terça-feira, 9 de junho de 2020

PENICHE, Paisagem, Resistência e Gastronomia


Toda a gente conhece Peniche. Pela gastronomia, paisagem ou história. Pelas artes da pesca, pelos seus protagonistas, pelas falésias e pelas Berlengas, pela Fortaleza e suas estórias. Peniche é isso tudo. Mas também vale a pena o passeio até lá. Se fosse aqui ao lado, era capaz de não ser tão atractiva.

CABO CARVOEIRO

Por lá, a costa é perigosa. Já ali aconteceram muitos naufrágios. Daí a existência do farol do Cabo Carvoeiro. Para lá chegar, passe-se o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, lugar de crença e romaria, continuando ao longo de uma estrada panorâmica.


Além da paisagem soberba, as falésias calcárias têm abundantes fósseis. Ao longo dessa marginal altaneira, os pequenos parques de estacionamento, a maioria em terra batida, permitem observar a diversidade geológica e paisagística, bem como ver ao longe o arquipélago das Berlengas.


Mas o tempo nem sempre ajuda. O nevoeiro e a humidade invernosa deixa os ossos irritados. Neste dia, estava assim. Se a(s) Nau dos Corvos, ilhéu e restaurante, mal se viam, as Berlengas nem se imaginam. Até a brisa fria fazia concorrência a algum sol que consegui romper as nuvens.

FORTALEZA DE PENICHE

Foi um local apetecível por piratas e corsários internacionais na idade Média. Para segurança e defesa da população, o Castelo da Vila começou a ser construído em meados do século XVI. Concluído vinte anos depois, só no início do século seguinte a povoação foi elevada a vila.


Desde o final dos anos 30 que o Forte de Peniche foi considerado monumento nacional. Porém, durante mais de 40 décadas, entre a década de 30 e Abril de 74, o lugar foi prisão política, reduto de alta segurança. Aquele espaço também se tornou célebre por ali terem tido lugar duas fugas espectaculares de presos políticos.


Hoje, o antigo Castelo da Vila alberga dois museus, o museu da Resistência e Liberdade e o Museu da Cidade. Este último, que não visitámos, encerra muito do património arqueológico, histórico e etnográfico da região. É, todavia, o museu da Resistência e da Liberdade que reúne maior atractividade.

Entre muralhas foi colocado um longo painel de homenagem, que encerra os nomes de todos os prisioneiros políticos, cerca de 2500 durante 40 anos, que estiveram ali presos. A prisão tinha uma ala de alta segurança, onde estavam os presos considerados mais perigosos.


O espaço exterior está praticamente todos recuperado, pelo menos o que se avista dos pátios. Curiosamente, num dos espaços perto da entrada principal, antes controlada por agentes da ex-PIDE-DGS, passava uma exposição sobre as identidades dos presos políticos.

CANTINHO DO SALOIO, em Ferrel

Já havíamos reservado, o que não é fácil, ao fim-de-semana, em Peniche. De tal forma que, não foi na vila que almoçámos. Fomos para Ferrel, ali perto, ao Cantinho do Saloio. Um banco corrido e mais quatro cadeiras. Carne e peixe, branco, tinto e café. É suficiente.


Depois de passar a traseira da duna do Baleal, entrámos pela península através do istmo açoitado pelo vento. Voltámos para trás e seguimos para Ferrel. No Cantinho, o peixe, muito, entre espadarte e atum; carnes várias, da vitela aos “mimos”. Demora um bocadinho, mas a qualidade/preço resolve. 

Depois, um percurso monótono em auto-estrada, porém ventoso. Por ali a baixo, mesmo considerando uma paragem para despedidas na área de Loures, o vento acompanhou-nos o trajecto. Aliás, a A8, além do piso não ser famoso, tem sempre uma brisa valente.



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