domingo, 9 de janeiro de 2011

Jardim Botânico

Fica na Ajuda.
Tem duas entradas.
Numa delas, há uma portaria e cobram bilhete.
Entrando pelo portão que fica no lado oposto é gratuito.
Talvez seja uma das originalidades do local,
para além das muitas espécies botânicas que guarda.
 
O jardim parece uma peça de colecção,
de uma colecção guardada há muitos anos,
deixada como no primeiro dia.
De jardim-museu a jardim não se nota a diferença.
É mais um jardim, embora seja um jardim interessante.
Como muitos jardins.
São 4 hectares distribuídos por dois níveis.
Do mais elevado, vê-se o Tejo e a margem esquerda.
São 40 mil metros, mas passam despercebidos de tão inócuos,
se não descobrirmos algumas espécies magníficas.
Fez há pouco 130 anos.
Algumas espécies remontam ao século XVIII,
mas o espaço só foi inaugurado
em meados da segunda metade do século seguinte.
Parece estar ainda nessa época.
Só as espécies se desenvolveram.
É um jardim antigo.
Tem uma concepção antiga, é uma antiguidade.
Tem ar de outros tempos,
de tempos em que havia outros materiais e outras configurações,
objectos e formas como em outros jardins.
 
Está à vista o poder de algumas raízes,
a beleza de muitas flores,
a curiosidade de alguns animais,
o aspecto agressivo de certas plantas,
a invulgaridade de algumas folhas.
 E até há alguns bancos. Mas não muitos.
O jardim tem um ar triste.
Talvez por não ser Primavera
 talvez por o dia estar nevoento,
talvez por haver poucas flores e,
muitas das que se reconheciam, serem comuns.
Viam-se alguns ferros ferrujentos e vidros partidos.
As informações didácticas são fracas.
A paisagem do Tejo compensa.
Não há estorvos para a vista desde Cacilhas à Trafaria.
O som proveniente do exterior parece encontrar barreiras algures.
O sossego é extasiante. O ambiente ajuda.
Deve ser um local muito reposante, por exemplo, para escrever, desenhar, pensar.

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