sexta-feira, 8 de junho de 2018

Japão. Tóquio, Instantes da RUA



O espaço público é exíguo.
Sobretudo o espaço viário, ruas, avenidas e passeios.
Ruas apertadas, algumas com sentido único, confluem para avenidas de três faixas de rodagem nos dois sentidos.
Há algumas ruas destinadas apenas ao trânsito pedestre, muitas exclusivamente com lojas ou bares.
O trânsito, especialmente fora das horas de ponta, é diminuto.
É possível que durante um minuto ou dois não passe um único veículo numa avenida.




As vias secundárias são estreitas, muitos passeios estão marcados no alcatrão.
Só estaciona quem tiver garagem.
Ou um pátio disponível, ou acesso a estacionamento colectivo.
Não há veículos estacionados nas ruas.
A vista vai das montras das lojas para as flores do outro lado do passeio.


DAS GARAGENS E DO ESTACIONAMENTO


Mas há carros enfiados, literalmente, em garagens minúsculas.
Ou garagens tão curtas e/ou tão baixas que deixam parte do carro de fora.
O comprimento e a altura de alguns carros é um problema.
Sobretudo, tendo em conta a exiguidade dos espaços disponíveis.
Há medidas que surpreenderam os japoneses.


Nas avenidas, também não é fácil parar, ainda menos estacionar.
na maioria dos casos, os lugares disponíveis estão dedicados.
Os parques encontram-se no subsolo dos edifícios,
Muitos, com entrada e saída única (através de elevador exclusivo).
Outros, no exterior, organizam-se em estruturas metálicas.
Parecem autênticas construções Meccano.
A rua partilha veículos e pessoas.
Os passeios, porém, são exclusivamente para seres vivos.


O que não quer dizer serem amplos.
Apenas nas avenidas das grandes zonas comercias ou na proximidade do palácio imperial, os passeios são generosos.
Nas zonas residenciais, basta por vezes uma faixa de um metro pintada no asfalto para indicar o passeio. 




Há veículos que param durante mais tempo na via pública.
São os comerciais e os de transporte de pessoal.
E os que podem parar em frente das (grandes) empresas.
Poucos. São veículos da administração e afins.
Percebe-se pelos motoristas que aguardam dentro de veículos topo de gama.



Na cidade, bem como nos arredores, a adaptação é a palavra-chave.
Os veículos de transporte colectivo, bem como muitos comerciais, estão adaptados à dimensão das ruas, ao número de pessoas e ás dimensões dos produtos a transportar.



Na maioria das ruas mais pequenas, a circulação é dedicada praticamente a peões.

Raros são os veículos que aí circulam.
O exclusivo vai para os de abastecimento e residentes com destino a parques ou garagens.



















Há alguma tolerância para com as motos.
Vimos duas ou três em cima do passeio na zona residencial.
Mas, nas zonas nobres, poucas motos se veem.
E não há motos estacionadas nem cima dos passeios.
Vimos, porém, nessa área, uma pequena scooter.
Estava a ser alvo de “curiosidade” por parte da polícia.
De tal maneira, que a fotografaram, particularmente a matrícula.






Em zonas residenciais, mais afastadas do(s) centro(s),
a condescendência estende-se de acordo com o espaço disponível.
A tolerância está de acordo com a dimensão do veículo.
Mas, sobretudo, com o espaço disponível.
Porém, até nos arredores, na periferia de Yokohama, por exemplo, não se viam muitos veículos estacionados em espaço público.
Que é exíguo.

DAS PESSOAS, NAS RUAS



Há muita gente na rua.

Sobretudo às horas de ponta.
O passo é curto mas rápido.
É raro pararem, a não ser quando está previamente estabelecido.
Raros são os que andam de "cabeça no ar".
Em princípio, são estrangeiros.
Todos têm um destino, mesmo que seja uma compra, um aperitivo ou o escritório.



Há grandes aglomerados de pessoas sobretudo junto dos terminais de
transportes públicos.
Um dos mais espectaculares é o cruzamento em Shibuya Crossing, a célebre passagem de peões, onde estes se cruzam na diagonal.
Trata-se do espaço contíguo à Estação de Shibuya, onde operam quatro companhias de transportes.



Todavia, mesmo com tanta gente a atravessar nas passadeiras, praticamente ninguém se toca.
Nós passámos em Shibuya Crossing e a sensação de conforto e surpresa obrigou-nos a passar outra vez.
Parece impossível como é que as pessoas passam com tanto à vontade umas pelas outras.
E não há ninguém a deixar cair nada, a chamar o amigo na outra ponta, a virar sem aviso.




A atenção com o outro, com os demais, é de tal maneira respeitada que a dificuldade é ver a excepção.
Ou seja, a falta dela.
E quando o carácter não organiza a vida, a organização vem dar uma ajuda.
No Metro, sobretudo, deixar a via direita aberta para queira ir mais depressa ou para uma emergência, é regra.


DA PROVÍNCIA



Na província, o espaço também escasseia.
As estradas nacionais são estreitas e as bermas também.
Na zona urbana, a dimensão das ruas acompanha a exiguidade do espaço.
Na zona rural, mesmo em áreas de moradias, p.e. na montanha, não há muito espaço disponível.
Os quintais são pequenos e os acessos estreitos.



A rua também surpreende por outras apropriações do espaço.
Os postes exteriores com ligações eléctricas parecem ouriços.
Tantos são os cabos ligados a um poste que não deve haver problema em ligar mais um todos os dias.



Parecem caóticos, aqueles novelos de fios eléctricos.
Mas é capaz de ser funcional.
Talvez até lá devem ter ligações telefónicas.
Esteticamente, porém, é capaz de ser dos ambientes menos conseguidos.s.


DAS LOJAS E DAS ZONAS COMERCIAIS


Outro espaço de rua que não difere dos ocidentais é o das ruas com lojas de recordações, artesanato simples e utilidades.
O  modelo é semelhante ao nosso: lojas de um lado e de outro da rua.


Takeshita Dori é um caso desses, estreita mas comprida, muitas lojas de pequena dimensão.
Aqui há de tudo, em plástico, em tecido ou em metal, sobretudo produtos populares, pouco sofisticados.
A dinâmica da rua faz-se muito dos compradores. Os vendedores não publicitam os seus produtos com alarde.


Nakamise Street, que dá acesso ao templo Sensoji, é especializada em recordações de Tóquio.
Já Akihabara, Shybuya, Omotesando e Ginza, são zonas comerciais onde as lojas têm maior dimensão.
Algumas, estendem-se por diversos andares, outras são especializadas em determinados produtos, outras reúnem-se em centros comerciais.


Uma outra área reúne pequenas lojas com produtos de colecção, requinte ou sofisticação, Harajuku.
O comércio desaparece em Chiyoda, por exemplo, nas imediações do palácio imperial.


A RUA DIURNA, A RUA NOCTURNA E ENTRE AMBAS






A face da rua diurna mostra um dinamismo extremo.

Embora tudo se passe com tranquilidade, todo o ambiente parece estar dedicada às múltiplas e contantes actividades em que toda a agente parece estar engajada.
Não há pessoas ociosas, tarefas inúteis ou comportamentos supérfluos.
Toda a gente parece ter um destino. Para lá chegar, parecem ter todo o itinerário planeado.


Entre a face diurna e nocturna há um intervalo.
As ruas transfiguram-se nesse tempo, sobretudo de cor, brilho e luz.
As fachadas dos prédios das zonas comerciais ganham vida.
Os seres vivos deixam de ser protagonistas e os prédios individualizam-se.
Por vezes, é cada andar que se personaliza.



A animação das cores, do brilho e da luz alia-se à dinâmica da hora de ponta.
O formigueiro humano junta-se ao cintilar, à diversidade e à exuberância das luzes. 
E surge, por exemplo, a animação da banda desenhada tornada realidade.
De repente, uma quantidade de Mario's Bros aparece ao volante de karts nas avenidas da zona comercial.


A face nocturna da rua é oposta.
Quanto mais tarde, menor é a presença humana na rua.
A actividade resume-se aos serviços de conveniência, salubridade, transportes e pouco mais.
Os japoneses deitam-se cedo.
As ruas ficam desertas a partir da hora de jantar.
Por volta das oito da noite as zonas residenciais “fecham”.
Mas as ruas das compras continuam vivas.


Mesmo assim, apesar de alguma aridez humana, o ambiente continua a ser tranquilo.
O (já pouco) ruído diurno atenua-se significativamente.
Até parece que devemos falar mais baixo, para não incomodar.
Agora, com a noite, as referências passam as ser as luzes.
Sobretudo, as dos edifícios mais altos.
Ou das torres.



Assim como os reclames luminosos das empresas e dos produtos.
ou a iluminação dos parques, por pequenos ou estreitos que sejam.
Nas zonas residenciais a luz vai-se desvanecendo à medida que as ruas são estreitando.
Mesmo assim, a "meia-luz", a segurança parece nunca estar em causa.

RUAS SINGULARES


É caso para dizer: só aqui!
Realmente, aqui tem de ser assim.
É preciso informar.
Tsunamis, monções, tremores de terra, são frequentes.
Por tal, há que indicar os caminhos de fuga mais seguros.




















Informação, não falta.
Desde cartazes, a letreiros luminosos, a indicações pintadas no chão.
Quando tudo parece suficiente, ainda há sinaleiros.
Basta uma pequena obra - um passeio, uma conduta, algo que obrigue a alterar caminho, e lá estão dois sinaleiros.
Um no início e outro no fim da obra.