quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Grutas do Poço Velho

Esperamos na fila. Na nossa vez, colocamos um capacete desinfectado na cabeça. Depois, ouvimos explicações de segurança e a resenha das informações mais importantes sobre a gruta. Descemos meia dúzia de degraus e entramos na cripta.
Só raramente a gruta é aberta ao público. Desta vez, a oportunidade surgiu no final de Setembro. Embrenhámo-nos na caverna quase uma hora depois de termos chegado ao fim da fila. Nessa altura, tinha cerca de trinta metros, mas rapidamente atingiu meia centena.
As grutas do Poço Velho situam-se em Cascais, no largo das Grutas. Foi já em meados da segunda metade do século XIX que foram exploradas por Carlos Ribeiro. Este encontrou um espólio funerário importante, parte do qual se encontra no Museu Castro Guimarães, em Cascais.
Entra-se por uma porta gradeada após um alpendre. A entrada é estreita, a descer em degraus mas o ambiente está claro. É o ocre que domina, iluminado por holofotes e lâmpadas brancas montadas em sequência e ligadas por uma espécie de cordão umbilical que atravessa toda a gruta. O percurso é curto, baixo e sinuoso, mas consegue ver-se bem onde pomos os pés.

No neolítico, o sítio era uma necrópole. Ainda são notórios os espaços destinados à colocação dos defuntos, uma espécie de nichos cavados na rocha sedimentar, a meia altura do corpo. Observa-se que a muitas destas criptas não são naturais, tão semelhantes e alinhadas que aparecem.
São cerca de 40 metros, alguns dos quais têm de ser percorridos de cócoras. Há obstáculos naturais que dificultam a progressão mas, com extremo cuidado – sobretudo para não bater nas paredes – é possível percorrer o trajecto sem o estragar ou danificar o vestuário.
Há dois ou três níveis na gruta. Algumas passagens são exíguas e obrigam a emagrecer rapidamente. Dos lados, mais à esquerda do que à direita, notam-se muitas reentrâncias, com acesso vedado mas suficientemente grandes para poderem ser exploradas.
Desce-se ligeiramente até à saída. Percebe-se que se sobe mais degraus para sair do que para entrar. O percurso não é aconselhado a quem sofra de claustrofobia. Mesmo assim, o trajecto faz-se em cerca de 3 minutos, pelo que a sensação de recluso não chega a ser convincente.