domingo, 12 de julho de 2020

Da "Escola" à "Baía"




Toda a gente conhece a “Escola”. Toda a gente sabe o que é a “Escola”. É isso mesmo, uma escola. Uma escola que serve refeições, um restaurante. Um restaurante onde se aprende a estar, a gostar, a degustar. Ou seja, três das coisas que dão gozo fazer. Com amigos, bom tempo, bom caminho, e de moto, melhor ainda.


Chegar lá é sempre apetecível. Independentemente da comida, cujos pratos são referência regional, se não nacional, o caminho para lá costuma ser atractivo. Não tanto, indo por Alcácer, através da auto-estrada (chata, mas rápida) ou da nacional (lenta e bera).

O IMPORTANTE É IR


Este ano, a Área de Serviço do Seixal - ex-Galp, ora BP - tem sido o ponto de encontro para romagens a sul. Possui sombra no estacionamento, o café é razoável e serve todos os que vêm dos diversos concelhos da margem norte. Depois, é arrancar rumo a Setúbal ou dar a volta por Alcácer.



É especialmente agradável fazer a travessia de barco, pelo menos, fazê-la num dos sentidos. O Sado é habitualmente sereno, a Arrábida está lá sempre, a península de Troia tem um perfil agradável e há mesmo a hipótese de um roaz acompanhar o barco. Na travessia aprecia-se a variedade do horizonte das margens, do rio e do mar.


Depois, é aquele ambiente feérico de quem vai para um sítio simpático que, mais não seja a praia, empresta às pessoas expressões alegres e vontade convivencial. Mesmo quando, no regresso a casa, terminou o dia de praia ou de passeio. E ainda a sensação de que, mudando de margem, começa a viagem!


Mais, a estrada que leva do cais de Troia à Comporta, e vice-versa, com cenários de mar de quando em vez e, depois, de lá à “Escola”, é excelente para andar de moto. Mesmo apesar de o piso não ser “por aí além”, o perfil da estrada, com curvas largas e uma envolvência de serra, mar e areia, é suficiente para proporcionar um passeio memorável. Deve ser também por isso que voltamos sempre que podemos. 


É por isso certamente que vamos. E juntamos-lhe mais. Andar entre dunas, a vislumbrar o azul do mar e o verde do Sado, com a serra ao fundo e a apanhar uma tranquila brisa marítima. Depois, metermo-nos entre o arvoredo, para sentir a secura do interior, chegar à “Escola” e estacionar à sombra.

NA ESCOLA



Já sabemos ao que vamos. Parece que temos pouco para aprender mas, na "Escola", há sempre qualquer coisa para descobrir ou para relembrar. Desta vez, experimentámos (quase) toda a variedade da oferta gastronómica. Soubemos que quem gere essa área é o genro do antigo dono. Os empregados/as são os mesmos desde há longa data. São todos prestáveis e simpáticos.


É uma visita que fazemos todos os anos. Por vezes, mais do que uma vez. É saudade, da gastronomia e do passeio, mas sobretudo de mais uma ocasião em que podemos estar juntos e fazê-lo de moto. Também já o fazemos há tantos anos que não conseguimos encontrar justificações para o não fazer. Tal como dizem os japoneses, mudamos para tudo ficar na mesma.


Por isso, vamos colocando a conversa em dia, observando as cegonhas no ninho da chaminé inerte, carregando a memória com lembranças e novidades. Desta vez, também experimentação das novas máquinas com um voltear no parque de estacionamento. E também lá estavam mais motociclistas. Saímos quase todos ao mesmo tempo.

NA CASA DA BAÍA


Desta vez, foi o grupo (quase) todo. Para além das mesmice, havia as tais novidades: motores, quadros, matrículas; enfim motos novas. Três, de uma assentata, uma espécie de pandemia de novidades. Duas Honda e uma BMW, motos orientadas para fazer muitos quilómetros, para viajar por aí fora ou simplesmente para nos levar onde a estrada vai.


A partir dos sessenta o “peso” da viagem implica ir com conforto (diga-se sobretudo protecção aerodinâmica, e um bom conjunto ergonómico), dispor de velocidade de cruzeiro sensata (seja lá o que isso for), autonomia que não obrigue a parar antes de sair do país, uma moto que acompanhe as restantes... aparentemente, estamos (quase) todos nesse patamar de exigência.


Para celebrar aquele “estouro” de novidades – não fosse ter ficado por comemorar – fomos descobrir a Casa da Baía, em Setúbal. Trata-se de local de promoção turística da região de Setúbal e da cidade. Está ali num sítio estratégico, em plena Avenida Todi, perto de tudo. Parece-me que só lhe falta mais lugares de estacionamento para veículos de quatro rodas...


São sobretudo os produtos de produção local – vinhos, queijos mel – os mais divulgados, mas o espaço dispõe de um restaurante, uma galeria de exposições, uma loja de produtos regionais e um auditório e sala de reuniões. Neste dia, apanhámos uma prova de moscatéis; que ideal seria se regressássemos a casa a pé  ....


O espaço interior e exterior é atractivo, mesmo provocador, chamando as emoções e proporcionando ao mesmo tempo um ambiente espaçoso e descontraído, com música ambiente e equipamento relativamente confortável. Para um dia quente, a frescura da sombra das paredes altas e o cenário das traseiras típicas das casas sadinas fizeram o resto.


Passa-se ali um belo fim de tarde, à volta dos copos, da arte e da conversa, num ambiente fresco e tranquilo. Lá fora, cerca das seis, o calor ainda mexia. As motos ficaram no passeio fronteiro, debaixo das árvores. O dia estava feito, cumprido o trajecto da “Escola” à Baía”. Não está combinado, mas já se falou em voltarmos à "Escola"...

Músicas: Uriah Heep, Bird of Prey e Uniq, Art of Silence 



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