Esteve patente no
Museu da Electricidade até Abril deste ano. Ocupava o piso de exposições com
cerca de 150 ilustrações. O espaço de mostra traduzia uma grande diversidade de
áreas da ilustração dedicada às crianças, à publicidade e ao desenho animado.
A exposição dedicava
um espaço generoso a Serge Bloch, a Alice Vieira, e o restante a meia centena
de ilustradores, estando estes distribuídos por um dos corpos do espaço, com os
seus trabalhos expostos em vitrinas individuais.
Alice Vieira é uma
conhecida autora de livros infantis, que publica regularmente romances juvenis,
poesia e teatro. Mas a enfase dada a Serge Bloch não foi apenas na ilustração
infantil, mas também pela publicidade e desenho animado.
Em Serge Bloch, que
está num patamar de criatividade especial, é o traço que o identifica. Embora
haja texto, o deseja (já) fala por si, é expressivo, minimalista, tem dimensão
e é simultaneamente simples e sofisticado e inteligente na intenção.
Além do
significado, da prosa, da intenção, da ilustração, a estética está sempre
presente até nas obras mais minimalistas. A forma, a cor, o traço, a mancha,
concorrem para atrair a curiosidade, o olhar, o sentido e o gosto. Os diversos ‘cacifos’
individualizavam essa escolha.
E havia muito por
onde escolher, por onde deixar o apetite, por onde deliciar os sentidos. As
estruturas de exposição, também elas minimalistas – não fossem aqueles
terríveis feixes de luz sobre as ilustrações que nas fotografias parecem rosáceas
alvas – davam uma leveza e simplicidade particulares ao espaço.
Deambula-se então por
Cecília Moreno, com “Já contei os dentes do cão”, por Daniel Dolz, com
“Apanhado” e “Recreio”, e pelos guaches de Laurent Moureau, o “Cobarde” e ”Olá,
tu! ”.
Depois, passamos
pelas técnicas mistas de Daniel Gray, intitulad ”Dança das coisas perdidas“, e
a(s) “Fada(s) boa(s)”, de Fabienne
Cinquin e ainda pelo “Clube” de Ale + Ale.
Andámos também
perto dos acrílicos de Catarina Sobral, “6 da tarde” e “Aviões de papel”, bem
como junto das excêntricas ilustrações de “Farfelus”, de Miguel Tanco.
Miguel Tanco |
Gostei
particularmente das ilustrações da holandesa Nelleke Verhoeff, sobre um livro
do poeta e escritor de livros infantis, Geert De Kockere, cuja abordagem de
dualidades estimula o pensamento para não se fechar, para procurar novas
perspectivas, novos horizontes.
O livro, “Stil Verwateren”,
está em http://www.pigmalion.be/Verwateren/#.
As ilustrações dão a ideia de que há sempre uma alternativa, uma outra face mesmo
sendo da mesma pessoa, um possível reposicionamento da perspectiva humana.
Voltamos aos
espaços de Bloch e de Alice Vieira onde as áreas eram maiores e permitiam a exposição
na vertical, nas paredes ou em expositores suspensos, onde havia outros tipos
de estruturas.
Saímos para o
pátio do museu e para a vista do Tejo, também ele harmonioso e inspirador,
luminoso e límpido, uma ilustração viva do
nosso quotidiano, sobretudo dos que fazem do rio um companheiro diário.
fui pela estética e pela diversidade. Dos traços, da cores, da dimensão. Bem procurei alguma imagem que, de alguma maneira, tenha herdado da minha infância. Mas não descobri nenhuma. com tantas outras coisas, a ilustração também muda, também se vai adequando ou transformando.
fui pela estética e pela diversidade. Dos traços, da cores, da dimensão. Bem procurei alguma imagem que, de alguma maneira, tenha herdado da minha infância. Mas não descobri nenhuma. com tantas outras coisas, a ilustração também muda, também se vai adequando ou transformando.
O vídeo em https://vimeo.com/185492398
Música: Gnomon, , Verde Débil