segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Uma Valquíria no MAAT



Plug-in, uma exposição individual de Joana Vasconcelos no MAAT. Apesar de a exposição envoler outras obras da artista, focámo-nos na Valkirie Octapus, obra criada quase oito anos antes e feita para o MGM, um resort chinês, em Macau. É a peça que ocupa lugar de destaque na nave central do edifício do MAAT.


Tal como outras obras da artista, esta surpreende pela dimensão, pelo articulação de volumes, enfim pela notoriedade. E, pela diversidade dos materiais e soluções de realização: croché manual, aplicações de feltro, malha, tecidos, alé de outros adereços. Mas, não é só a grandeza e a diversidade que espantam.


 

O mote das Valquírias - figuras femininas que encerram  forças e intenções que se materializam em divindades e que elegiam os heróicos guerreiros mortos em batalha para os levar ao salão dos mortos, no palácio de Valhalla - não deixa de ser uma escolha estranha.


 

E estranha porque, se relacionado com o destino (Macau/China) e com os materiais utilizados (sedas incluídas), parece mais ter interligado as tradições portuguesas e chinesas, e não com a mitologia nórdica.



 

Mas é sempre a estética que encanta, no sentido de quase enfeitiçar, ou não. O deslumbre vai para o fluxo das linhas, para os motivos dos tecidos, para os detalhes fusiformes, para a harmonia de alguns talhes, até para a sensação de leveza que as suspensões talvez queiram irradiar.


 

Todavia, o que vemos, não é o original exposto em Macau. Houve muitas adaptações ao espaço. É a própria artista que realça a relação entre a obra e o espaço. O que não deixa de ser, também, criativo. Não é todos os dias que se adequa uma Valquíria a um ambiente.


Sem comentários: