Mais de setenta por cento da terra é ocupada por mar.
Agosto 2008
O Oceanário, entitulado Oceanogràfic em catalão, é um complexo subterrâneo de aquários e túneis, que acolhe leões-marinhos, belugas, tubarões, cavalos-marinhos, medusas, pinguins de Magalhães, etc, etc. Culmina num conjunto de piscinas que alojam doze golfinhos, protagonistas de um espectáculo de natação e acrobacias. Integra ainda uma gaiola gigante com habitats de aves e anfíbios da Península Ibérica.
Se a imponência do edifício, a dimensão dos aquários e respectivo recheio do Oceanário do Parque das Nações deixa uma ideia de grandiosidade e exuberância, o complexo do Oceanário valenciano junta-se ao deslumbre. O desafio aqui foi diferente. Enquanto Lisboa optou por um único edifício, Valência decidiu criar vários. Todavia, a distribuição temática é semelhante, com áreas dedicadas a cada ecossistema.
Enquanto Lisboa levantou a construção, Valência criou vários subterrâneos. Da sensação de imersão que Lisboa transmite paulatinamente, Valência vai mais além, a uma proximidade extrema emprestada pelos vários túneis envidraçados que atravessam os maiores aquários.
No exterior, uma arquitectura particular de formas onduladas, eliptícas e esféricas marca o espaço do Oceanário. Aí, deambula-se em redor de uma espécie de espelho de água, que não é mais do que o telhado do conjunto de aquários que se estende no subsolo.
No interior, a arquitectura e a decoração também quiseram escoltar o ambiente. É um igloo que cobre a zona do Árctico, albergando morsas e belugas. Os pinguins de Magalhães estão acantonados numa zona rochosa, espaço atribuído à fauna do Antárctico, enquanto que os aquários que albergam o maior número de exemplares estão inseridos num espaço elíptico que representa o Mar Mediterrâneo.
No extremo sul do complexo, eleva-se uma espécie de pala, em forma de concha, que cobre um vasto auditório. Mais à frente, estão as bancadas do maior delfinário da Europa. Assistir à evolução simultânea de doze golfinhos, ensinados por meia dúzia de treinadores, é um espectáculo de desempenho ímpar.
Mas não é apenas a actividade puramente lúdica que capta a atenção dos visitantes. Há acções didácticas, por exemplo com leões-marinhos, um calendário de conferências, oficinas de aprendizagem, cursos, exposições, etc. Tudo sobre o mundo marinho.
Um dos espaços mais singulares, era uma espécie de gaiola gigantesca que abrigava flora, aves e anfíbios das zonas húmidas costeiras, lugar de visita guiada e condicionada a um número máximo de pessoas. O complexo da Ciutat de les Arts i les Ciències lembra o do Parque das Nações lisboeta, que também alberga um Oceanário, o teatro Camões, o pavilhão do Conhecimento e o pavilhão Atlântico. A arquitectura, a luz e o espaço envolvente, sobretudo, criam a diferença.
Música: Glória
Autor: Laura Braningan