quarta-feira, 4 de abril de 2018

Cavalos na Golegã



Muitos se devem lembrar da Quinta da Cardiga, 
sobretudo por causa do vinho que lhe popularizou o nome. 
O nome, porém, já exista nos primórdios da nacionalidade. 
De quando o rei fundador a entregou aos Templários
e depois a foi passando de Ordem para Ordem.


Há quase meio século que a Golegã é vila. 
Há quase um século existia ali a estalagem de uma galega. 
O lugar é antigo e a galega deu-lhe nome. 
Daí a Golegã, foi deixar que a língua o moldasse. 
De lugar de passagem a sítio de assentimento, bastou ir ficando.
Hoje, também se fica porque a comida atrai.


Mas não é só a gastronomia que delicia.
Há mais património(s).
A Igreja Matriz , construída no século XVI,
é um excelente e bem conservado exemplar religioso,
de estilo manuelino, salientando-se o seu admirável portal.


O ar é puro e o solo fértil, também ajudaram à fixação do povo. 
Assim como de grandes agricultores, alguns dedicados à criação de cavalos. 
Nesta área, juntaram-se os melhores. 
As feiras impulsionaram as trocas de gado, 
os concursos hípicos e as competições de raças.


A feira mais recente teve o seu início em meados do século XVIII,
e designava-se Feira de São Martinho,
até ao princípio da década de 70 do século XX. 
A Feira Nacional do Cavalo nasce em 72, 
nome que perdurou até aos nossos dias.


O interesse comercial cresceu de tal forma que, hoje, 
é considerada a mais importante feira nacional 
e uma das mais prestigiadas a nível mundial. 
Embora não tenha testemunhado esse ambiente mais comercial, 
mais competitivo e de maior actividade organizada à volta dos cavalos, 
percebe-se facilmente a atractividade do ambiente puramente lúdico.


O ambiente nocturno , na noite de sexta-feira
– aparentemente, o fim de semana é mais agitado, 
com mais gente por todo o lado, e mais actvidades sobretudo durante o dia –
é alegre, festivo e com glamour quanto baste.


Apesar de as bancas comerciais ocuparem a maioria dos passeios circunvizinhos, 
é na Praça Marquês de Pombal que tudo se passa na noite de sexta-feira. 
É para lá que convergem pessoas, charretes e cavalos. 
É no meio da praça que cavalos e cavaleiros passeiam.
É em redor da praça que o público assiste à evolução de cavalos e cavaleiros.
É na praça que todos se juntam, os que passeiam a cavalo 
e os que passeiam a pé.
Os primeiros dispõem inclusivamente de bares situados à sua altura,
onde podem parar para uma bebida.
Ou mesmo desmontar e tomar uma refeição nas boxes das tertúlias.


O look cavaleiro/a domina especialmente quem surge a cavalo. 
Mesmo as amazonas vestem de acordo com a tradição equestre, 
ou clássico, e vêem-se muitas mulheres assim vestidas ou,
mais prático, sobretudo as mais novas(os).


Nota-se que o cavalo tem uma importância fundamental
na componente comercial da feira.
Muitas das lojas só vendem produtos para equídeos,
as boxes são-lhes exclusivas, a roupa está dedicada aos utilizadores dos cavalos
e os adereços vão das esporas às selas.


Mesmo assim, e apesar de se tratar de uma feira
onde os  artigos para cavalos e cavaleiros dominam
- as peles são outro produto abundante - 
ainda se conseguem encontrar algumas preciosidades com motor,
como fosse o caso de uma Sachs V4
à venda numa banca de antiguidades.


O cavalo, o cavaleiro, as charretes e os artigos equestres dominam a noite. 
Da tipicidade do evento destaca-se o chapéu de abas e as botas de montar, 
talvez os assessórios comuns aos que passeiam a cavalo e a pé.
E não falta um picadeiro coberto,
 para deixar que cavalos e cavaleiros se reencontrem a arte de cavalgar. 
Para quem vê, é também um momento de relaxe, 
observando os movimentos ritmados e tranquilos de uns e outros.


Uma das diferenças mais significativas, face ao ano anterior,
 passou pelo maior número de visitantes, 
bem como para o grande número de espanhóis presentes, 
quer a cavalo, quer a pé.


Do programa, consta um vasto conjunto de actividades,
que vão dos concursos de saltos de obstáculos, 
atrelagem, equitação de trabalho, dressage, horseball e provas de perícia, 
às exposições de pintura e espectáculos equestres, entre muitas outras.
Para quem não é proprietário de um cavalo,
ou não está nesse ramo comercial,
para ir, basta ser aficcionado do ambiente.