Não precisávamos sair cedo. A caminho de Alarcon não havia identificado muitos locais de interesse, tendo inclusivamente alguns deles acesso difícil. Por isso, faríamos apenas uma escala técnica para café em Requena. As informações diziam que a zona do castelo e do Barrio de la Villa seria a mais importante.
Se era, não tinha
indicações. E algo não estava de acordo com o mapa uma vez que da rotunda
inicial não se ia ou não estava indicado o centro histórico. Por isso, fomos à procura de um café
numa avenida, onde aquela hora da manhã e neste Primeiro de Maio, não havia
mais do que meia dúzia de vizinhos que pareciam vir de um passeio pedestre.
“Montamos” a esplanada,
demos dois dedos de conversa e arrancamos a caminho do almoço. O percurso devia
ter sido mais ligeiro, mas a via rápida estava em obras e o desvio obrigava a
ir pela “nacional”. Por ali, a paisagem era mais agradável – passámos por cima
de uma albufeira enorme – mas demoramos mais tempo do que o previsto.
O castelo tem antecedentes
árabes mas a configuração actual remonta praticamente ao século XII, sendo
algumas das igrejas do século seguinte e outras do século XVI. As ruas são estreitas, mas há muita luz na urbe ao contrário
por exemplo de Albarracin.
Escolhemos almoçar no
restaurante Alhacena pertencente ao Hotel Palácio Villa de Alarcon. Gostámos. O
espaço e a ementa contribuíram para tal. Por isso, demorámos a estar, quer
conhecendo os cantos da casa, quer em ameno convívio à mesa, uma mesa enorme
onde todos cabiam à vontade.
Depois de almoço,
deambulamos pela alcáçova do castelo, que contempla um pequeno pátio de armas
com esplanada e a torre de menagem onde está colocado o restaurante, a sala de
estar e o bar do Parador. O espaço não é grande mas é simpático e tem boa
vista.
Saímos
para Madrid onde chegámos a meio da tarde e entramos quase na hora de ponta. No
Zenith Abeba, situado no bairro de Salamanca já estavam os membros do Clube que
apenas iriam passar o fim-de-semana na capital espanhola. Estavam agora 13
motos na garagem do hotel.
Depois
seguimos para o bairro de La Latina. Cheio como habitualmente, é impossível
arranjar lugar para jantar nas ruas principais, como também parecia ser difícil saber o preço do vinho
naquela cave de tapas…
O vídeo de Valência a Madrid, aqui.
https://vimeo.com/130539371
Não deixem de ver a parte referente a Alarcon
Voltando à manhã, porém, vale a pena olhar de relance para o
MUSEU ARQUEOLÓGICO NACIONAL, MADRID
Foi renovado há poucos anos. Se antes já “dava 5 a 0” ao Nacional de Arqueologia de Lisboa, agora dá o dobro. Não é difícil “enfiar" tantos no da capital portuguesa. Por cá, a exposição das “Religiões Lusitanas” já deve ter cerca de três décadas, enquanto que o congénere de Madrid aumentou para o triplo as peças em exposição. Mas não só.
Numa visita rápida, digamos uma hora, é possível recolher muito da história de Espanha, e não só, também do Egipto, da Grécia e do Império Romano. De manhã, por volta das 10 horas, a fila para entrar não tinha mais de meia dúzia de pessoas. Quando saímos, cerca das 11, a fila já tinha quase cem metros.
Deixo algumas imagens, mas o detalhe vai para outra mensagem, que passa em revista a maioria das salas, embora não a maioria das peças expostas, nem dos dispositivos de informação, nem dos espaços de exposição, nem sequer dos temas abordados.
Uma visita pormenorizada, pode demorar um dia, ou seja, cerca de duas horas em cada andar. Mas uma hora chega para passar em revista os vestígios mais significativos da história espanhola. Uma das áreas mais interessantes é a que contempla a América, mas para este tema o museu de Etnologia da capital espanhola tem um acervo mais completo.
O Museu Arqueológico Nacional em vídeo, aqui
https://vimeo.com/130549399
ou, em mensagem do blog, aqui
http://cordeirus.blogspot.pt/2015/06/museu-arqueologico-nacional-madrid.html
MADRID VIVA/E COMO HABITUALMENTE
Se
em Valência o percurso pedestre já tinha sido valente - mais de sete
quilómetros - em Madrid o desafio foi maior. Mais de treze! Desde o hotel Zenit
Abeba, até à Castelhana, - com um intervalo para comermos um pastel de nata e
beber uma bica (os natas parecem definitivamente internacionalizados) – uma
visita ao Museu de Arqueologia, um almoço próximo do mercado de San Anton no
bairro Chueca.
É
um dos bairros que fica mais perto da Gran Via, uma das avenidas emblemáticas
de Madrid. Casas com pé direito alto, esguias mas espaçosas, ainda com muito
ferro nas varandas., um pouco à imagem dos edifícios da Baixa lisboeta.
Todavia, têm mais cor e parece estar um maior número recuperado.
Passa-se
por um cinema antigo - ainda com portas de madeira e vidro - por uma livraria
com fachada em pedra e ferro, vai-se ao longo de quarteirões com fachadas em
tijolinhos e flores nas varandas. E parece tudo muito limpo. São essencialmente
zonas de habitação. Nas ruas mais comerciais já não há tanto esmero.
E
eis que não há lugar vago no mercado de San Anton para almoçar. A opção é o “El
26”, do outro lado da rua, onde se está bem de dedo no ar, e que encheria daí a pouco. Mas antes, aquele compasso
de espera de planeamento para o jantar. Deixa ver se sim, talvez,
por que não…? Ora, vamos lá marcar catorze no San Anton. Os portugueses não costumam ser tão
previdentes…
Durante
a tarde, a digestão foi pelo Parque do Retiro, próximo do Estanque Grande, um
lago grandito, onde é possível, à imagem do nosso Campo Grande, andar de barco
a remos. Enquadrado pelo monumento a Alfonso XII, ocupa uma das três partes em
que se divide o Parque.
Deixámos
o Palácio de Cristal e o Palácio de Velasquéz para uma próxima oportunidade,
assim a “cabra da sorte” nos apoie esta expectativa. Aquecia. Por isso, procuramos a frescura das árvores do parque e continuámos à sombra até ao edifício dos Correios.
Continuamos a descer pelo Passeio das Artes, passamos pelo museu Thyssen e pelo Prado - imprescindíveis para uma próxima vez - e fizemos uma paragem no Jardim Vertical, próximo do Caixa Forum. Depois, foi uma incursão pelo bairro das Letras.
Até
ali faz-se bem. É sempre a descer ligeiramente. E para fazer lentamente, parando numa ou outra
loja, fotografando um ou outro edifício. Aproveita-se para espreitar uma banca
de um pintor ou para descansar num banco de jardim. Até há quem se bata com
uma soneca. A arte e o lazer sempre se deram bem.
Dali
até às Portas do Sol, é sempre por ruas estreitas, algumas apenas com trânsito
pedestre. Aqui começa a zona das lojas, desde a Montera até à Gran Via, depois pela
Fuencarral. São centenas de lojas a seguir umas às outras. E, mesmo assim, por
vezes, não se consegue comprar uma simples camisolita.
Mais
dois passos e estamos na Plaza Chueca. Nós e a LGBT madrilena. Da Gran Via à
Chueca e dali a Malasaña, o espaço de transigência é mais generoso, uma área
onde as opções sexuais estão mais visíveis e aparentemente são melhor toleradas.
A
arquitectura das casas do bairro de Chueca é semelhante ao bairro das Letras
mas mais rica. Parece uma zona sossegada, mas os inúmeros restaurantes, as
pequenas lojas temáticas e a movida madrilena são capazes de dar conta da
tranquilidade aparente. Nota-se todavia que a euforia tradicional espanhola está mais sossegada, mas ainda há muita gente nas esplanadas.
Estavamos
perto do mercado de San Anton onde havíamos reservado catorze lugares no
restaurante La Cocina de San Anton, no último piso do mercado. Acabámos por ser
cinco à mesa na noite de despedida de Madrid. No final do dia, já contávamos
mais de dez quilómetros pelas ruas da capital espanhola. Depois, foram quase mais três até ao hotel.