quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Festa do Japão 2017


Acontece uma vez por ano e integra-se nas Festas de Lisboa. Antes, costumava ocupar todo o Jardim do Japão, em Belém, ao lado do Museu de Arte Popular. Este ano, a 24 de Junho, teve lugar no Rossio dos Olivais, em lugar central do Parque das Nações. Esta é a sétima edição da Festa do Japão.


Trata-se de uma espécie de festival – matsuri –, dedicado às artes, onde estão representados muitas actividades culturais japoneses, desde o cosplay – entusiastas da banda desenhada japonesa (manga), que se vestem como os seus heróis favoritos -, passando pela música e danças tradicionais, até às artes marciais.


Enquanto os fans do cosplay se iam preparando para o respectivo desfile, o público foi passando por diversos stands com temas e produtos japoneses. Outras pessoas foram ocupando uma posição privilegiada junto ao palco, talvez a merecer um novo envolvimento e dimensão para o próximo ano.


O Festa abriu com música, entre tambores e flautas, foi depois ao desfile de personagens de cosplay e logo após a moda dos kimonos. Continuou com dança japonesa e um Quiz em pleno palco, enquanto a tarde se ia fechando atrás do Pavilhao de Portugal.
Foi ainda nesse palco que aconteceu a demonstração de artes marciais japonesas, que contemplou, entre outras, Aikido, Batojutsu, Karate, Kendo, Shorenji Kempo, Iado, e, como convidados especiais, os praticantes do Jogo do Pau português.




A apresentação da demonstração está como é habitual a cargo da Associação de Amizade Portugal-Japão. É  costume estarem presentes praticantes de diversas  artes marciais com as suas escolas / estilos respectivos, habitualmente com participação interessada e alvo recepção entusiasta. 

A flauta tradicional de bambu, Shakuhachi, teve Yosuke Irie como artista convidado, que actuou antes de um dos momentos mais cativantes do dia, a cerimónia do “Toro Nagashi”, lançamento de lanternas japonesas no lago que margina o Rossio dos Olivais.


O tempo ajudou. A luz, apesar de velada temporariamente, voltou para melhor revelar o brilho das cores, enfatizar os contrastes e realçar as silhuetas. Quando o dia passou para lá dos prédios altos, as luzes surgiram ténues a destacar a Festa e a acompanhar o cortejo de lanternas.


Entretanto, o pôr-do-sol correspondeu à ocasião. Foi ficando sereno e avermelhado, à medida que as lanternas iam bailando tranquilamente na superfície do lago. As chamas dos pavios iam tamborilando ao sabor da brisa, ora a caminho do centro comercial, ora rumo ao rio. 


A leve brisa que, por vezes, parecia boicotar o deambular das lanternas, voltava e empurrava-as de novo para uma das extremidades do lago. As pessoas foram-se revezando à beira de água sobretudo para fotografar e assistir ao lento evoluir daquelas lanternas aquáticas.


Acabo por ser um dos pontos altos do evento que concentrou muita gente à volta do lago e das lanternas. É simples colocar uma lamparina dentro de uma caixita colorida. Depois, é deixá-la à brisa, acompanhar-lhe a bolina e crer que não haja algumas idênticas... 

O vídeo em https://vimeo.com/230870364


Cairo Jazz Station



Foi na última quinta-feira de Junho, no anfiteatro ao ar livre da Gulbenkian, ao princípio da noite, de uma noite relativamente amena, em que o espaço não encheu, mas o ambiente foi aquecendo à medida que os Cairo Jazz Station avançaram a sua sonoridade jazzística.
Como é habitual o palco tinha apenas o indispensável para que os Cairo Jazz Station tocassem e o público os pudesse ouvir. E ver. Aliás, a paisagem natural dos jardins da Gulbenkian é, por si mesma, um cenário capaz de acolher e ilustrar quase todos os tipos de espectáculos.
A multiculturalidade que se vai encontrando cada vez mais nos diversos campos da cultura, e que contempla a música há já muitos anos, estende-se agora a culturas que, antes, não tinham tanta visibilidade. Como seja, o caso da cultura árabe.
A partir dessa miscelânea cultural, procura-se inventar novas propostas, descobrir outras sonoridades, criar novas identidades musicais. Estes quatro músicos estão à procura disto. João Barradas, no acordeão, é o português de serviço nas teclas, Abdallah ABozekry é o homem do saz, Ismail Altunbas é o turco das teclas e no contrabaixo está o italiano Lori Lari.
Aproveitaram uma residência artística em Portugal este ano, mas o encontro inicial deu-se no ano passado, quando ao abrigo da rede Medinea – uma espécie de incubadora de artistas – se reuniram num atelier musical no Festival de Aix-en-Provence.

A sua música contém muitas influências nacionais, mas vai sobretudo do jazz aos ritmos contemporâneos do Médio-Oriente. Com a participação do acordeão e do saz, instrumentos raros nestes universos sonoros, a percussão a juntar tablas e o acompanhamento provocador do contrabaixo, conseguem uma cativante fusão de timbres.

O vídeo em https://vimeo.com/229862428

Flor da Rosa, Belver e Amieira do Tejo. Almoço do Arlindo 2017


PESSOAS, PAISAGEM, PATRIMÓNIO



Desta vez, estamos sob o signo do “pê”. Pessoas, porque somos os suspeitos do costume, a razão principal por que vamos, gente catita. Paisagem, porque vamos ter em redor campos dourados alentejanos, mediados por um Tejo de águas tingidas de um azul fortíssimo, contrastante. Património, porque visitaremos legados históricos portugueses.


Já conhecemos o rótulo de anos anteriores, de outras ocasiões. Já todos sabemos ao que vamos. Ao Almoço do Arlindo, evidentemente. Está tudo dito. Tudo, não. Há sempre algo por glossar, muito para mostrar, mais para salientar, tanto para recordar.



Já era um caso sério. Sobretudo, de prazer. E, parafraseando o Arlindo, está a tornar-se um momento de familiaridade excelente, onde a amizade e especialmente o respeito mútuo, reflecte os anos de são convívio que marca a maioria dos presentes. Alguns, valem-se mesmo dos galões da cumplicidade e estoiram com qualquer momento mais sensato ou desatento.




Deve ter sido o Encontro onde estiveram presentes mais elementos da geração mais nova de amantes deste tipo de jornadas lúdicas. Desta vez, seriam mais do que as BMWs, também elas, digamos, uma componente do pragmatismo e liberalidade do Clube.


Desta vez, repetiu-se o sítio de há três anos e reforçou-se o bem-estar. Inventam-se outros lugares de visita e nutre-se o prazer de ir e descobrir. Reaparecem as pessoas e reata-se a convivência, recorda-se a última, a penúltima e enésima vez que estivemos juntos.


Deixamos o solo mais dourado a sul e fomos através dos granitos boleados que incham do solo. Fomos mais a norte, centrados no local de infância do Arlindo. Depois, reaparecemos ao Tejo, trepando ao Hospitalário Castelo de Belver, estendendo daí o olhar sobre o rio.


Vamos descobrir mais cultura, a da higiene, séculos esquecida depois da romanização. No Museu do Sabão ficamos a saber que a cinza branqueia e que os sabonetes demoram menos a fazer do que um presidente. Passamos à gastronomia e se, na noite anterior, já havíamos estado numa alhada de cação, ao almoço descobrimos um sável e um lúcio de nos espantar.

Logo após, ficaríamos com a arte das mantas e das tapeçarias de Belver no seu núcleo museológico. Mais tarde, e depois de uma piscina retemperadora, uma aula de Pilates voltou a repor a forma necessária para enfrentar um excelente bacalhau à casa, seguido de um passeio pedestre nocturno pelas serenas ruas de Alpalhão.


Continuámos sob o signo dos Hospitalários, seguimos no domingo para o Castelo de Amieira, uma fortaleza de meados do século XIV, de onde o vale do Tejo não dista uma légua. Acabámos na Beira Baixa, na Herdade da Urgueira, entre o lago e as simpáticas casas alentejanas, com uma sopa de peixe surpreendente.

FLOR DA ROSA, DEPOIS DE AVIS

Se este périplo tivesse sido feito na época medieval, já há muito que nos teríamos cruzado com cavaleiros Templários, Hospitalários ou da Ordem de Avis. Estamos no Alto Alentejo, a trepar rumo ao Tejo. Andámos pelas planícies do Sorraia, acompanhámos o rio Raia, atravessámo-lo em Pavia e parámos à vista das muralhas de Avis.


Foram os Freires de Évora que o construíram, após a doação das terras pelo rei português, Afonso II. O castelo data da primeira metade do século XIII, cujas obras estiveram a cargo do Grã-Mestre da Ordem Militar de S. Bento de Aviz, mais tarde, Ordem de Avis.


Quem chega de sul, ainda descobre um pano de muralhas e uma torre – salvo já erro, a de Santo António -, além de uma das portas do antigo castelo. Originalmente, o castelo dispunha de seis torres. Porém, hoje, só restam três, sendo que uma delas, salvo erro, a da Rainha, está já integrada na malha urbana mais recente.
No Alentejo, diz-se que as distâncias são enormes. Com efeito, as localidades distam bastante umas das outras, sobretudo se comparadas com congéneres minhotas ou do litoral do país. Porém, ao contrário destas regiões, a planura e a rectilinidade dos acessos, fazem do Alentejo uma zona de rápida progressão.


A distância para Flor da Rosa não ultrapassa muito cinquenta quilómetros, optando pela ligação via Alter do Chão. Em cerca de meia hora, chegamos ao Mosteiro de Flor da Rosa, um conjunto arquitectónico que contempla sobretudo uma igreja-fortaleza e um paço góticos, datados de meados do século XIV.


A obra deve-se a D. Álvaro Gonçalves Pereira, primeiro Prior do Crato, que está aqui sepultado. Albergando actualmente uma Pousada, esta adoptou inclusivamente no seu logotipo o símbolo da Ordem dos Hospitalários, mais tarde, Ordem de Malta.


Além do gótico das muralhas e do paço, as dependências conventuais já mostram traços renascentistas e no claustro notam-se também influências mudéjares. Ainda no claustro, um enorme símbolo dos Hospitalários domina um pequeno tanque central.


Decorria um casamento, que não enchia a sala de estar principal, mas já criava fila para as casas de banho. Mesmo assim, chegámos a estar sozinhos nessa sala abobadada, o que permitiu experimentar um piano sem constrangimentos de público mais exigente…

À entrada, mas ainda no exterior, existe uma loja turística e, no interior, abre-se para um dos lados, um pequeno centro interpretativo do monumento e, para o outro, um Núcleo de Escultura Medieval do Museu Nacional de Arte Antiga. Na ala direita, protegido por grades, e a ocupar lugar principal, está o túmulo do fundador do mosteiro.

DE VOLTA A ALPALHÃO E AO MONTE FILIPE



A etapa seguinte não teria estória se não tivéssemos atrás de nós uma BMW, ‘ein grosse’ BMW, que encobria uma scooter. Não é difícil adivinhar quem vinha atrás de nós. Chegámos juntos ao hotel Monte Filipe, à entrada de Alpalhão, que nos acolheria durante duas noites.
Devemos ter chegado “a horas”, já que outros tinham acabado de parar, numa altura em que só haviam estacionado quatro motos, sendo apenas três do Clube. Desta vez, também havia uma “overdose” de carros. É que não há, por enquanto, outra maneira de trazer os netos para este tipo de eventos. Um side-car era capaz de ser útil…
E lá nos fomos encontrando. Ou seja, enquanto se tiram as malas e se dá um dedo de conversa e se descobre quem venha num clássico ou numa trail, vamos encontrando quem já está e vai recebendo quem chega. Como é habitual, deixa-se meia hora para os preliminares do ambiente, como estás?  vieste de moto?, pois, desta vez, que remédio…!?
Daí a pouco, tudo se esclarece. À mesa, à conversa, a saborear a alhada de cação e as fevras no alguidar, a recordar as jornadas anteriores – soube (mais) sobre a aventura do Cabo Norte), a antever a do dia seguinte (que se esperava soalheiro), a perspectivar as futuras (e lá vem África ao “barulho”).

Estivemos nisto até às tantas, a fazer tempo para uma ida à padaria local, logo após passarmos pelo largo central da vila, cada vez melhor arranjado, e que, agora, já dispõe também de um pequeno campo destinado a futebol de salão, mas onde também poderão ter lugar outras modalidades e actividades.



Estamos em idas terras Templárias, onde a Ordem teria edificado um castelo, entre os séculos XII e XIII, - coisa para ter cerca de oitocentos anos, mas apenas restam vestígios – cuja reprodução está, curiosamente, num painel de azulejos do restaurante Regata, onde jantaríamos no sábado.

BELVER (E) O TEJO


A caravana estava na estrada pelas nove e meia da manhã, Seguimos via Gavião, a caminho da ponte de Belver. Tem cerca de cento e dez ans de idade e está em obras. Parámos no semáforo que controla a passagem numa via, esperámos uns minutos e fomos avançando devagar já à vista da vila e do castelo. 
 

Da ponte, e mesmo durante a subida para a vila, quer a imponência do castelo – está situado numa colina acima da vila – bem como o fausto do Tejo, que se deixa ver durante alguns quilómetros de um lado e do outro da ponte, dão uma ideia do que nos espera.



Parámos no Largo 5 de Outubro na proximidade da Igreja Matriz, cuja edificação original data do século XVI. Aquela hora, ainda havia bastantes lugares de estacionamento. Pouco depois, já ter sido arriscado, uma vez que teríamos concorrência de um grupo muito superior em número de participantes.

AO CASTELO


Daí a pouco, estamos a trepar as escadas para o castelo. Paramos a meio, olhamos o Tejo, esticamos o olhar para a ponte, para vila, para a barragem, mas também para a natureza e para nós próprios. Uns já descansavam, outros estão mortinhos por ver até onde vai o repuxo do bebedouro…



Da entrada do castelo, a paisagem é soberba, principalmente sobre o Tejo, quer para o lado da praia do Alamal, quer para o lado da ponte. Percebe-se que o olhar medieval estivesse mais dedicado à moirama mas, sobretudo depois de subir ao adarve das muralhas, a vista ganha espaço e o panorama revigora-se.


O início da construção do castelo data da última década do século XIII, altura em que as incursões árabes ainda obrigavam a reforçar a linha defensiva do Tejo. Entregue ao prior da Ordem dos Hospitalários, Afonso Pais, na segunda década do século seguinte já guardava no seu interior os dinheiros do tesouro real.



Dois cubelos desiguais ladeiam a porta principal, mais tardia, que se abre então para o rio, em arco de volta redonda, onde se reconhece de imediato a “pedra de toque”. Olhando em redor, logo após a entrada surgem numerosas seteiras, curiosamente na base das muralhas, apontadas” para baixo.



Tivemos como anfitrião um amante da história, um médico veterinário que nos foi pondo ao corrente da história e das estórias do castelo. Guiou-nos ao longo da muralha, destacou as cisternas, salientou a de São Brás e subiu connosco à torre de menagem.



Na pequena capela de São Brás, substancialmente nua de mobiliário, o destaque foi para o altar-mor, ladeado de muitos bustos-relicários, dedicada à guarda e ao culto de relíquias, semelhantes aos que vimos no último passeio do Porto na igreja dos Grilos.



Saímos a caminho da torre de menagem onde assistimos a um vídeo sobre os primórdios do lugar, a influência das Ordens religiosas e militares e dos sucessivos senhores do castelo, da importância estratégica e do foral atribuído a Belver por D. Manuel.



No espaço dedicado à interpretação, lá estavam mapas com a distribuição daquelas Ordens, uma cópia do foral, uma miniatura do castelo, a cronologia, ilustrações, bem como vestígios de povoamento com séculos e existência. Em destaque, um fragmento de uma inscrição funerária em xisto datada do século I, bem como o foral atribuído à vila por D. Manuel!



O que continua a maravilhar é a vista desde os adarves ou das torres. Agora, parece que o Tejo se azulou e o contraste com o branco das casas e o tijolo das telhas é mais nítido. Todavia, ao longe, ainda se distingue a central termoeléctrica do Pego a fumegar…



Nada que impeça os valentes motociclistas de descer a colina para, logo após, subir outra, do outro lado da vila, a caminho do Museu do Sabão. Apesar de estarmos na margem direita do Tejo, ainda é Alentejo. Por tal, qualquer cabeço ou morro de maior quebra, dispõe sempre de um banquito onde qualquer sexagenário pode dar laRgas à sua serenidade.
AOS MUSEUS


Há um painel com sabão azul e branco e sabão amarelo que nos dá as boas-vindas. Sabemos estar no reino da higiene, do sabão e do sabonete, mas também do detergente. Mais à frente, Leblanc aparece acompanhado de Colgate, Solvay e Lever, os magos da limpeza. Ficamos a saber também que os suspeitos do costume – todos aqueles povos que por cá andaram enquanto Portugal não existia – fenícios e gregos, por exemplo, já utilizavam argila e cinza ou argila e areia para a sua higiene pessoal.



Antes, porém, aprendemos a fazer sabão, provavelmente sabonete, já que a matéria acessória eram corantes e odores. Curiosamente, a base dos sabões e sabonetes é glicerina, a mesma utilizada para dar brilho a pneus. Um dia que indústria da borracha perceba que venderá mais se der um cheirinho ao que produz, talvez possamos escolher o perfume dos pneus das nossas motos…



Passámos pelos antigos detergentes de roupa “Omo” – os que ofereciam talheres -, pelos sabonetes “Lux” – os tais das “estrelas de cinema”, que sempre foram portugueses – pelos velhos “Patti” da Ach. Brito, pelo “Chipre” da fábrica Confiança, pelo “Rexina” e por mais algumas raridades. E ainda trouxemos uma simpática miniatura de sabonete.


Descemos de novo ao largo central de Belver, a caminho do “Sabores Guindintesta”, um restaurante que recebeu o nome das antigas terras de Guidintesta, mais tarde Belver. Além de estar localizado na encosta e possuir o tal ”belver” o rio, a mista de sável e lúcio com açorda é um caso sério, bem como a tigelada.



Pouco depois, foi a vez de descermos até ao Núcleo Museológico de Mantas de Tapeçarias de Belver, sobrevindo de um forte empreendedorismo de Natividade Nunes Silva, uma mulher à frente do seu tempo, em matéria de emancipação e iniciativa industrial e comercial.





O acervo museológico mostra um conjunto de teares de pedal, assim com algumas peças ilustrativas dos diversos modos de tear, na altura exemplificados, quer pela conservadora, quer inclusivamente por quem, estando já num estágio moderno de produção têxtil, ainda sabe como puar…


Além dos teares tradicionais, o museu conta ainda com alguns instrumentos de trabalho e matérias-primas, como seja o linho, empregues na tecelagem. É isso que se pode encontrar na antiga Fábrica Natividade Nunes da Silva, vários testemunhos do trabalho rural e da arte da produção de tecelagem.



A meio da tarde, voltámos a atravessar a ponte, deixando para uma próxima oportunidade a visita à Capela da senhora do Pilar e à Anta do Penedo Gordo. Talvez até para um passeio pelo Caminho da Fonte Velha ou ao longo no Tejo no Passadiço do Alamal.

SUNSET EM ALPALHÃO


Está na moda. Não há dia em que não exista. Já ninguém pode passar sem um pôr-do-sol. Afinal, se tal acontece todos os dias há tanto tempo, não há maneira de o evitar. Por isso, juntamo-nos à natureza e à moda e, após um mergulho na piscina,  o sol oferece-nos um momento Pilates.


Sob o comando da Rosa de Oliveira, voltámos à relva, mais ou menos vestidos para o efeito, em formação de xadrez. Respirámos de todas e mais algumas maneiras, flectimos, rodámos, agachámos, estirámos, ora para um lado, ora para outro, para baixo e para cima.



Apesar de a harmonia ter sido a que melhor se conseguiu, quando a música se fez ouvir, o corpo seguiu o ritmo e não foi preciso mais nada para mexer também o espírito. Exercício para uns, incentivo apetitoso para jantar para outros, a verdade é que o Clube esteve representado quase a 100% na iniciativa!



Foi ainda à vista do “sunset”, que partimos para o restaurante Regata, já nosso conhecido de anos anteriores. Voltámos a ocupar duas longas mesas, para nos batermos com uma sopa de tomate, um bacalhau e uma sericaia que reuniram unanimidade de especialidade.




Fomos ficando ao longo das conversas de ocasião, de uma ou outra novidade e das trocas de opiniões sobre o curto e o médio prazo das iniciativas do Clube. Ainda fizemos escala na esplanada para, pouco depois, seguirmos o Arlindo em périplo pela vila.


Começámos pela Igreja matriz, de provável edificação original ocorrida na segunda metade do século XV, posteriormente alterada no século seguinte com outro estilo arquitectónico. Hoje ninguém diria cuja origem é tão remota, dado o excelente estado de conservação.


Mais recente, é mesmo a cruz estilizada em granito, bem como o dedo gigante, que ladeiam a igreja. Além destas esculturas, a vila está replecta de monumentos em pedra. Passámos pela “Anta”, pelo “Peixe” e pelas “Caras” do largo, tendo-nos faltado, a “Sereia” e a “Arca”, bem como o “Banco”.



Continuámos para a Fonte de Alpalhão, de finais do século XIX, granítica, brasonada com as amas de Portugal e encimada por uma Cruz de Cristo, local de brincadeira do Arlindo quando criança. Ainda hoje se enfeita a fonte com flores de papel por ocasião da Festa de Santa Cruz.


Regressámos ao hotel após um pedestre de cerca de 2 quilómetros. A noite estava óptima para andar a pé, sem ser preciso agasalho. Aliás, até estava fresquinho, comparando com a temperatura que, no ano anterior, no brindou em Arroches, mas sobretudo na visita aos fortes de Elvas.

DA AMIEIRA DO TEJO À HERDADE DA URGUEIRA



A meio da manhã de domingo, já se notava que a temperatura aumentara, a prometer um dia luminoso e talvez afogueado. O Alto Alentejo mantinha os horizontes dourados e os odores campestres acompanhava-nos a longo da estrada que nos levaria a Amieira do Tejo.

Do Monte Filipe à Amieira do Tejo são pouco mais de vinte quilómetros em estrada rectilínea e de bom piso, em parte IP2. Continuávamos na senda dos Hospitalários cuja heráldica é facilmente reconhecível sobre o arco de pedra que encima o portão de entrada no castelo.


Trata-se de uma edificação de pequenas dimensões, quer em área, quer em altura das muralhas. Por tal, dispunha de um fosso, hoje inexistente, bem como uma pequena cintura de muralhas, mais baixas, que possui o portão atrás referido.


Passámos elo pátio de armas onde tal como no castelo de Belver, ainda são visíveis duas cisternas. Este terá sido edificado, em meados do século XIV, por D. Frei Álvaro Pereira, pai do Condestável D. Nuno que mesmo tendo vivido aqui durante alguns anos, foi sepultado no mosteiro da Flor da Rosa.



É do adarve, estreito e alto, que a vista vai até à outra margem do Tejo, de onde dista mais de dois quilómetros. Em redor, o horizonte enrola-se em colinas, com a vila aos pés da muralha a nascente e campo a perder de vista a poente.


Na torre de menagem existe um pequeno núcleo interpretativo e, nesta altura, expunha um conjunto de fotos de época, com especial cariz sociocultural, que retratava as gentes e as actividades da vila durante grande parte do século XX.




Passeámos pelo adarve, espreitámos o Tejo e as colinas que envolvem a localidade, espreitámos as cisternas e passámos à Capela de São João Baptista, já quinhentista, onde se distingue a abóbada profusamente decorada, com elementos decorativos muito etilizados.



Saímos da Amieira do Tejo com a temperatura a tocar a trintena de graus. . Descemos para o Tejo, ao longo da estrada que leva à ponte de onde as Portas de Ródão se destacam no curso do rio. E de onde se reconhecia facilmente o cais de onde partimos num passeio no Tejo num anterior Almoço do Arlindo.


  

Atravessámos Vila Velha de Ródão e passámos pelo Museu Rural (que também visitámos naquela ocasião). Poucos quilómetros depois da vila, voltámos ao campo dourado a perder de vista, agora sobre uma estrada mais estreita e de piso bera.


UMA HERDADE ESPECIAL



 
Mas não demorou a surgir a miragem da Herdade da Urguiera. Depois de um portão, aparece um lago sobre a direita, fronteiro a um edifício de dois andares com dois restaurantes e, junto, uma piscina, uma esplanada e espaços de lazer entre oliveiras.



Próximo, um conjunto de moradias, de materiais e traça de transição entre o Alentejo e a Beira, também envolvidas por oliveiras, dispunham-se ao longo da rua principal do complexo. Foi à sombra delas que deixámos as motos e nos dirigimos ao piso inferior para almoçar.



Fomos recebidos numa sala envidraçada, luminosa, virada para o lago, onde nos acomodámos para mais uns instantes de convívio, na companhia de um bom arsenal de aperitivos e onde esquecemos o calor que já se fazia sentir em cima das motos.


Foi uma escolha excelente do casal Matos. O sítio é uma espécie de oásis que aproveita a natureza, `aboa maneira alentejana, com pouco mas suficientemente interessante, constitui um polo de lazer, e não só, com muita qualidade.



A piscina, a dois passos do restaurante e das casas, foi imediatamente um dos sítios de atracção, sobretudo dos mais novos. Do exterior do restaurante, e logo após a zona das oliveiras, a vista anda pelo lago e perde-se na vinha a poente, num pequeno núcleo de árvores a sul e num descampado a nascente.



A jornada gastronómica teve um começo muito saboroso com uma sopa de peixe espantosa, continuou para medalhões de bovino, tendo terminado com uma tijelada excelente. Um almoço que deu para lá das três da tarde, onde vagueámos entre os sabores e as últimas (boas) novidades do percurso da Selecção Nacional de Futebol.



Tivemos ainda oportunidade de visitar duas das casas do complexo, um T2 e um T3, e verificar que também teriam sido uma boa alternativa a Alpalhão. Talvez fiquem à nossa espera até para o ano, ou para uma próxima oportunidade de alojamento no Almoço do Arlindo.



Saímos da Herdade da Urgueira com saudade do fim-de-semana. Ou não fossemos portugueses! Eram quase quatro da tarde quando nos pusemos a caminho. O calor aumentara, como estava previsto. Certificámo-nos disso à passagem por Santarém, quando a temperatura nos termómetros das motos chegaram aos 39 graus!


O vídeo em, https://vimeo.com/226831172