domingo, 3 de março de 2024

Faraós

Já toda a gente ouviu falar do Egipto. Das pirâmides, do deserto, Vale do Nilo, múmias, Gizé, Esfinge, Luxor, hieróglifos, Menfis, altos e baixos relevos, Tebas, dinastias, Vale dos Reis, escribas, Abul-Simbel, Pedra de Roseta, Carnaque,  bigas, papiros, politeísmo, vasos canópicos, embalsamamento humano e animal, Livro dos Mortos, frontalidade da pintura e dos baixos e altos relevos, mastabas.

Mas não só. O desenvolvimento da medicina, a dimensão e a singularidade da arquitectura, os conhecimentos de física, astronomia e matemática, colocaram o Antigo Egipto na linha de evolução histórica científica mundial. São tudo referências que o ensino, as viagens e a cinematografia, entre outras actividades, tem evidenciado. E os Faraós? Incontornáveis e imprescindíveis, claro!

Também por isso, a Fundação Calouste Gulbenkian concebeu uma exposição dedicada. Intitulou-a Faraós Superstar, contou com peças únicas provenientes de diversas instituições nacionais e internacionais, mas também da colecção própria do núcleo museológico de arte egípcia, cujas peças adquiridas foram-no sob os conselhos técnicos do célebre Howard Carter.   

Os faraós andaram por lá desde cerca de 3200 a.C. Há mais de 5 mil anos, 5 milénios, tempo difícil de conceber na escala histórica. Há menos de 100, foi descoberto o túmulo de um dos mais célebres faraós, Tutankhamon. A dinastia Ptolomaica, reinou até ao ano 30 a.C., com Ptolemeu XV. Foram mais de 3 mil anos, durante os quais, o Egipto viveu sob o domínio deste nobres que, mais do que reis, assumiam um estatuto de deuses.


Queops, Quefren e Miquerinos foram alguns dos mais famosos, mais que não fosse pela relação que têm com as mais emblemáticas pirâmides, próximas da capital egípcia, Cairo. São estes três monumentos funerários, onde estão sepultados os três faraós, que mais surgem nos livros de história, nos filmes cinematográficos e como locais de visita turística. Aqui, são sobretudo as pirâmides que dominam, não tanto os faraós que aí foram sepultados.

Porém, os nomes de Nefertiti, Tutankhamon, Ramsés e Cleópatra surgem com alguma pertinência no nosso imaginário, adquirindo mesmo uma aura mítica. A figura do faraó, criada a partir do contexto de poder - quer teocrático, quer hereditário - dominava os aspectos económico, político, militar, e religioso, sendo este ultimo um dos mais singulares, já que, digamos, era também representado pela encarnação de um deus, habitualmente Horus (Deus do Sol). 

Mas há outros, não menos famosos. Hatchepsut, uma faraó feminina associada a um período de paz e económico, Tutmes II, um dos farós com mais conquistas militares, Amenhotep III, o faraó com maior número de esculturas, ou Akhenaton, por piores razões, uma vez que defendeu radicalmente o deus Aton (em alternativa a Horus). 


Mas não são apenas os testemunhos arcaicos faraónicos de milénios que estão em expostos. Há outros objectos ligados às representações medievais do tema, como sejam as iluminuras e as pinturas clássicas. E, ainda, obras pop ligadas à música ou às artes plásticas, além de referências publicitárias.


E, num lugar tão insuspeito como de destaque, até lá estava exposta uma Keops, de 175 cc, a dois tempos, uma moto francesa da década de 20 do século passado, não tão antiga como um faraó, mas que já conta com um século de existência.

A exposição chegou numa altura em que se comemoravam os 200 anos da decifração dos hieróglifos pelo francês Champollion, e os 100 anos da descoberta do túmulo de Tutankhamon pelo inglês Carter, que havia estabelecido um relação próxima, inclusivamente como consultor, com Calouste Gulbenkian.



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