Toda a gente conhece a “Escola”. Toda a gente
sabe o que é a “Escola”. É isso mesmo, uma escola. Uma escola que serve
refeições, um restaurante. Um restaurante onde se aprende a estar, a gostar, a
degustar. Ou seja, três das coisas que dão gozo fazer. Com amigos, bom tempo, bom caminho, e de moto,
melhor ainda.
Chegar lá é sempre apetecível.
Independentemente da comida, cujos pratos são referência regional, se não
nacional, o caminho para lá costuma ser atractivo. Não tanto, indo por Alcácer,
através da auto-estrada (chata, mas rápida) ou da nacional (lenta e bera).
O IMPORTANTE É IR
Este ano, a Área de Serviço do Seixal -
ex-Galp, ora BP - tem sido o ponto de encontro para romagens a sul. Possui
sombra no estacionamento, o café é razoável e serve todos os que vêm dos
diversos concelhos da margem norte. Depois, é arrancar rumo a Setúbal ou dar a
volta por Alcácer.
É especialmente agradável fazer a travessia
de barco, pelo menos, fazê-la num dos sentidos. O Sado é habitualmente
sereno, a Arrábida está lá sempre, a península de Troia tem um perfil agradável
e há mesmo a hipótese de um roaz acompanhar o barco. Na travessia aprecia-se a variedade do horizonte das margens, do rio e do mar.
Depois, é aquele ambiente feérico de quem vai
para um sítio simpático que, mais não seja a praia, empresta às pessoas
expressões alegres e vontade convivencial. Mesmo quando, no regresso a casa,
terminou o dia de praia ou de passeio. E ainda a sensação de que, mudando de margem, começa a viagem!
Mais, a estrada que leva do cais de Troia à
Comporta, e vice-versa, com cenários de mar de quando em vez e, depois, de lá
à “Escola”, é excelente para andar de moto. Mesmo apesar de o piso não ser “por
aí além”, o perfil da estrada, com curvas largas e uma envolvência de serra,
mar e areia, é suficiente para proporcionar um passeio memorável. Deve ser também por isso que voltamos sempre que podemos.
É por isso certamente que vamos. E juntamos-lhe mais. Andar
entre dunas, a vislumbrar o azul do mar e o verde do Sado, com a serra ao fundo e a apanhar uma tranquila brisa marítima. Depois, metermo-nos entre o arvoredo, para sentir a secura do interior, chegar à “Escola” e estacionar à sombra.
NA ESCOLA
Já sabemos ao que vamos. Parece que temos pouco para aprender mas, na "Escola", há sempre qualquer coisa para descobrir ou para relembrar. Desta vez, experimentámos (quase) toda a variedade da oferta gastronómica. Soubemos que quem gere essa área é o genro do antigo dono. Os empregados/as são os mesmos desde há longa data. São todos prestáveis e simpáticos.
É uma visita que fazemos todos os anos. Por
vezes, mais do que uma vez. É saudade, da gastronomia e do passeio, mas
sobretudo de mais uma ocasião em que podemos estar juntos e fazê-lo de moto.
Também já o fazemos há tantos anos que não conseguimos encontrar justificações
para o não fazer. Tal como dizem os japoneses, mudamos para tudo ficar na mesma.
Por isso, vamos colocando a conversa em dia, observando as cegonhas no ninho da chaminé
inerte, carregando a memória com lembranças e novidades. Desta vez, também experimentação das novas máquinas com um voltear no parque de estacionamento. E também lá estavam mais motociclistas. Saímos quase todos ao mesmo
tempo.
NA CASA DA BAÍA
Desta vez, foi o grupo (quase) todo. Para além das mesmice, havia as tais novidades: motores, quadros, matrículas; enfim motos novas. Três, de uma
assentata, uma espécie de pandemia de novidades. Duas Honda e uma BMW, motos orientadas para fazer muitos quilómetros, para viajar por aí fora ou simplesmente para nos levar onde a estrada vai.
A partir dos sessenta o “peso” da viagem
implica ir com conforto (diga-se sobretudo protecção aerodinâmica, e um bom conjunto ergonómico), dispor de
velocidade de cruzeiro sensata (seja lá o que isso for), autonomia que não
obrigue a parar antes de sair do país, uma moto que acompanhe as restantes... aparentemente, estamos (quase) todos nesse patamar de exigência.
Para celebrar aquele “estouro” de novidades –
não fosse ter ficado por comemorar – fomos descobrir a Casa da Baía, em Setúbal. Trata-se
de local de promoção turística da região de Setúbal e da cidade. Está ali num
sítio estratégico, em plena Avenida Todi, perto de tudo. Parece-me que só lhe falta mais lugares de estacionamento para veículos de quatro rodas...
São sobretudo os produtos de produção local –
vinhos, queijos mel – os mais divulgados, mas o espaço dispõe de um
restaurante, uma galeria de exposições, uma loja de produtos regionais e um
auditório e sala de reuniões. Neste dia, apanhámos uma prova de moscatéis; que ideal seria se regressássemos a casa a pé ....
O espaço interior e exterior é atractivo,
mesmo provocador, chamando as emoções e proporcionando ao mesmo tempo um
ambiente espaçoso e descontraído, com música ambiente e equipamento relativamente confortável. Para um dia quente, a
frescura da sombra das paredes altas e o cenário das traseiras típicas das
casas sadinas fizeram o resto.
Passa-se ali um belo fim de tarde, à volta
dos copos, da arte e da conversa, num ambiente fresco e tranquilo. Lá fora, cerca das seis, o
calor ainda mexia. As motos ficaram no passeio fronteiro, debaixo das árvores.
O dia estava feito, cumprido o trajecto da “Escola” à Baía”. Não está combinado, mas já se falou em voltarmos à "Escola"...
Músicas: Uriah Heep, Bird of Prey e Uniq, Art of Silence
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