quinta-feira, 22 de maio de 2014

O Tempo Resgatado ao Mar



Há alguns anos que a arqueologia subaquática não vinha à tona de água.
É raro ver testemunhos do passado - estribos, pontas de machados, chaleiras, compassos, pequenas figuras decorativas, lanças - tantos anos submergidos. 
Por isso, puxa-los para a superfície do olhar é bem-vindo.
É essa a proposta da exposição, "O Tempo Resgatado ao Mar", patente no museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.
Há na exposição um fascínio pelas peças.
Uma espada que já partilhou muito com o mar.
Fivelas que não se deixam intimidar (nem) pela água salgada.
Moedas incrustadas em rochas.
Um par de brincos em ouro que parecem novos.
Sextantes, uns irrepreensíveis.
Muitos parecem novos, a estrear.
Outros, deram-se bem com o mar.
Outros, têm uma pátina decorrente das transformações químicas entre os materiais.
Outros ainda, aproveitaram capas naturais para se resguardarem dos efeitos da água.
Outros ficaram para sempre grudados.
São objectos resgatados ao mar, ocultos durante décadas ou séculos, provenientes de ambientes desconhecidos, praticamente inacessíveis e que trazem associados história e transformações químicas.
São mais de 300 peças, entre sobretudo, cerâmicas, metais e madeiras, recuperadas do fundo do mar e dos rios
Algumas dessas peças nunca estiveram em exposição.
Abrange-se um período extenso, desde a Antiguidade até ao século passado.
A diversidade das peças passa por, cordames, faianças, armas, jóias, barros, moedas, pratos em metal, talheres.
Alguns continuam mesmo mergulhados no ambiente em que foram encontrados.
Como é o caso de uma espada e de um mosquete, envolvidos numa espécie de conglomerado (areia, conchas, pedras).


O fascínio pelas peças passa não só pela respectiva genialidade artística, mas também pela sua utilidade técnica e história associada.
É o caso de uma piroga, encontrada no rio Lima, datada entre os séculos VII e IX. https://www.facebook.com/pages/Museu-Nacional-de-Arqueologia/308510899048


África Reencontrada.
O Ritual e o Sagrado em duas colecções
públicas portuguesas

Ao fundo desta exposição há uma outra, mais pequena, também temporária, intitulada, “África Reencontrada. O Ritual e o Sagrado em duas colecções públicas portuguesas”.
Trata-se de uma organização tripartida entre a Direcção Geral do Património Cultural, o Museu Nacional de Arqueologia e o Instituto de Investigação Científica Tropical.
São sobretudo objectos rituais, de festa e/ou de culto religioso, mas também de poder, ou como é comummente aceite em ciências sociais, objectos pertencentes à esfera mágico-religiosa e à da simbologia de poder.
São máscaras, adornos, bastões, que fazem parte dos cerimoniais, neste caso de comunidades guineenses e angolanas.
Trata-se de materiais simples, madeira sobretudo, associados aos ritos das tradições das comunidades.
Assumem simbolicamente uma condição que aliam ao seu possuidor ou utilizador.
São também peças artísticas de produção artesanal, habitualmente distintas umas das outras por semelhantes que sejam.  
As exposições estão bem iluminadas, são espaçosas e a informação escrita não é exaustiva (felizmente).
A entrada é gratuita ao domingo de manhã.
Percorre-se em meia-hora, talvez o dobro se se atender aos detalhes.
E há bastantes.
Um deles, por exemplo, na exposição sobre os achados subaquáticos mostra uma tsuba - parte protectora de uma catana/sabre japonês - encontrada numa nau portuguesa que naufragou à vista de Lisboa.


Demonstração de Kenjutsu


Esta descoberta foi mote para uma demonstração de Kenjutsu, apresentada como 'arte da lâmina', na Noite dos Museus, que aconteceu no último sábado, 17 de Maio, protagonizada por elementos da Associação de Bugei de Portugal.

A apresentação começou pela parte prática da arte na vertente modelar (katas).

Concretizada no exterior, exactamente à porta do museu, sob o "olhar" de um guerreiro lusitano esculpido em pedra.
Passou depois para o interior do museu, para junto da peça em exposição, onde foi feita uma abordagem histórica e técnica do objecto, da diversidade de estilos e dimensões, do trabalho artístico - onde até os motivos cristãos apareciam -, da utilização social - uma vez que eram apenas os samurais que podiam utilizar os sabres -, além de outros aspectos culturais relacionados com a história dos samurais e do Japão.


vídeo da demonstração - versão curta
música: Young Taiko Drumers

ligação para a versão completa do vídeo


Todo Este Chão


“À Noite no Museu” contemplou ainda uma actuação de um grupo musical composto por dois guitarristas e de um contrabaixista, acompanhados por uma voz feminina, num espectáculo da autoria de Ricardo Fonseca, intitulado “Todo Este Chão”, e que interpretou temas de música portugueses.

versão única de vídeo