Quém é daqui, sabe o que era e onde estava. Não havia ano em que não houvesse visita ou viagem de estudo., com pais ou professores e colegas de liceu. O rural, apesar de não especialmente atractivo para os jovens urbanitas, deixava algum impacto.
A memória vai, aos puxões, para as miniaturas animadas mecanicamente, para a estética da(s) “aldeia(s)” - a das lojas e a das miniaturas - e para algumas figuras de barro, feitas pelas mãos do Mestre Franco e da sua mulher Helena.
Estamos na Aldeia Museu José Franco, em Sobreiro, Mafra. Foram eles que a moldaram, foram esles que criaram um dos espólios artísticos ligados à olaria desta região. Mas não só. Todo espaço evidenciava um património cultural importante.
Ainda situada numa região, a que uns ainda chamam “saloia”, o património rural ligado aos usos e costumes, especialmente aos trabalhos da terra, à arquitectura aos utensílios, à produção de bens primários, estava lá representada.
Hoje, a cerâmica mantém a sua presença, com a sala de trabalho e uma sala de exposições onde se encontra parte da obra do Mestre. O coreto domina o pátio, a par da nora e até uma espécie de muralha com adarve.
Notória, a tipicidade dos sítios, incluindo o restaurante ou a adega, além do sítio da forja, do ferrador, da sala de aulas da escola primária, do cantinho dos instrumentos musicais, do sítio dos barcos, alfaias, carroças, etc.
Há uma Mercearia da Aldeia, com mobiliário típico do início do século passado, mas com produtos que ainda lembram esses tempos. Na Padaria, o pão tipico, habitualmente apelidade de Pão de Mafra, mantém a tradição e mantém-se como uma especialidade local.
Uma boa meia hora, sem grande afluência, num dia de semana, dá para deambular calmamente pelos meandros da tradição rural saloia. E, igualmente, recordar outros tempos, quando não davamos puto de atenção a alguns detalhes que fazem parte da nossa identidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário