terça-feira, 13 de julho de 2010

O Dom dos Azulejos


A arte é um dos meios que une os homens
Leon Tolstoi, escritor

Parece que existem desde o século V a.C. no Egipto, tendo sido também utilizados por assírios e babilónicos. Depois, foram os romanos que os distribuíram pelo Mare Nostrum. Mais tarde, os árabes divulgá-los-iam na Península Ibérica.
Etimologicamente, ficamos entre origens árabes – zellij, azzelij, al zuleycha, al zuléija, al zulaiju, al zulaco – e persas – lazhward.
Independentemente de outra utilização – painéis decorativos, informativos, chãos, coberturas, molduras - há muitos prédios lisboetas, sobretudo nos bairros tradicionais, cujas fachadas são revestidas a azulejo decorativo.
Diz-se que durante o tempo de Salazar, aliavam a estética à poupança, associando esse padrão de revestimento utilizado nas mansões mais ricas, à menor manutenção desse material face a uma obrigatoriedade de manter as fachadas imaculadas. 
Os aspectos históricos, estéticos e económicos realçam o azulejo, que distingue, identifica, provoca. Diferencia-se pela forma e textura, é praticamente arte(sanal), estimula índoles estéticas e inflama sensações.
Talvez tenha sido a diversidade de motivos, a riqueza cromática, e algum sentido cenográfico, a levar-me a captar a profusão de azulejos que muitas das fachadas de Alfama, da Mouraria, do Castelo, ainda hoje revelam. 
As diversas incorporações confirmam-lhe o cosmopolitismo, o enriquecimento estético produzido num material pobre potencia-lhe dignidade, e a textura, a pigmentação e os brilhos acrescentam-lhe sensualidade.

Não são exemplos devotos, mas ficam aqui alguns modelos mais comuns, apostos em edifícios lisboetas que, ainda assim, já seduzem pelo colorido, traço, composição e efeito.
É seguramente esse cativar dos sentidos que o azulejo pratica. Nós gostamos de nos distinguir. O azulejo incorpora-se espontaneamente nessa capacidade única, que faz de nós pessoas.

Música: António Pinho Vargas, Vilas Morenas