Portimão, 31 de Dezembro de 2011
Ferragudo, visto de Portimão velho |
Era uma antiga fábrica de conserva de peixe – La Rose, dos irmãos Feu - e mantém ainda imaculado o sistema de transporte, lavagem e descabeço do peixe. Hoje é o Museu de Portimão, um repositório regional das actividades típicas que juntam o mar, a terra e as pessoas, desde a época pré-histórica.
Mostram-se sobretudo dois patrimónios: o etnográfico – até à época industrial – e o industrial – que envolve a construção naval, a pesca e a transformação do peixe. No espaço primitivo da terra e das pessoas, a ênfase vai para a morte e para a produção agrícola. Optou-se por reproduzir em miniatura o monumento megalítico mais importante do concelho. Mas, para perceber a dimensão real da cripta, há que lá ir, ao local original, a Alcalar, perto da Penina.
Embora confine com a componente etnográfica, é o espaço industrial que domina. As enormes manilhas, joelhos e tubagens convivem lado a lado com os berços do antigo infantário da fábrica; as câmaras de conserva de peixe coabitam com o relógio de ponto e com o aviso sonoro da chegada de barcos ao porto; e o anúncio radiofónico das conservas “La Rose” confraterniza com os mecanismos de transporte e preparação do peixe.
Sob o museu, paralelo ao rio, estende-se um passadiço que acompanha duas cisternas visitáveis, cuja água enchia antes os tanques do descabeço e de salga.
Sobre o piso térreo do museu, ergue-se uma pequena galeria onde dois fotógrafos – Júlio Bernardo e Francisco Oliveira - expunham fotografias de Portimão com cerca de meio século, de quando a cidade ainda não era um pólo de atracção turística.
Sobre o piso térreo do museu, ergue-se uma pequena galeria onde dois fotógrafos – Júlio Bernardo e Francisco Oliveira - expunham fotografias de Portimão com cerca de meio século, de quando a cidade ainda não era um pólo de atracção turística.
Velhas máquinas, produtos fotográficos e muitas imagens a preto e branco das praças, da lota, dos edifícios, das actividades da pesca e dos eventos lúdicos da última metade do século XX.
O museu percorre-se em cerca de meia hora (sem assistir ao filme na zona central). Mas, com visita guiada, poder-se-ia estender ao dobro, uma vez que há muitos detalhes que passam, sobretudo os que estão relacionados com as máquinas e os engenhos, ou com as ferramentas e as peças. Ou ainda com o pormenor da presença das colecções de actividades subaquáticas ou a de Manuel Teixeira-Gomes.
À saída, descobrimos a luz difusa do final do dia projectada na quietude do Arade. O rio parecia coberto por um véu de veludo alaranjado. Os últimos raios de sol descansam na margem de Ferragudo como se se tratasse de um dia de Verão.
Anunciava provavelmente a calmaria que a mudança de ano havia de trazer a Portimão, onde poucas horas depois, 2012 foi festejado com 2 minutos de fogo-de-artifício. Não fosse muita gente ter saído de casa para assistir aqueles escassos estoiros cintilantes, pareceria que 2011 ainda duraria mais tempo do que o previsto.
Não fosse um barco engalanado na margem, pareceria que a mítica passagem de ano havia sido eliminada dos calendários. Tão calma estava a noite - apesar do frio que se sentia - que o rio parecia um espelho negro.
Tranquila estava também a Praia do Vau, onde o sol, a areia e a mansidão do mar convidavam a passear. É verdade que, a tomar banho, apenas vi um jovem casal estrangeiro, surpreendido provavelmente com a tal quietude e possivelmente com uma diferença térmica não muito acentuada.
Não fosse um barco engalanado na margem, pareceria que a mítica passagem de ano havia sido eliminada dos calendários. Tão calma estava a noite - apesar do frio que se sentia - que o rio parecia um espelho negro.
Tranquila estava também a Praia do Vau, onde o sol, a areia e a mansidão do mar convidavam a passear. É verdade que, a tomar banho, apenas vi um jovem casal estrangeiro, surpreendido provavelmente com a tal quietude e possivelmente com uma diferença térmica não muito acentuada.
Praia do Vau |