Creoula, Portugal |
Lá vem a Nau Catrineta,
que tem muito que contar!
Ouvide, agora, senhores,
Uma história de
pasmar.
Poema
anónimo
Os
Tall Ships voltaram a Lisboa. Estiveram
atracados no Passeio dos 7 Mares, em Santa Apolónia e, como em
anteriores edições, disponíveis para receber visitas. Zarparam, em desfile
náutico pelo Tejo na última segunda-feira de Julho.
Mir, Rússia |
Pogoria, Polónia |
Bolivar, Venezuela |
Se
o rio estava pleno de todo o tipo de embarcações que acompanharam o desfile
durante largo tempo – julgo que exceptuando os habituais cacilheiros e os
cargueiros -, nas margens estavam milhares de pessoas que assistiam ao evoluir
dos Tall Ships.
Amerigo Vespuci, Italia e Belem, França |
Uma das áreas que tinha mais público - e também mais carros mal estacionados - foi a zona de Belém, entre o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém. Notava-se sobretudo a afluência pela parede humana que se estendia ao longo da margem.
Quando
chegámos, já muitas das embarcações estavam perto da ponte 25 d Abril numa
espécie de grelha de partida. Com efeito, seria dali que partiriam para a
segunda etapa da regata.
Amerigo Vespuci, Italia |
Pareceu-me
que, por volta das três da tarde a Vera Cruz já ia em Algés e o Crioula não
estava longe. Iam a “meio Tejo”, mais próximo da margem direita, mas rumariam
pouco depois a sul, em direcção a Cádiz, onde permaneceriam alguns dias.
Talvez seja aquela leveza estranha que os embala mar fora ou a ausência de esforço com que rompem as ondas. Talvez seja a estética das velas ou o esguio do casco, a magreza dos mastros, a flexão das velas, o passar leve ou voador. Talvez seja tudo isto. Até talvez seja também o desfile, o desafio, a aventura.
Belem, França
|
Ou talvez seja apenas a poesia que acompanha o marear, uma inspiração para os que partem e para os que observam as naves a fazer-se ao mar. Talvez seja um inebriar de sentidos, uma comunhão com as águas que iluminam e guiam o destino dos marinheiros.
Seja o que for que leva uns a partir e outros a acompanharem essa deriva marítima, a verdade é que as pessoas estão lá, vão, gostam, admiram, alegram-se ou simplesmente observam. Muitos voltarão, uns para velejar, outros para ver os outros zarparem.
“E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo
engenho ardente,
Se sempre em verso humilde
celebrado
Foi de mim vosso rio
alegremente,
Dai-me agora um som alto e
sublimado,
Um estilo grandíloquo e
corrente,
Porque de vossas águas, Febo
ordene
Que não tenham inveja às de
Hipoerene.”
“Os
Lusíadas” de Luís Vaz de Camões, Canto I, Estrofe 4
vídeo em https://vimeo.com/195816759
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