terça-feira, 7 de maio de 2013

A Arte da Escultura

É uma arte antiga, tão antiga como a história, como a pré-história. Começou como representação antropomórfica dos deuses, mas hoje já representa conceitos, estados de alma ou simplesmente intervenções sobre espaços e materiais.
A escultura é essencialmente visual, táctil, até auditiva. São sobretudo imagens plásticas em relevo. Estéticas fundamentalmente. Muitas, percebem-se imediatamente. Outras, dificilmente se entendem. Ainda outras, só explicadas se hão de apreender.
Há uma pluralidade de condições na arte em geral e na escultura em particular que balizam o entendimento, a emoção e as concepções. Perceber a origem, o significado, as relações estabelecidas, o tema frequentemente, a ordem, a linguagem, a distribuição espacial, a dimensão, nem sempre é fácil, raramente é simples. Sobretudo quando não é representada uma forma reconhecível.
Para além das mais antigas peças em bronze e em pedra descobertas na Índia, também a China produziu vasos em bronze dez séculos antes de Cristo e, já no II a.C., possuía o famoso exército de terracota de Xian. Na América, são famosos os altos-relevos maias e aztecas, em África são as reproduções antropomórficas em madeiras nobres e, na Europa, já os gregos esculpiam em mármore e bronze dez séculos antes de Cristo.
Se bem que a pré-história e a antiguidade clássica tenham representado figuras simples criadas à imagem humana - para além de peças meramente decorativas - a evolução histórica e a distribuição geográfica dos autores criou uma grande diversidade na arte em geral e na escultura em particular.
Essa multiplicidade pode ser percebida quer nos materiais – argila, pedra, madeira, cera, metal, plástico, etc – quer na evolução cultural dos estilos – vidé Europa, com o românico, o gótico, o renascentista, etc – quer nas diferentes concepções e experiências dos artistas, quer na distribuição geográfica.
A escultura em espaço público continua a contemplar representações de temas clássicos, mas também a problematizar, a interpretar e a metamorfosear as coisas do mundo, sejam elas naturais, construídas ou simbólicas, sejam elas abstracionistas, simbólicas, surrealistas ou simplesmente estilizações, em criações alusivas a personagens, ideias ou peças.
Hoje fala-se muito de intervenção e do carácter de comunicação da escultura no espaço público enquanto forma de partilhar conhecimentos, estéticas e emoções. Contudo, a dificuldade de as perceber mantém-se como desafio às competências, à imaginação e ao gosto de todos os que, pelo menos, param para apreciar uma obra escultórica ou vão propositalmente a uma exposição de escultura. 

Os JARDINS DA GULBENKIAN

reúnem desde há anos um conjunto de esculturas que já parecem fazer parte daquele espaço sem tempo. São os casos da simbólica Papisa, de Clara Menéres, do abstrato Satirycon (imediatamente a seguir), de Ruben Nakian, ou do metamorfótico Sauterelle (imediatamente anterior), de Germaine Richier.

A do paredão de Cascais, intitulada ARTEMAR

constituída por obras que defendiam a relevância da preservação marinha com um enfoque expressivo na mensagem ecológica, incidia também na reciclagem de desperdícios de materiais. Aqui, valorizava-se de uma forma simbólica o mar enquanto energia que alimenta a vida.
Estavam lá os David’s (imediatamente antes), de Ricardo Lalanda, aquelas formas geométricas gigantescas que pareciam guardiões dos oceanos; a Distância (imediatamente a seguir), de Cecília Costa, com aquele (também) convite ao descanso com cadeiras nas rochas e um tapete vermelho para uma cadeira em posição-chave para também contemplar o mar; ou, a Arca de Msanbweni, de João Parrinha e Xani Kreuseder, aquela simpática tartaruga voadora, a denunciar a poluição marítima; ou, ainda, aquela estilizada “Linha do Horizonte” (a encimar a Artemar), de Pedro Léger Pereira.

Já na SINTRA ARTE PÚBLICA IX 

na Volta do Duche, em Sintra, no âmbito de exposições periódicas mostra-se, por exemplo, o Titã Fragmento (no topo da mensagem), de Beatriz Cunha, o Fauno, de José Alves (imediatamente antes), ou a Eva, de Diogo Rosa (imediatamente a seguir), cerca de uma dúzia de esculturas sob o tema dos mitos e das mitologias, criadas sobretudo em pedra no âmbito do projecto Sintra Arte Pública IX.

Fim