sexta-feira, 30 de maio de 2014

World Press Photo

É raro visitar exposições de fotografias. Talvez porque a net está cheia de imagens, também eu faça fotografias, ou estejam habitualmente expostas em locais acanhados. Por isso, talvez não vá. Ou, ao contrário, sejam justificações para ir. Porque são exclusivas, porque têm uma apresentação diferente, porque obrigam a ir ao local onde estão.

Sendo uma exposição de fotografias premiadas, há o incentivo dessa particularidade. Como seja a que está a decorrer no Museu da Electricidade, em Lisboa. O World Press Photo Contest laureou 53 fotografias, de entre quase 100 mil a concurso. Competiram mais de 5 mil fotógrafos de 132 nacionalidades. É o resultado dessa escolha que está exposto no andar superior do museu.
As fotografias exibem algumas características comuns. A que mais me surpreendeu foi o conteúdo. A maioria dos conteúdos é dramático, provocador, mas também muito humano e desafiante. A maior parte das imagens elege como alvo a violência natural ou humana, conflitos armados, terrorismo, cataclismos, doenças e respectivas vítimas.

Vítimas de um tufão nas Filipinas, de um atentado bombista em Boston, de violência doméstica, de discriminação de género, da guerra civil síria, de problemas mentais, de um massacre terrorista no Quénia, do colapso de um prédio no Bangladesh, de um blackout em Gaza, do crime organizado, dos efeitos de ferimentos em combate, de morte.
São fotografias impressionantes. Por isso, capazes de nos sensibilizar e de nos assustar. Sendo imagens imóveis, ficam mais tempo, reforçando a impressão. Têm provavelmente mais força do que outras, semelhantes, passadas através de outros meios, até mesmo da televisão, onde certas imagens já se banalizaram.
São alguns retratos, imagens da natureza, e do desporto (embora nem todas), que suavizam a intensidade dramática da maioria das fotografias expostas. No entanto, poucas são as que não têm uma mensagem, melhor, um significado associado, por mais inocentes que possam parecer.
Muitas são intrigantes, especialmente as que envolvem pessoas diferentes, pessoas que por razões diferentes vivem de maneira diferente. Parecem estabelecer um contraditório, um reverso, especialmente as que traduzem modos de vidas pacíficos e alternativos.
Fotografar fotografias parece redundante. Ir é necessário. Depois, olhar apenas é suficiente. O sítio e o espaço de exposição são também eles diferentes. As “photos” estão aqui na versão digital, em https://www.worldpressphoto.org/awards/2014