Junho 2009
Talvez mais conhecida pela sua feira oitocentista, ser átrio da vila de Sintra, e estar dominada pelo castelo dos Mouros, São Pedro invade a encosta norte da serra escondendo-se entre a farta vegetação que lhe cobre o sopé.
Talvez mais conhecida pela sua feira oitocentista, ser átrio da vila de Sintra, e estar dominada pelo castelo dos Mouros, São Pedro invade a encosta norte da serra escondendo-se entre a farta vegetação que lhe cobre o sopé.
Do topo, espreita a capital, o rio e o mar. De Santa Eufémia é Lisboa, o Tejo, o Bugio e a outra margem que se vislumbra, parecendo tudo ali próximo. De outros sítios, mas mais longe, entrevê-se o Atlântico. Mais abaixo, avistam-se os telhados sintrenses que se estendem aos pés da serra.
O espaço sobressalta onde se habita há mais tempo. Quelhos tortos, escadinhas íngremes, esquinas fechadas, telhados antigos a espreitar por trás de paredes envelhecidas, pedras seculares e raízes primitivas a esboroar muros, confrontos de janelas góticas, metais de art deco e romantismos. O envolvimento arbóreo domina o espaço, com trepadeiras a cobrir muros, vedações e portões pouco usados. Há confrontos entre edifícios modestos e palacetes, entre casarões em ruínas e solares recuperados, entre traças e cores modernizadas, texturas gastas e arquitecturas passadas, entre o sossego das vielas e o trânsito que a permeia constantemente. Há muitas sombras, mas também uma claridade proporcionada pelo domínio das cores claras nos edifícios. Os caminhos estreitam na proximidade das aredes, mas alargam-se depois em pátios irregulares e espaços assimétricos.
Só o verde vegetal e o cinzento forte do granito contrastam com as tonalidades ocres ou salmão das fachadas. A humidade domina muros, ruas, calçadas e certas paredes. Algumas vielas terminam em becos sem saída, outras abrem-se para espaços amplos com terreiros.
As casas juntam-se umas às outras, ocupando a maior parte do espaço urbano. Nas mais antigas, as janelas são pequenas e as portas baixas. Os telhados atestam que a zona é chuvosa, tal a inclinação que mostram. As flores misturam-se com as pedras em recantos, a fender muros, a decorar janelas e muros, a ladear paredes de casas. As cores, suaves e consumidas pelos elementos, disfarsam-se para dar lugar ao pitoresco e vário das flores.
De vez em quando, muros, portões, ramagens, deixam ver um átrio antigo, um quintal singelo, um jardim recente. Um ou outro pórtico em pedra abrem espaços verdes de árvores de fruto ou de sombra que levam às mansões.
Onde o primeiro rei de Portugal mandou construir uma ermida, está hoje a igreja gótica de Santa Maria que ainda mostra vistosos arcos ogivais. É um lugar fresco e panorâmico, de onde o mar se vislumbra à esquina de uma janela medieval.
2 comentários:
Very good photos on this reportage, i especialy like the first the descending perspective it`s very intimate. I also like the second for it`s simplity and the striking yellow. All the pictures have extraordinary textures.
Hi Radu
Usually, I do not allow commentaries on messages, but as this one jumped the wall I highly recommend an one hour foot walk (sinalized) at S. Pedro, through the thin passages and along the scarped old stone stairs, following the tranquil colours and textures of that space.
Be welcome.
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