sexta-feira, 10 de abril de 2020

Motos aos Restauradores


Foto: Gonçalo Lopes


Estamos confinados. Para nós, que andamos de moto por paixão, e mesmo para aqueles que têm a moto como dia-a-dia, estar parado é colérico. Sobretudo para os apaixonados, é adiar o prazer. Porém, também é esperar melhores dias, dias de passeio, de viagem, de prazer. 

Nem sei se o título cabe num léxico decente mas o que interessa é que a Mega Manifestação de 3 de Fevereiro, já lá vai mais de um ano, tinha um conjunto de reivindicações valentes, teve alguma adesão e proporcionou, pelo menos, um belo passeio até Lisboa.

Além de outras reivindicações de carácter geral, o protesto incluía o facto das motos pagarem o mesmo que os automóveis nas portagens, bem como os valores e fórmulas de cálculo do imposto único circulação (IUC) estarem obsoletos.
Outros protestos iam contra o exorbitante imposto sobre combustíveis e contra a politica de prevenção rodoviária que só se traduz na caça à multa. Isto já envolvia também outros utentes, embora o segundo tema nos diga respeito mais directamente, uma vez que também reconheço que, no campo das duas rodas, escasseiam medidas de prevenção.

Foi por isto, basicamente, que os motociclistas se concentraram em Lisboa, vindos de todo o país, com a incidência óbvia do Porto e do Algarve. Ali estiveram cerca de cinco mil motos, um número reduzido comparado com uma qualquer concentração turística.

Apesar da praça dos Restauradores estar cheia de motos e de pessoas – havia também muitas motos ao longo dos passeios da avenida da Liberdade -, notava-se que já houve melhores dias reivindicativos. Todavia, nos que estavam, o interesse pela causa foi bem patente durante as cerca de duas horas em que todos permaneceram no local.

Desta feita, apesar da presença de representantes de duas forças partidárias de relevo, o deputado Miguel Tiago e o ex-deputado Rodrigo Ribeiro, a manifestação não surtiu grande efeito, pelo que, durante o ano de 2019 não se verificaram alterações.

Mas o dia estava limpo e o sol apareceu para nos fazer companhia. Acompanhei o cortejo desde a avenida da República, passámos no Marquês e descemos a avenida da Liberdade já “ao molho”! A chegar aos Restauradores, já não havia espaço para estacionar em redor da estátua.
Os discursos foram curtos. Depois, o habitual passeio a pé pelas motos, dois dedos de conversa aqui, outros dois ali, rever alguns clássicos destas coisas, outras não tão antigos, enfim, lubrificar os assuntos das motos e dos motociclistas.
Música: Al Di Meola, Alien Chase on Arabic Desert