É
raro visitar exposições de fotografias. Talvez porque a net está cheia de
imagens, também eu faça fotografias, ou estejam habitualmente expostas em locais
acanhados. Por isso, talvez não vá. Ou, ao contrário, sejam justificações para
ir. Porque são exclusivas, porque têm uma apresentação diferente, porque
obrigam a ir ao local onde estão.
Sendo
uma exposição de fotografias premiadas, há o incentivo dessa particularidade. Como seja a que está a decorrer no Museu da Electricidade, em Lisboa. O World
Press Photo Contest laureou 53 fotografias, de entre quase 100 mil a concurso. Competiram
mais de 5 mil fotógrafos de 132 nacionalidades. É o resultado dessa escolha que
está exposto no andar superior do museu.
As
fotografias exibem algumas características comuns. A que mais me surpreendeu
foi o conteúdo. A maioria dos conteúdos é dramático, provocador, mas também
muito humano e desafiante. A maior parte das imagens elege como alvo a
violência natural ou humana, conflitos armados, terrorismo, cataclismos,
doenças e respectivas vítimas.
Vítimas
de um tufão nas Filipinas, de um atentado bombista em Boston, de violência
doméstica, de discriminação de género, da guerra civil síria, de problemas
mentais, de um massacre terrorista no Quénia, do colapso de um prédio no Bangladesh,
de um blackout em Gaza, do crime organizado, dos efeitos de ferimentos em
combate, de morte.
São
fotografias impressionantes. Por isso, capazes de nos sensibilizar e de nos
assustar. Sendo imagens imóveis, ficam mais tempo, reforçando a impressão. Têm
provavelmente mais força do que outras, semelhantes, passadas através de outros
meios, até mesmo da televisão, onde certas imagens já se banalizaram.
São
alguns retratos, imagens da natureza, e do desporto (embora nem todas), que
suavizam a intensidade dramática da maioria das fotografias expostas. No
entanto, poucas são as que não têm uma mensagem, melhor, um significado
associado, por mais inocentes que possam parecer.
Muitas são intrigantes, especialmente
as que envolvem pessoas diferentes, pessoas que por razões diferentes vivem de maneira
diferente. Parecem estabelecer um contraditório, um reverso,
especialmente as que traduzem modos de vidas pacíficos e alternativos.
Fotografar
fotografias parece redundante. Ir é necessário. Depois, olhar apenas é suficiente. O sítio e o espaço de exposição são também eles diferentes. As “photos” estão aqui na versão
digital, em https://www.worldpressphoto.org/awards/2014