Já vimos milhares de manhãs, em centenas de sítios.
Situações e lugares surpreendem-nos amiude.
Espanta-nos a sombra, a escuridão, a névoa.
Além de uma miríade de formas e conteúdos.
Além de uma miríade de formas e conteúdos.
De tal maneira que, querendo, é possível
efabular ambientes.
O amanhecer no Tejo, junto do Parque das Nações,
também tem o seu
quê de exclusivo e diverso.
Até de enigmático.
Os nevoeiros matinais conturbam
a paisagem
e reforçam-lhe o ar misterioso
que a distância amplia.
A luz, a claridade, a cor e as texturas especializam-se.
A luz, a claridade, a cor e as texturas especializam-se.
Percebe-se o
horizonte pelas sombras e pelas silhuetas.
Peculiares são também as formas deixadas no lodo pelo arriar do
rio.
Rasgam-no ao sabor da baixa-mar,
deixando traços privativos de uma
natureza que parece idêntica e inerte.
É também essa originalidade que o rio,
parente do oceano,
nos deixa impresso no chão.
O OCEANO NUM AQUÁRIO
E o oceano ali tão perto, numa enseada do Parque e no fim do
rio.
Não lhe podendo ver mais do que a superfície da água,
o Oceanário
possibilita ver e conhecer muito do Oceano,
através de ambientes construídos à
sua imagem,
com a população marinha que lá habita.
Ser peixe deve ser nadar por ali fora.
Sem rótulos, nem horários.
Ir andando ao ritmo da água, submergir, vir à tona.
Um aquário é um sítio
propício para tal.
Os peixes têm lá vidros, que os separam de nós.
E
vice-versa.
Fiquemos por essa barreira.
No Oceanário de Lisboa.
Estar lá é sobretudo para olhar.
Observar os peixes, o andar na
água, nadar,
acompanhar os seus movimentos fluidos e descontraídos,
olhar em
redor, para os outros peixes, descobrir um cardume,
um predador, um solitário
ou, até mesmo, um homem-rã.
É ainda garantido que um ou outro animal nos desperte a atenção.
Ou, uma criança, surpreendida por aquele ambiente.
E ainda é natural que
descubramos uma ou outra novidade.
Mas também é possível descansar os olhos e a
mente naquela calma,
naquele ritual de naturalidade que os aquários permitem.
A CONDIÇÃO DO PRIMITIVO E DO IMEDIATO
Começamos
pelas Florestas Submersas,
uma obra de design de aquários plantados,
do japonês
Takashi Amano,
baseada na recriação das florestas tropicais.
É aqui que começa
a experiência de relaxe e contemplação.
Takashi pega nos ecossistemas e dá-lhes
o seu toque “wabi-sabi”,
a sua visão estética conceptual de breve e primitivo.
É ao
longo de cerca de 40 metros de aquários,
com dois metros e meio de altura e
quase dois de altura,
e sobre quatro toneladas de areia e vinte cinco de rocha
vulcânica açoriana
e setenta e oito troncos de árvores da Escócia e da Malásia,
que vivem cerca de dez mil peixes tropicais de quarenta espécies.
Os bancos estão lá de propósito.
Para que as pessoas se sentem.
Podem olhar ou conversar.
O ambiente é motivador, para qualquer situação.
Para
pensar, cavaquear ou observar.
Tanto ao nível da água, como em planos mais
elevados.
É sereno e inspirador.
A PROXIMIDADE DA NATUREZA
Depois, atravessamos a
“ponte” e passamos ao tanque central,
O “rés-do-chão” recebe-nos ainda
ofuscados pela luz exterior
e perturbados pelo azul-marinho
que ainda nos
esconde muito do que ali se passa.
Após habituar os olhos à mudança,
o mundo
aquático vai-se revelando sereno e harmonioso.
Vem de lá um, dois tubarões,
um mero, uma manta, duas ou três raias.
Num fluir lento, cadenciado, quase dançante.
Logo após, passa um cardume apressado,
descobre-se o mergulho de dois ou três pinguins
que quase se esborracham no fundo do aquário…
Vamos andando em redor do
tanque principal,
passando pelas zonas tropical, temperada, e quase polar,
assistimos aos passeios e mergulhos sincopados dos pinguins-de-magalhães,
às
indefiníveis posturas das lontras, ao pairar de cavalos-marinhos.
Entretanto, o cenário do
aquário central vai mudando.
E surgem peixes com formas e expressões curiosas,
quase caricatas.
De cada vez que o peixe-lua passa, há muitos que o identificam!
E os tubarões já ganharam um estatuto que chama a atenção de todos.
Crustáceos, moluscos e esponjosos
sucedem-se ao longo do corredor em aquários mais pequenos.
Cativam muita gente,
inclusivamente um grupos de crianças.
Talvez pelo bailado ritmado de uma anémona,
ou pela lenteza precisa dos passos de uma santola.
As cores, as formas, os
movimentos, as mudanças de direcção, o exotismo,
ou seja, muita da diversidade da
natureza aquática
vai passando à frente dos nossos olhos.
A uma distância que
quase nos permite tocar-lhes,
um desafio que parece tão próprio da nossa
humanidade.
E o vídeo
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