terça-feira, 4 de outubro de 2016

IlustrArte



Esteve patente no Museu da Electricidade até Abril deste ano. Ocupava o piso de exposições com cerca de 150 ilustrações. O espaço de mostra traduzia uma grande diversidade de áreas da ilustração dedicada às crianças, à publicidade e ao desenho animado.

Esta mostra contemplou também um concurso, no qual se inscreveram 1700 ilustradores. O prémio maior foi para a espanhola Violeta Lopez que ilustrou um texto poético de Claudio Thebas que conta a estória de uma criança que deambula com amigos pelas ruas de um bairro.
A exposição dedicava um espaço generoso a Serge Bloch, a Alice Vieira, e o restante a meia centena de ilustradores, estando estes distribuídos por um dos corpos do espaço, com os seus trabalhos expostos em vitrinas individuais.
Alice Vieira é uma conhecida autora de livros infantis, que publica regularmente romances juvenis, poesia e teatro. Mas a enfase dada a Serge Bloch não foi apenas na ilustração infantil, mas também pela publicidade e desenho animado.
Em Serge Bloch, que está num patamar de criatividade especial, é o traço que o identifica. Embora haja texto, o deseja (já) fala por si, é expressivo, minimalista, tem dimensão e é simultaneamente simples e sofisticado e inteligente na intenção.
Além do significado, da prosa, da intenção, da ilustração, a estética está sempre presente até nas obras mais minimalistas. A forma, a cor, o traço, a mancha, concorrem para atrair a curiosidade, o olhar, o sentido e o gosto. Os diversos ‘cacifos’ individualizavam essa escolha.
E havia muito por onde escolher, por onde deixar o apetite, por onde deliciar os sentidos. As estruturas de exposição, também elas minimalistas – não fossem aqueles terríveis feixes de luz sobre as ilustrações que nas fotografias parecem rosáceas alvas – davam uma leveza e simplicidade particulares ao espaço.
Deambula-se então por Cecília Moreno, com “Já contei os dentes do cão”, por Daniel Dolz, com “Apanhado” e “Recreio”, e pelos guaches de Laurent Moureau, o “Cobarde” e ”Olá, tu! ”.
Laurent Moreau
Daniel Dolz
Depois, passamos pelas técnicas mistas de Daniel Gray, intitulad ”Dança das coisas perdidas“, e a(s) “Fada(s) boa(s)”, de  Fabienne Cinquin e ainda pelo “Clube” de Ale + Ale.
Daniel Gray
Fabienne Chinquin
Andámos também perto dos acrílicos de Catarina Sobral, “6 da tarde” e “Aviões de papel”, bem como junto das excêntricas ilustrações de “Farfelus”, de Miguel Tanco.

Catarina Sobral
Miguel Tanco

Gostei particularmente das ilustrações da holandesa Nelleke Verhoeff, sobre um livro do poeta e escritor de livros infantis, Geert De Kockere, cuja abordagem de dualidades estimula o pensamento para não se fechar, para procurar novas perspectivas, novos horizontes.



O livro, “Stil Verwateren”, está em http://www.pigmalion.be/Verwateren/#. As ilustrações dão a ideia de que há sempre uma alternativa, uma outra face mesmo sendo da mesma pessoa, um possível reposicionamento da perspectiva humana.




Voltamos aos espaços de Bloch e de Alice Vieira onde as áreas eram maiores e permitiam a exposição na vertical, nas paredes ou em expositores suspensos, onde havia outros tipos de estruturas.

Saímos para o pátio do museu e para a vista do Tejo, também ele harmonioso e inspirador, luminoso e límpido, uma ilustração viva do nosso quotidiano, sobretudo dos que fazem do rio um companheiro diário.
fui pela estética e pela diversidade. Dos traços, da cores, da dimensão. Bem procurei alguma imagem que, de alguma maneira, tenha herdado da minha infância. Mas não descobri nenhuma. com tantas outras coisas, a ilustração também muda, também se vai adequando ou transformando.

O vídeo em https://vimeo.com/185492398
Música: Gnomon, , Verde Débil