O Forte do Guincho, Forte das Velas ou Forte do Abano, localiza-se sobre a praia do Abano, em Alcabideche (Cascais), mas toda a gente conhece o sítio como Guincho. Vou chamar-lhe Forte do Abano.
Vê-se bem desde a praia do Guincho, sobre uma falésia. Até lá, desde a estrada de asfalto, são 1200 metros em terra batida, nem sempre tão lisa que permita rodar sem atenção a alguns regos mais profundos provocados pela água.
Mas faz-se bem, sem dramatismos com uma moto para trail. Há pó, não muito tráfego, mas é preciso parar à frente do estacionamento da praia do Abano. Aqui, a circulação de Ubers indica que o acesso à praia não é fácil para automóveis particulares.
Deixei passar um carro. Devia ter esperado. Levanta-se pó que me envolve e à moto. O condutor do carro percebeu. Encostou para me deixar passar. Parei ao seu lado e agradeci. Continua a haver pessoas que olham em redor.
Depois, é continuar até uma curva fechada, de onde se vê um edifício em pedra à direita, com alguns carros estacionados na proximidade. Mais abaixo, está o Forte do Abano, isolado, quase pendurado à beira da falésia.
O forte foi construído em 1642, durante a reorganização do sistema defensivo da Barra do Tejo, no reinado de D. João IV, para impedir desembarques inimigos e vigiar a costa entre os fortes da Roca e de S. Brás de Sanxete.
Nos séculos XVIII e XIX, o forte foi reformado várias vezes, recebendo merlões, canhoneiras e guaritas (hoje inexistentes). Entre 1793 e 1796, sofreu grandes alterações na zona do aquartelamento, com ampliação do pátio e da cisterna.
Apresenta paredes inclinadas, abóbadas de berço e portal em arco de volta perfeita com brasão real. No final do século XVIII, foi construído um parapeito e um paredão para consolidar a base rochosa.
Com planta quadrangular, organiza-se em dois espaços principais: o pátio dos alojamentos e a plataforma da bateria, que possuía sete peças de artilharia. As muralhas estão tão degradadas que é arriscado sequer tentar entrar pelas brechas.
Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1977. Em 2016, o Estado abriu um concurso de concessão a privados, com o objetivo de promover a reabilitação e conservação do edifício. Mas não teve sucesso.
A ruína acentuou-se, para o que contribui também a dificuldade de acesso. Talvez tenha sucesso o estudo de requalificação para funcionar como centro de interpretação do Parque Natural de Sintra-Cascais.
Até lá, o forte continua a suscitar alguma curiosidade a quem tem acesso ao sítio. Por hoje, mantém-se como um símbolo histórico do sistema defensivo costeiro português e da arquitetura militar do século XVII.





































