sobre a vida que se vive, momentos lentos, curtos, ágeis, próximos, súbitos, passagens, instantes e espaços, lugares e pessoas, cansaços, viagens, coisas, imagens, sinais do tempo, um desafio, vadiagens, um intento, um declive, da vida que se vive.
domingo, 31 de agosto de 2025
Japão. Festas e Rituais
sábado, 23 de agosto de 2025
Uma Hora com Gárgulas
Para lá, a opção foi a A8, para ser diferente, porque tem menos trânsito, porque o trajecto é mais curto e mais rápido. Mas a AE do Oeste, também tem desvantagens. Por volta de Óbidos já pingava nos fatos de Verão…
É nos telhados do mosteiro que dominam as gárgulas, figuras monstruosas, fantásticas, humanas ou animalescas, como habitualmente as identificamos. O mosteiro da Batalha possui somente o maior conjunto de gárgulas da Península Ibérica.
Aderimos, incondicionalmente. Juntámo-nos à entrada, com mais meia dúzia de curiosos interessados. Começamos pela base, mas rapidamente a deixámos a caminho dos “andares” de cima, em busca das gárgulas.
Antes, porém, o gótico casa-se com manuelino, um pouco por todo o conjunto. O renascimento assalta-nos logo nas Capelas Imperfeitas. Mais caima, surgem o rendilhado dos elementos decorativos, as flores de liz e os vitrais (alguns, só vistos desde o telhado do claustro).
Estamos quase ao nível dos telhados mais baixos, onde se começam a ver as primeiras gárgulas. A sua função utilitária, a hidráulica, mas também a mais escondida é de, como relevantes elementos de um sistema complicado de caleiras, escoar das águas pluviais.
A outra função, a simbólica, não tão evidente, defende-se estar relacionada com um conjunto de aspectos que vão desde o feérico / grotesco, com a religião / ascensão da alma, com a sexualidade / corpos nus, com a fecundidade / relevante para a vida.
Essa expressão simbólica, aliada à representação religiosa, prende-se com cultos antigos (situados fora da religião dominante, catolicismo) e mostra figuras pagãs licenciosas e até símbolos esotéricos.
Há quem tenha notado que, em matéria de sexualidade, “a grande maioria das gárgulas femininas encontram-se desnudas e uma das gárgulas masculinas tem o pormenor de estar a segurar no sexo”.
Outro aspecto, relaciona-se com o bestiário medieval, que popularizou animais fantásticos e seres (humanos) tremendos, estando presentes uma profusão de animais, quer disformes, quer reais, quer fantásticos ou monstruosos.
A imagética, essa, também é tão diversificada como exótica. A variedade é tão grande que é possível identificar quase três dezenas de figuras diferentes. Podem ser objectos, figuras antropomórficas, animais, humanos, seres híbridos.
terça-feira, 19 de agosto de 2025
Arte em Praga
Há sempre tanto e tão enriquecedor para partilhar n/das “velhas” cidades europeias. As da Europa Central mantêm o acento tónico arquitetónico no barroco. Praga também, mas não só.
A arte está por todo o lado, independentemente do estilo, da época, do autor, do sítio. Desde o cemitério, ao castelo, das ruas aos pátios, das fachadas aos telhados, das estátuas às esquinas.
Há folclore à volta do Memorial Jan Hus. O Relógio Astronómico junta multidões na Praça da Antiga Cidade. Em redor, multiplicam-se os pináculos góticos.
A Torre da Pólvora, uma das antigas portas da cidade, fica perto da zona dos espectáculos teatrais. Da Ponte Karlov, um ex-libris da cidade, vê-se a colina de Hradčany e o castelo no topo.
Lá, a Rua Dourada junta um conjunto de lojas, tão pequenas como antigas, que levam à Catedral de São Vito, outra joia do gótico local. Em baixo, é o rio Vltava que domina, bem como um conjunto de pontes que o atravessam.
Há esplanadas, flores, casas com paredes coloridas com cores suaves. Casas de marionetas checas, o Muro de Lennon e o divertido labirinto de espelhos da Torre de Petřín.
Junto do rio, as marcas das cheias mais terríveis chegam ao topo da porta do Bistro Bruncvick. E também por lá anda o Bom Soldado Svejk, personagem de uma famosa novela satírico-humorística inacabada de Jaroslav Hašek.
A rua Parizska é o ex-libris das compras, onde algumas lojas têm seguranças. Estão aqui as marcas mais caras. No estacionamento, percebe-se pelos modelos mais famosos de carros, ao que vêm os clientes.
No chão, os habituais mosaicos metálicos com a identificação de judeus assassinados durante a Segunda Grande Guerra, neste caso, Oskar Schwarzkopf, transportado de Terezín para Auschwitz em 1943.
Uma Harley estilizada à porta da Steel Art, convida a sentar. Dentro da loja, um conjunto de outras peças produzidas em aço, como sejam, a do Predador, da Guerra das Estrelas, etc..
A arte está de mãos dadas com Kafka. E estão por todo o lado, diversos e fascinantes. Há bonequinhas penduradas, bebés enormes de David Cerný, além do artesanato de madeira fina e leve.
De um dos lados de uma ponte, está a Torre Dançante, projetado por Vlado Milunić e Frank Gehry, como homenagem a Vaclav Havel, Fred Astaire e Ginger Rogers.
A cabeça rotativa de Franz Kafka, mais uma obra de David Cerný, em homenagem ao escritor, especialmente à obra "A Metamorfose”, junta muita gente perto de uma estação ferroviária.
O monumento a Franz Kafka, pelo escultor Jaroslav Rona, perto do museu judaico, também. Mais afastadas, a “espiral”, de Martin Steinert, no Centro de Congressos, bem como os personagens estilizadas nas muralhas do antigo castelo de Vysehrad
Os (talvez) caçadores pré-históricos de Michal Gabriel, percorrem os jardins do cemitério de Vyšehrad, onde estão sepultados famosos escritores, médicos e cientistas a poetas, artistas, atores, compositores e políticos checos.