domingo, 31 de agosto de 2025

Japão. Festas e Rituais




Japão. Festas e rituais. Está na Fundação Oriente até ao fim deste ano. Há visitas guiadas, poucas todavia. São mais de milhar e meio de peças que fazem parte da colecção Kwok On. Para quem gosta da cultura japonesa é um “must go”. 

 
Estão lá, entre outros: Amaterasu (deusa do sol), Daruma (com ligações ao Budismo Zen), Jizo (guardião das crianças), yokais (demónios ou espíritos malignos), o Ta No Kami (o kami dos arrozais).


No Japão como em todo o mundo, a cultura (também) passa por festas e rituais. Como expressões culturais, servem para um conjunto de acções humanas que visam comunicar, homenagear, mediar, recriar, reafirmar ou fortalecer, incitar ou transformar.


Fazem-no através de experiências/vivências colectivas, ou até mais íntimas, públicas ou privadas, onde se podem cruzar temas sociais, religiosos, históricos, através de eventos/práticas que contemplam danças, cerimoniais, cantos, rezas e outros costumes.


No Japão, como em todo o mundo, estas festas e rituais estão muito ligados às religiões. Conhecidos como “Matsuri” (festival) são cerimónias ligadas sobretudo ao Xintoismo - de Xinto, o caminho dos deuses -, e ao Budismo - doutrina do sábio indiano “Buda”. 


Um dos mais conhecidos rituais é o do chá, Chanoyu (cerimónia do chá japonesa), que reflecte princípios budistas (Chado, a via do chá). Um dos mais importantes festivais é o Festival das Cerejeiras em Flor (Sakura Matsuri).


Tal como em todo o mundo, o Japão tem um longo e diversificado calendário de festivais, p.ex. do fogo de Verão, de depuração de objectos, bem como rituais de limpeza de túmulos e de homenagem aos antepassados (culto dos ancestrais). 


 Existe um conjunto de rituais de passagem, que vão desde as diversas idades-chave, que pod ecomeçar pela primeira refição do bébé, até ao final de um ciclo de 60 anos. Outros, são anuais como seja o Hatsumode, visita de santuários no Ano Novo.


Não são uma obrigação, uma regra/norma, uma lei. São práticas que se estendem desde tempos antigos. Buscam prepetuar sobretudo a harmonia, a natureza e as crenças, para um bem maior, o reforço dos laços de identidade e pertença a uma comunidade.



sábado, 23 de agosto de 2025

Uma Hora com Gárgulas


Para lá, a opção foi a A8, para ser diferente, porque tem menos trânsito, porque o trajecto é mais curto e mais rápido. Mas a AE do Oeste, também tem desvantagens. Por volta de Óbidos já pingava nos fatos de Verão…

 A proposta não foi nossa. Veio de Leiria, da Teresa e do David. Foram eles que nos puxaram para o Mosteiro da Batalha. A visita seria orientada por Ana Patrícia Alho, alguém com cátedra no assunto, em matéria de gárgulas.

 

É nos telhados do mosteiro que dominam as gárgulas, figuras monstruosas, fantásticas, humanas ou animalescas, como habitualmente as identificamos. O mosteiro da Batalha possui somente o maior conjunto de gárgulas da Península Ibérica.

 

Aderimos, incondicionalmente. Juntámo-nos à entrada, com mais meia dúzia de curiosos interessados. Começamos pela base, mas rapidamente a deixámos a caminho dos “andares” de cima, em busca das gárgulas.

 

Antes, porém, o gótico casa-se com manuelino, um pouco por todo o conjunto. O renascimento assalta-nos logo nas Capelas Imperfeitas. Mais caima, surgem o rendilhado dos elementos decorativos, as flores de liz e os vitrais (alguns, só vistos desde o telhado do claustro).

Estamos quase ao nível dos telhados mais baixos, onde se começam a ver as primeiras gárgulas. A sua função utilitária, a hidráulica, mas também a mais escondida é de, como relevantes elementos de um sistema complicado de caleiras, escoar das águas pluviais.

 

A outra função, a simbólica, não tão evidente, defende-se estar relacionada com um conjunto de aspectos que vão desde o feérico / grotesco, com a religião / ascensão da alma, com a sexualidade / corpos nus, com a fecundidade / relevante para a vida.

 

Essa expressão simbólica, aliada à representação religiosa, prende-se com cultos antigos (situados fora da religião dominante, catolicismo) e mostra figuras pagãs licenciosas e até símbolos esotéricos.

 

Há quem tenha notado que, em matéria de sexualidade, “a grande maioria das gárgulas femininas encontram-se desnudas e uma das gárgulas masculinas tem o pormenor de estar a segurar no sexo”.

 

Outro aspecto, relaciona-se com o bestiário medieval, que popularizou animais fantásticos e seres (humanos) tremendos, estando presentes uma profusão de animais, quer disformes, quer reais, quer fantásticos ou monstruosos.

 A maioria das peças são uma representação animal, humana e fantástica, quase em quantidades idênticas. Confundem-se várias espécies, de animais na mesma figura ou  misturam-se figuras de animais e humanas.

 

A imagética, essa, também é tão diversificada como exótica. A variedade é tão grande que é possível identificar quase três dezenas de figuras diferentes. Podem ser objectos, figuras antropomórficas, animais, humanos, seres híbridos.

 Para mim, os mais curiosos são os híbridos e os divertidos. Um ser humano alado, outro ser humano com cara de homem e corpo de leão, ainda outro humano embelezado com colar de guizos ou um porco com gargantilha.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Arte em Praga


Há sempre tanto e tão enriquecedor para partilhar n/das “velhas” cidades europeias. As da Europa Central mantêm o acento tónico arquitetónico no barroco. Praga também, mas não só.

A arte está por todo o lado, independentemente do estilo, da época, do autor, do sítio.  Desde o cemitério, ao castelo, das ruas aos pátios, das fachadas aos telhados, das estátuas às esquinas.


Há folclore à volta do Memorial Jan Hus. O Relógio Astronómico junta multidões na Praça da Antiga Cidade. Em redor, multiplicam-se os pináculos góticos.

 A Torre da Pólvora, uma das antigas portas da cidade, fica perto da zona dos espectáculos teatrais. Da Ponte Karlov, um ex-libris da cidade, vê-se a colina de Hradčany e o castelo no topo.

 

Lá, a Rua Dourada junta um conjunto de lojas, tão pequenas como antigas, que levam à Catedral de São Vito, outra joia do gótico local. Em baixo, é o rio Vltava que domina, bem como um conjunto de pontes que o atravessam.

Há esplanadas, flores, casas com paredes coloridas com cores suaves. Casas de marionetas checas, o Muro de Lennon e o divertido labirinto de espelhos da Torre de Petřín


Junto do rio, as marcas das cheias mais terríveis chegam ao topo da porta do Bistro Bruncvick. E também por lá anda o Bom Soldado Svejk, personagem de uma famosa novela satírico-humorística inacabada de Jaroslav Hašek.

A rua Parizska é o ex-libris das compras, onde algumas lojas têm seguranças. Estão aqui as marcas mais caras. No estacionamento, percebe-se pelos modelos mais famosos de carros, ao que vêm os clientes.  

No chão, os habituais mosaicos metálicos com a identificação de judeus assassinados durante a Segunda Grande Guerra, neste caso, Oskar  Schwarzkopf, transportado de Terezín para Auschwitz em 1943.

Uma Harley estilizada à porta da Steel Art, convida a sentar. Dentro da loja, um conjunto de outras peças produzidas em aço, como sejam, a do Predador, da Guerra das Estrelas, etc..

A arte está de mãos dadas com Kafka. E estão por todo o lado,  diversos e fascinantes. Há bonequinhas penduradas, bebés enormes de David Cerný, além do artesanato de madeira fina e leve.

De um dos lados de uma ponte, está a Torre Dançante, projetado por Vlado Milunić e Frank Gehry, como homenagem a Vaclav Havel, Fred Astaire e Ginger Rogers.

A cabeça rotativa de Franz Kafka, mais uma obra de David Cerný, em homenagem ao escritor, especialmente à obra "A Metamorfose”, junta muita gente perto de uma estação ferroviária.

O monumento a Franz Kafka, pelo escultor Jaroslav Rona, perto do museu judaico, também. Mais afastadas, a “espiral”, de Martin Steinert, no Centro de Congressos, bem como os personagens estilizadas nas muralhas do antigo castelo de Vysehrad

 

Os (talvez) caçadores pré-históricos de Michal Gabriel, percorrem os jardins do cemitério de Vyšehrad, onde estão sepultados  famosos escritores, médicos e cientistas a poetas, artistas, atores, compositores e políticos checos.