sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Festival Aura, Do MUSA à Regaleira


Está dedicado aos sentidos.
Sobretudo aos olhos que se regalam com a luz.
Mas também há som que vem das profundezas.
E brumas que assombram a paisagem.
É o panorama de mais uma noite de Aura.


Domingo, meados de Agosto.
Uma noite suave, com uma ligeira brisa.
Sintra, como é habitual.
Mas a fazer a este Verão calorento.


O percurso sofreu poucas alterações.
Os quadros, esses, eram diferentes.
O que se destaca é sobretudo a luz.
Além do vídeo mapping, de performances,
e até de um concerto de música do mundo.
E a arte. Sintra é especial nesse capítulo. 


É possível começar do princípio.
Pelo Ego, evidentemente.
Depois, raios e coriscos. E enigmas.
A Ciência Viva a manifestar-se.
Misteriosamente a desafiar a curiosidade.
Científica ou não.
Deixámos para o fim.

 

Começámos numa esquina, perto da Correnteza.
Onde uma espécie de Dervixe gigante, com uma enorme saia iluminada, lia.
Lia, lia, lia e deitava folhas ao vento.
Diziam ser memórias.
E era sobretudo às crianças que as lançava.
 

Vamos pela rua estreita que leva à Casa Mantero.
Lá, paredes-meias com a biblioteca, confirmamos que estavamos ali.
“You Are Here”, tinha cor e música, ao ritmo do movimento.
A alegria da interacção e da construção colectiva.
Ficava-se por ali, divertido.

 

Não fosse aquele estranho tubo fluorescente estendido na Correnteza.
O ambiente ganhava uma aura de mistério,
Com verdes fortes e cativantes a circularem por cima das nossas cabeças.
Que, aliás, dava cabo das melhores intenções de fotografar.
Por isso, descemos até à zona de pintura.
Estavam no início da criação do Multiverso.
Prometia.


Mais à frente, o palácio, o castelo, o palacete dos Penedos e a vila cintilam.
A caminho da Curva do Duche dominava a luz incomum
De repente, é uma espécie de grupo de mineiros que surge da bruma.
Trazem lanternas, fatos-macaco e vão empurrar uma espécie de olharapo.
É um ritual de luz, de movimentos, de sons.
Vão até à Curva do duche.
Deixamo-los lá.

 

Avançamos para a fonte Mourisca.
Depois, para a fachada do palácio da Vila.
Já a vi com aspecto mais atraente.
Hoje, a proposta é demasiado geométrica.
Geometrias que se vão transformando noutras.
Mas não deixa de ser interessante.

 

A meio-caminho, uma ou outra instalação não prende.
Não avançamos para a Regaleira.
Iríamos lá em breve.
Fomos pela música que surgia desde o parque da Liberdade.
Ouvia-se na Curva do Duche.
Enquanto os olharapos ainda trepavam os caminhos do parque.
E culminavam com luz enigmática e nevoenta.

 

Passamos de novo pela pinturas luminosas.
Está mais gente e não é fácil ver o desempenho dos dois pintores.
Notam-se agora mais detalhes.
Descobrem-se uma coruja e uma aranha.
A obra está quase acabada.


Voltamos ao espaço interactivo da Ciência Viva.
Aqui, o destaque vai para o digital e para a energia.
Mas também para esculturas ópticas e cinéticas.


É a Com-Ciência da arte em experimentação.
Há interacção ou explicações com apoio.
Parece mais impessoal do que no ano passado.


Regressamos à rua.
Atravessamos a Estefânia sob um túnel de caixotes luminosos.
Estão empilhados e, felizmente, ninguém lhes deu um piparote.
São as Metamorfoses.
No fim, a mudança.


No fim, no fim, podia ter sido o princípio.
Foi mesmo o Ego que estivemos a observar.
O dos outros, que se sujeitavam à cópia do que fazem.  
Os que gostam de imitações de si.
Um Ego que dança, anda, se esconde, levanta e baixa os braços.



O vídeo, já na linha de baixo

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