Coleccionar é a predilecção do coleccionador. Diz-se
que um colecionador, no limite, é o que tem tudo. Ou o que tem muito e/ou
valioso e/ou raro. Uma espécie de instituição. Eu não sou colecionador, nem
museu, nem biblioteca.
Mas coleciono, não tanto como um colecionador, um
museu ou uma biblioteca. Guardo, selecciono e organizo. Guardo melhor algumas
peças, tenho predilecções, preparo e classifico algumas, mas também há peças que
deixo de colecionar e outras que guardo mas raramente as (re)vejo. Outras,
gostaria de coleccionar. Todavia, não troco, nem exponho.
Guardo alguns brinquedos, predominantemente
miniaturas de automóveis e motos, um ou outro barco, alguns montados por mim.
Guardo algumas colecções de livros (história, sobretudo) e de revistas
(automóveis e motos), colecções de selos (portugueses maioritariamente),
colecções de numismática (moedas portuguesas). E mais algumas, pouco
significativas, como seja, uma pequeníssima colecção de latas de bebidas.
A colecção de
latas está na categoria das colecções que deixei de colecionar. Comecei em 1981
e deixei em 2004. Daí a lata mais antiga ter 34 anos - DORTMUNDER
ACTIEN-PILSNER – e a mais recente - uma PEPSI - datar de há 11 anos.
Trouxe as
primeiras latas do Circuito de Jarama, em 81, do autódromo que fica a norte de
Madrid. Nessa altura, era habitual assistir ao Grande Prémio de Motociclismo
que reunia os melhores mundiais da modalidade, quando por cá a modalidade não
tinha expressão.
As latas
representavam já uma grande parte do mercado de bebidas neste tipo de eventos. Logo
após as corridas, e uma vez que os recipientes para o lixo escasseavam, o chão
de Jarama ficava pejado de latas de cervejas e refrigerantes.
Possuo 8 latas com
mais de 30 anos de existência, embora a maior parte esteja em mau estado. A
HAAKE BECK alemã, de Junho de 82 é, porém, das mais antigas, a que está em
melhor estado de conservação. Com mais de 20 anos tenho cerca de 20 latas em bom
estado.
A lata portuguesa
mais antiga data de Dezembro de 1982 - uma SPRITE - seguindo-se uma água tónica
FINLEY de Janeiro de 1983 - em mau estado - e uma GREEN SANDS de Dezembro de
87, melhorzita. Provavelmente a maioria das latas veio de Espanha. Por tal, o maior número corresponde a latas de origem alemã, (29), de origem portuguesa são 24 e de origem holandesa, 10.
Entre 1988 e 1989, há 27 anos, o custo das bebidas – como o de outros
bens – visto a esta distância, era curioso. Uma LOWENBRAU, de Dezembro de 87,
custava 109 escudos, cerca de 45 cêntimos de euro actuais, ao passo que uma KAISERDOM
Pilsener (de 88) custava 44 cêntimos.
Já uma SAGRES, de Julho de 88, custava 58 escudos, 29 cêntimos, o mesmo
preço de uma SUMOL de ananás. Um TRINARANJUS de maçã (de Maio de 88) e um de
laranja (de Maio de 89), de origem espanhola, custavam respectivamente 56 e
59,5 pesetas, entre 8 e 29 cêntimos de euro.