quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Instantes de Tóquio. Museu Nacional



O dia surgiu chuvoso e enevoado. A chuva não parou até chegarmos ao museu. Da estação de Metro até ao museu, atravessámos parte do Parque Ueno. Mesmo sendo perto, deu para ficar encharcado. O meu blusão, que devia ainda ser impermeável, deixou passar água até à pele. Por isso, ficou a secar guardado nos cacifos do museu, enquanto o visitávamos.

O Museu Nacional de Tóquio é o mais antigo e o maior museu do Japão. Fundado em finais do século XIX, está situado na extremidade norte do Parque Ueno, um dos parques de Tóquio mais carismáticos, agradáveis, populares e maiores da capital nipónica. Um dos sítios onde passeámos sob as cerejeiras em flor.

Embora não pareça (com a chuva, nem nos apercebemos da dimensão - parece que existem vários edifícios...), percorremos cinco andares que reúnem quase um milhar de  objectos/peças de valor arqueológico, etnológico e artístico da existência do Japão e não só, já que juntam muitas peças dedicadas à etnologia e arqueologia asiática.

Todavia, a arte japonesa está exposta em mais de duas dezenas de salas, incluindo espadas, escultura, cerâmica, que vão da pré-história até ao final do século passado. Um pouco à imagem do Museu Britânico, mas de muitos outros em geral, também possui uma área dedicada aos Tesouros Nacionais.

Foram, contudo, os espaços dedicados aos aspectos paleontológicos, tecnológicos, enciclopédicos e naturalistas que mais chamam a atenção. A fauna ancestral e contemporânea e a área de catalogação de espécies – tal como nos museus clássicos – também são dos aspectos mais relevantes.

O museu é enorme. Deixámos para outra oportunidade (!), uma quantidade de espaços de exposição, quer na área japonesa, quer a galeria de tesouros e a área de informação. Supomos ter visitado, numa manhã, apenas dois edifícios e nem sequer percorremos todos os andares.

A Paleontologia está bem representada com modelos de mastodontes, quer terrestres, quer marinhos, mas também com seriados de crânios humanos pré-históricos e vestígios de utensílios humanos com milhares de anos, bem ainda com colecções de fósseis, trilobites p.e., espécies com mais de 250 milhões de anos.

Na área ligada às tecnologias não faltam os equipamentos de detecção, desde o “velho” radar aos medidores de vibração; os motores, desde os industriais – geradores, etc - até aos de automóvel e, dos aviões antigos até às mais sofisticadas sondas espaciais, além de outros equipamentos de óptica, medida ou de corte.

Num espaço destacado, um "Zero" (e o respectivo motor), avião de caça japonês utilizado durante a Segunda Guerra Mundial - e consagrado no "ambito das acções "kamikaze", permitia perceber a respectiva simplicidade, sobretudo interiormente já que possuiu o mínimo necessário para voar...

Outra área ligada à etnologia junta objectos, equipamentos e maquetes que contemplam não apenas as comunidades japonesas mas também as da área asiática/Pacífico, reconstruindo testemunhos de espiritualidade, artísticos, mobilidade, etc.

A parte de catalogação, um dos legados científicos do século XIX, vai às pinhas, às conchas, aos insectos, aos cogumelos, aos pássaros, aos cervídeos, esponjas do mar, borboletas, seres unicelulares, num contexto não muito diverso dos museus de História Natural.

Apesar do ambiente ser contrastado, é pena a luz não ser cúmplice da fotografia e do vídeo. É normal, neste tipo de espaços, sobretudo para objectos iluminados em vitrines. Sobretudo os reflexos, ou mesmo pouca luminosidade, não ajudam a divulgar o espólio de uma forma esteticamente mais qualitativa. Através do audiovisual, fica-se com uma ideia. Já não é mau.

Música: Yin Yin, Pingpxing



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