Tecnologia à esquerda, simplicidade à direita. Robots de
um lado, cartão do outro. Diversos aspectos da robótica face a um olhar particular da arquitectura. Dos robots coloridos aos cartões pintados. Dois espaços que o
MAAT associou no antigo Museu da Electricidade. Hoje, escolhemos a exposição da Arquitectura da Vida.
De um dos lados da entrada da ex-Central
Tejo, antigo Museu da Electricidade, agora integrado no MAAT, estiveram em
exposição os trabalhos artísticos de Carlos Bunga, um artista português a viver
em Barcelona, que identifica como “espécie de arquitectura”. O título da
exposição associa-se aos ambientes, à escultura, à pintura e aos filmes.
Segundo o autor, a exposição ”The Architecture
Of Life. Environments, Sculptures, Paintings And Films” é uma ideia mental e
não um espaço real. Porém, uma ideia corporizada e pensada de uma forma
ecológica - materiais elementares - mas também reminiscente – espaços degradados
de infância.
E, se de início, tudo parece reproduzir
ambientes em miniatura, logo após o átrio de entrada, a dimensão progride até à
monumentalidade, grandeza percebida também através de audiovisuais, sobretudo
daquelas estruturas criadas e destruídas pelo autor.
Surpreendentes são também as texturas,
especialmente as que copiam a madeira, conseguidas através da pintura. Aliás, o
artista utiliza apenas cartão e tinta. As estruturas assemelham-se a perfis de
metal e os “quadros” parecem madeira pintada, envelhecida.
As obras em cartão, mesmo as pouco pintadas,
associam a pintura, a escultura e a arquitectura. A dimensão de algumas explora
espaços monumentais tradicionais. Numa delas, é próprio artista que se endeusa e, criador, destrói toda uma estrutura que, sendo construída em
cartão, rapidamente fica em ruínas.
Mesmo apesar da simplicidade, e até rudeza do cartão, a escultura e a pintura de Carlos Bunga confere às criações textura e cor tão transformadoras que parecem objectos de outro tipo. Depois, a arquitectura faz o resto. Transfere para as obras a dimensão, utilidade e forma.