Lisboa domina a paisagem. Com o Tejo aos pés, é o casario da capital que nos fica nos olhos. Com o sol a iluminar os alvos lisboetas e o rio a oferecer um forte contrate de brilho azulado, o olhar vai de Cascais ao Terreiro do Paço.
A vista pode fixar-se durante um instante na ponte sobre o Tejo, no zimbório do Panteão ou nas torres da Sé. Mas é o conjunto dos detalhes que fazem perder a vista do outro lado do rio, uma paisagem que se vê desde o jardim-miradouro da Casa de Cerca. Lisboa, vista dali, é também uma obra de arte.
Actualmente, a Casa da Cerca é um centro de arte contemporânea situado na Almada velha. Está ali há mais de 20 anos, encerra mais de uma centena de obras de três dezenas de artistas, entre Pintura, Escultura, Fotografia, Gravura, e entre outras produções artísticas, mercê de algumas aquisições mas sobretudo doações.
É
pena a colecção artística não estar disponível para visita. Apenas o acervo literário parecia estar.
Pelo menos, uma pequena dependência plena de estantes com livros estava
acessível. A Casa faz exposições temática periódicas, mas é a diversidade do
espaço que surpreende.
Dispõe de um jardim
botânico, de uma estufa, de um herbário, de uma mata, de um pomar, de quatro jardins, de um anfiteatro exterior, e ainda de uma pequena capela, cujo tecto veio da Quinta do Pombal, da família Teotónio
Pereira, que também já havia sido proprietária deste espaço.
A arte respira-se
quer no espaço da recepção, quer nas esculturas dos jardins, quer no interior
da capela, onde se destaca a azulejaria setecentista, de desenho figurativo com
temas religiosos.
Originalmente
edificada como solar típico dos séculos 17/18, a casa foi morada de Junot,
durante as invasões francesas, e serviu como dependência do hospital de Almada a
seguir ao 25 d Abril. Só 14 anos depois passou para a alçada da Câmara Municipal
de Almada.
O edifício, bem como
os jardins, tem ainda vestígios dos ambientes barrocos e românticos, sendo a
casa considerada um ex-libris da arquitectura civil setecentista da cidade. No
exterior, uma extensa galeria junto à falésia - intitulada Passeio das Damas - protegida por um muro, abre janelas
a espaços, ladeadas por bancos, de onde a vista alcança desde o farol da Guia em
Cascais, ao cais das Colunas em Lisboa.
Sob a falésia, o Jardim do Rio estende-se pelo Cais do Ginjal, estando acessível desde o elevador panorâmico, situado do lado da Casa da Cerca. É um pedaço verde, tranquilo e fresco, de onde Lisboa parece estar aos pés.
Música: Focus Music, Hero's Theme