Foto: Gonçalo Lopes
Estamos confinados. Para nós, que andamos de moto por paixão, e mesmo para aqueles que têm a moto como dia-a-dia, estar parado é colérico. Sobretudo para os apaixonados, é adiar o prazer. Porém, também é esperar melhores dias, dias de passeio, de viagem, de prazer.
Nem sei se o título cabe num léxico decente
mas o que interessa é que a Mega Manifestação de 3 de Fevereiro, já lá vai mais
de um ano, tinha um conjunto de reivindicações valentes, teve alguma adesão e
proporcionou, pelo menos, um belo passeio até Lisboa.
Além de outras reivindicações de carácter
geral, o protesto incluía o facto das motos pagarem o mesmo que os automóveis
nas portagens, bem como os valores e fórmulas de cálculo do imposto único
circulação (IUC) estarem obsoletos.
Outros protestos iam contra o exorbitante
imposto sobre combustíveis e contra a politica de prevenção rodoviária que só
se traduz na caça à multa. Isto já envolvia também outros utentes, embora o
segundo tema nos diga respeito mais directamente, uma vez que também reconheço
que, no campo das duas rodas, escasseiam medidas de prevenção.
Foi por isto, basicamente, que os
motociclistas se concentraram em Lisboa, vindos de todo o país, com a
incidência óbvia do Porto e do Algarve. Ali estiveram cerca de cinco mil motos,
um número reduzido comparado com uma qualquer concentração turística.
Apesar da praça dos Restauradores estar cheia
de motos e de pessoas – havia também muitas motos ao longo dos passeios da
avenida da Liberdade -, notava-se que já houve melhores dias reivindicativos. Todavia,
nos que estavam, o interesse pela causa foi bem patente durante as cerca de duas horas em que todos permaneceram no local.
Desta feita, apesar da presença de
representantes de duas forças partidárias de relevo, o deputado Miguel Tiago e
o ex-deputado Rodrigo Ribeiro, a manifestação não surtiu grande efeito, pelo
que, durante o ano de 2019 não se verificaram alterações.
Mas o dia estava limpo e o sol apareceu para
nos fazer companhia. Acompanhei o cortejo desde a avenida da República,
passámos no Marquês e descemos a avenida da Liberdade já “ao molho”! A chegar
aos Restauradores, já não havia espaço para estacionar em redor da estátua.
Os discursos foram curtos. Depois, o habitual
passeio a pé pelas motos, dois dedos de conversa aqui, outros dois ali, rever
alguns clássicos destas coisas, outras não tão antigos, enfim, lubrificar os
assuntos das motos e dos motociclistas.
Música: Al Di Meola, Alien Chase on Arabic Desert