DE TERUEL A VALÊNCIA COM SAGUNTO DE PERMEIO
De Teruel a Sagunto são pouco mais de cem quilómetros. Faz-se numa hora, calmamente pela via rápida, mesmo considerando as ligações em estrada nacional. O acesso a Sagunto, aliás ao centro histórico, é fácil. Nem eu me perdi. Paramos as motos na Plaza Mayor – um déjà vu, não é? – e fui ver se o acesso ao teatro romano/castelo, ou melhor, ao parque de estacionamento, era fácil para parar as motos. Era.
O restaurante chama-se Le Fou, pertence a emigrantes espanhóis que
estiveram em França. Quem olhe para o restaurante não diz que servem tao bem.
Além de nos terem indicado os melhores sítios para estacionar, guardaram-nos os
capacetes e os blusões desde que havíamos chegado por volta das onze e meia da manhã.
Estivemos na conversa a ganhar apetite e á espera que todos
chegassem num pequeno jardim fronteiro ao restaurante, onde um esquilo trepava
uma das árvores que nos guardava do sol. Aquecia e a temperatura já tinha
ultrapassado os 27 graus.
As surpresas começaram logo com a salada. Depois, não pararam até
à sobremesa. Soube bem. Foi uma das refeições mais baratas da jornada. Daí a
pouco, descemos a zona histórica até à praça Mayor e rapidamente entramos na
via rápida que termina já dentro de Valência.
O vídeo de TERUEL A VALÊNCIA, com destaque para SAGUNTO, aqui
https://vimeo.com/128974153
Chegámos cedo. Por volta das
seis da tarde já estávamos a caminho da zona histórica. Havíamos deixado o
Silken Puerta de Valencia – situado numa avenida da zona moderna , mais ou
menos equidistante do centro histórico e da área recreativa/cultural,
caminhando cerca de cinco minutos até ao Jardin del Turia.
Este parque, com uma
extensão de nove quilómetros, com mais de um milhão de metros quadrados - o
maior jardim urbano de Espanha - abrange todo o leito seco do rio Turia. O
espaço foi arborizado e dispõe de lagos e zonas ajardinadas, sendo ideal para
passeios pedestres, corrida ou bicicleta. Para aceder à zona histórica é
preciso passar uma das várias pontes que o atravessa.
Nós passamos inicialmente
pela ponte de Aragon – clássica, com estátuas de pedra, uma das poucas que não
é perpendicular ao jardim – depois, pela das Flores – preenchida em toda a
extensão por vasos de flores – e ainda passamos na ponte de la Exposición –
larga e recente.
Para quem havia saído do
castelo de Sagunto com a noção de que aquela colina tinha uma posição defensiva
excelente devido ao acesso difícil e, por isso, as muralhas não eram muito
altas, pensará como seria possível garantir segurança num terreno plano como o
de Valência. A resposta está nas impressionantes torres de defesa das entradas
da cidade antiga.
Antes circundado por
muralhas, o centro histórico contempla hoje a catedral, outras edificações
religiosas e ainda as ruínas da cidade antiga. Além de algumas poucas muralhas
que sobreviveram ao tempo, são realmente os dois conjuntos de torres – as
Torres de Serranos (a leste) e as Torres de Quart (a norte) – que mostram a
grandiosidade da urbe na época medieval.
Em redor da catedral, onde
desembocam várias alamedas há muitos edfícios e museus religiosos, mas as ruas mais
próximas são estreitas e escuras. No topo norte, abre-se uma praça enorme
preenchida com muitas esplanadas – a de la Vierge – e, no topo sul, surge a Plaça
de la Reina, mais pequena e atravancada.
Jantamos com o Pedro e a
Nadir num restaurante basco cujo forte era a carne, semelhante às postas
transmontanas. Sentamo-nos no primeiro andar e tínhamos vista para a fachada de
uma igreja antiga e soturna. Talvez daí a estranha iluminação de que o Pedro foi alvo ou, quem sabe, o efeito daquela sidra tão esquisita...
Desde Sagunto que a
temperatura havia subido bastante. Se há três dias havíamos apanhado chuva em
Cuenca, a partir de Teruel previa-se que o céu ficasse limpo. Assim foi. E a
temperatura aproximou-se dos trinta graus. À uma da manhã, a noite parecia de
Verão.
De manhã, mudamos de
sentido. Em vez de irmos para norte, fomos para sul, à procura das Cidade das
Artes e das Ciências. Voltamos a passar as pontes do Turia e o extenso jardim que leva às obras de Calatrava.
Continuamos, passando o Palau de Música nota-se aproximidade através das inúmeras esculturas alusivas ao tema - e desembocamos no Palau de les Arts. É o edifício mais alto do conjunto, cuja arquitectura lembra um dinossauro. Estava em obras.
Continuamos, passando o Palau de Música nota-se aproximidade através das inúmeras esculturas alusivas ao tema - e desembocamos no Palau de les Arts. É o edifício mais alto do conjunto, cuja arquitectura lembra um dinossauro. Estava em obras.
Tal como a água que os
envolve., como seja o caso do Museu das Ciências, o maior edifício do conjunto,
cujo conteúdo leva mais de uma hora a visitar. Também aqui, o ambiente azulado
da água confere frescura a uma zona onde a deixou de haver árvores.
A vegetação só está presente
numa espécie de alameda lateral edificada para esse propósito, também
aproveitada à noite para espaço lounge. Aqui surgem de novo as nervuras de
Calatrava que contrastam com as longilíneas vértebras do edifício do Museu das Ciências. Este é uma espécie de Pavilhão do Conhecimento mas bastante
multiplicado.
Para
saber detalhes deste espaço (em 2008) http://cordeirus.blogspot.pt/2008/12/valncia-ii-ciutat-de-les-arts-e-les.html
Logo a seguir, surge o
Ágora, depois uma estrutura metálica, em gaiola, que alberga muitas espécies de
aves e a culminar o conjunto aparece o Oceanogrfic, uma estrutura de aquários,
alguns de grandes dimensões, que termina com uma piscina de golfinhos.
Para saber mais sobre esta
zona (em 2008)
Uma vez que havíamos
visitado todo o complexo em 2008, optamos por dar uma volta num autocarro
descapotável pela cidade e conhecer as partes mais a norte e junto do
Mediterrâneo. Naquele ano, não havíamos conseguido ir à marina, que estava
fechada devido ao Grande Prémio de Fórmula 1.
Mesmo assim, a zona atrai
pela estética, pela dimensão, pelos detalhes, pelos recantos. Também por isso,
fomos andando de sítio em sítio, apreciando quer a arquitectura , ora constando
o contraste das cores, a singularidade de algumas propostas de entretenimento.
Já havíamos percorrido parte
da zona histórica. Esperávamos desta vez ir à zona moderna, e à marina – zona
marítima -, após circundar a zona antiga – Valência histórica. Foram mais de
vinte quilómetros, percurso que contempla praticamente tudo o que é considerado
de interesse.
Exceptuando a parte mais a
norte, uma zona com extensas avenidas, prédios altos modernos, pouco chamativa,
o restante vai realmente em redor da zona histórica, depois ao longo do extenso
jardim de la Turia, passa pelo complexo de artes e ciências e vai à marina,
atravessando algumas ruas do casco antíguo.
Daí termos ficado com uma
excelente ideia de Valência. Desde o Biopark, um parque biológico local praticamente
dentro da cidade, até à Praça de Touros, passando pelo Ayuntamiento, pelas
torres Sisneros e Quart, pela estação, pelas pontes, por ruas com edifícios das
primeiras décadas do século XX.
A hora de almoço foi à espanhola, mas em bom.
Já passava das duas da tarde e a cozinha do restaurante estava a fechar. E, entre a paella e as ostras, as vieirinhas
e os mexilhões, lá foi mais de uma hora, muito perto, do outro lado da rua, do
restaurante basco da noite anterior.
Descemos à vista da marina e
deambulamos pelos edifícios de apoio tendo parado numa roda gigante, de onde
era possível abarcar com a vista grande parte de Valência, mas sobretudo a área
da marina e da praia contígua. Com pouca gente e raro trânsito aquela hora, era
possível reconhecer parte do traçado do circuito da Fórmula 1.
O vídeo de Valência, aqui
https://vimeo.com/130531106