quinta-feira, 9 de abril de 2020

Arquitecturas de Cartão


 


Tecnologia à esquerda, simplicidade à direita. Robots de um lado, cartão do outro. Diversos aspectos da robótica face a um olhar particular da arquitectura. Dos robots coloridos aos cartões pintados. Dois espaços que o MAAT associou no antigo Museu da Electricidade. Hoje, escolhemos a exposição da Arquitectura da Vida.

 

De um dos lados da entrada da ex-Central Tejo, antigo Museu da Electricidade, agora integrado no MAAT, estiveram em exposição os trabalhos artísticos de Carlos Bunga, um artista português a viver em Barcelona, que identifica como “espécie de arquitectura”. O título da exposição associa-se aos ambientes, à escultura, à pintura e aos filmes.


Segundo o autor, a exposição ”The Architecture Of Life. Environments, Sculptures, Paintings And Films” é uma ideia mental e não um espaço real. Porém, uma ideia corporizada e pensada de uma forma ecológica - materiais elementares - mas também reminiscente – espaços degradados de infância.


E, se de início, tudo parece reproduzir ambientes em miniatura, logo após o átrio de entrada, a dimensão progride até à monumentalidade, grandeza percebida também através de audiovisuais, sobretudo daquelas estruturas criadas e destruídas pelo autor.


Surpreendentes são também as texturas, especialmente as que copiam a madeira, conseguidas através da pintura. Aliás, o artista utiliza apenas cartão e tinta. As estruturas assemelham-se a perfis de metal e os “quadros” parecem madeira pintada, envelhecida.


As obras em cartão, mesmo as pouco pintadas, associam a pintura, a escultura e a arquitectura. A dimensão de algumas explora espaços monumentais tradicionais. Numa delas, é próprio artista  que se endeusa e, criador, destrói  toda uma estrutura que, sendo construída em cartão, rapidamente fica em ruínas.


Mesmo apesar da simplicidade, e até rudeza do cartão, a escultura e a pintura de Carlos Bunga confere às criações textura e cor tão transformadoras que parecem objectos de outro tipo. Depois, a arquitectura faz o resto. Transfere para as obras a dimensão, utilidade e forma.