terça-feira, 4 de julho de 2023

Botânico Tropical

 Jardim Colonial, Jardim do Ultramar, Jardim Tropical. Toda a gente já o conheceu por estas designações. Nomeado de acordo com com o organismo estatal que o foi tutelando, o mais recente Jardim Botâncico Tropical (JBT), está lá, em Belém, desde 1914 e pertence actualmente à Universidade de Lisboa.

Quase a completar um século de vida, o JBT é um jardim, um jardim botânico com ênfase nas espécies vegetais tropicais e subtropicais, dedicado à investigação e ao lazer, também classificado em 2007 como monumento nacional. Não há muitos, assim classificados.

Tem mais de meio milhar de espécies de árvores e plantas raras, algumas em perigo de extinção, sendo as mais notáveis as araucárias, as cicadáceas e os dragoeiros, integrando ainda um exótico jardim de cactos. 

Conta também com algumas espécies de aves, entre elas patos e e gansos, aparecendo também, de vez em quando, um ou outro felino clandestino.

Possui um conjunto de edifícios: o palácio dos Condes de Calheta do século XVIII (alberga áreas de investigação), a Casa do Jardineiro, a Casa de Chá, a Casa da Direcção, a Casa do Leão e, ainda, um Pavilhão de Matérias -Primas com uma xiloteca de madeiras tropicais.

No jardim, há várias áreas relacionadas com a História Colonial. O jardim foi palco, em 1940, de uma área da Exposição do Mundo Português. Por tal, encerra ainda hoje um conjunto de testemunhos desse evento, como sejam pavilhões e outros edifícios, portais ou estatuária.

São muitos os exemplos espalhados pelo parque. Na área dedicada à Ásia, existe um um pequeno pavilhão chinês, rodeado por rochas, pequenos lagos e pontes. O acesso a esse espaço pode fazer-se por uma pequena entrada lateral uma espécie de portal redondo, também associado à fachada do santuário budista do Templo de A- Má, em Macau.

Mais abaixo, um arco encimado com um dragão e a designação Macau replicava a entrada daquele Templo. Ainda se nota o brasão de armas colonial de Macau, que vigorou entre 1935 até 1999 (ano da passagem de Macau para a China) destacando-se as cinco quinas e um dragão.

Até o  insuspeito lago, está ligado ao passado colonial. Chegou a albergar, na espécie de ilha central, membros de uma tribo dos Bijagós, durante a Exposição do Mundo Português.

Existe também uma reprodução da gruta de Camões em Macau, envolvida por vegetação abundante, que inclui um busto do poeta, uma placa com três cantos de Os Lusíadas, cobertos por uma estrutura em cimento.

Disseminadas pelo jardim, diversos exemplos de esculturas sobretudo do século XVIII - com temas mitológicos - algumas provenientes do Laboratório de Machado de Castro. Dispostos em pares pelo jardim, está um conjunto de bustos, representando os povos das antigas colónias.

Apesar da área das estufas estar degradada neste 2020 - o Jardim da Ninfa, também estava com mau aspecto - aparentemente havia projectos de recuperação previstos para esse ano. Perto, um pátio com painéis de azulejos com temas africanos circunda uma fonte com repuxos.

Apesar de estar datado, o Jardim Botânico Tropical articula de uma maneira curiosa a natureza e a cultura, associando sobretudo a parte vegetal e a parte histórica do período colonial português. É um local tranquilo onde se passa um agradável par de horas.



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