estávamos em Saint Jean Pied de Portvila que pertence ao Caminho de Santiago, Património da Humanidade. O castelo, a rua principal e a ponte são de visita obrigatória. Talvez por isso estes locais enxameassem de turistas. Muitos dos forasteiros eram peregrinos, outros jovens em campos de férias, outros vizinhos espanhóis, outros emigrantes portugueses.

Depois de almoço, quais lagartos pirenaicos, saímos do restaurante para a apanhar uma réstia se sol quente. Aproveitámos para dar dois dedos de conversa e pousar para o fotógrafo, numa cálida sessão que apanhou... da esquerda para a direita, António Zamith, Carlos Cordeiro, Quim Soares, António (vizinho português do Bernard), José e Lena Marques, Pinto dos Santos, António Carvalho, Julieta Libório e António Branco.


Mais tarde, voltámos à estrada. Quanto mais alto estávamos, menos vegetação alta nos acompanhava. A partir de determinado ponto, os penedos sobrevieram tal como se estivéssemos nas Beiras. Ao longe, via-se gado, sobretudo ovelhas e vacas e, no ponto mais alto que atingimos, eram cavalos que também por lá se passeavam.

À noite, a cidra foi rainhaRumámos a uma cidraria que distava cerca de dez quilómetros do hotel, já nos arredores de Saint Jean. Propriedade de um motociclista francês, a cidraria dispunha de dois tonéis embutidos na parede, de onde jorrava, através de pequenas torneiras, a célebre bebida de maçã. Uma boa ideia do Bernard.


No final do jantar, o Bernard, organizador do passeio, fez a habitual distribuição de recordações do evento. A nós, calhou-nos uma garrafa de cidra, e um 'cooler' em barro mercê de termos sido os que haviam viajado de mais longe. A outros, a sorte cobriu-os com véus...


Seríamos os primeiros portugueses a sair no domingo. Viajaríamos sós, tal como sucedera para lá. Próximo de San Sebastian já chovia. O regresso estragava-se. No entanto, até Vitoria, o tempo arranjou-se. Nos arredores de Palência, já se sentia o calor do sol a malhar nos blusões e foi assim até Vilar Formoso. Depois, nem uma aragem e, perto da Guarda, o calor já era impressionante, a roçar os 40 graus.





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