sábado, 28 de setembro de 2024

Clássicos nos Clássicos

Já não é a primeira vez e, este ano, os Clássicos voltam mais uma vez ao Autódromo do Estoril. Em 2023, o que já é “considerado um dos maiores de Clássicos do mundo”, regressava sob um Outubro estival. Clássicos para clássicos.

Talvez, também por isso, o público também lá tenha estado em grande número, quer nas bancadas, quer no Padock. Prova disso, os bilhetes que envolviam a passagem pelo Padock, tenham esgotado para os 3 dias, embora o acesso à bancada central fosse gratuito.

O responsável pela organização é português, mas os clubes que juntam estes clássicos são estrangeiros. São máquinas pós anos 60, que envolvem Fórmulas 1, protótipos, GT’s  e turismos, antes pilotados por nomes famoso do desporto automóvel, tais como, Alan Jones, James Hunt ou Jochen Rindt.

A parte das motos é mais discreta, mas consta que será possível ver “máquinas que fizeram história nos principais campeonatos de motociclismo das disciplinas de MotoGP, Road Racing ou Superbikes”. À distância, foi difícil distingui-las.

Automóveis e motos de competição, mesmo sendo modelos históricos, ainda enchem a pista, não só de estética, mas também pelo rasgar do ar pelo som dos motores. A passagem na recta da meta é ainda um dos pontos altos dessa dinâmica.

 

Cá fora, tal como na pista, os clássicos e, sobretudo, as clássicas, marcam lugar. Não chegava uma Pan com 22 anos, mas outras com cerca do dobro reiteravam a imagem vintage que máquinas e pilotos dão a este tipo de eventos.

 

Vale a pena rever as clássicas. Mesmo as que levam clássicos aos Clássicos. De algumas, até conhecíamos os donos. Clássicos como nós. Mas já não muitos com clássicas. Clássico será voltar para o ano. Com ou sem clássicas. Basta ir, estar lá.


terça-feira, 17 de setembro de 2024

Torres & Bunkers II - DE SANCTI PETRI a BAELO CLAUDIA


Hoje, havia mais expectativa. Duas torres, dois faróis, uma cidade romana do século I/II e dois bunkers, pelo menos. No caminho, havia outros motivos para degustar - paisagem, sobretudo - e, mais que não fosse, a proximidade do mar. Há pouco trânsito, o céu continua azul e a temperatura convida a andar de moto.


Primeira paragem da manhã. A TORRE DEL PUERCO, uma torre de vigia do século  XVI. Fica à saída de Sancti Petri, a mais de meia dúzia de quilómetros do centro. Mandada construir por Filipe II para defender a costa dos ataques dos piratas berberes. Dizem ser uma “sentinela histórica”.

Logo após, continuando pela estrada costeira, surge o FAROL DE ROCHE, também ele torre de origem filipina, hoje farol de navegação. Na base, dispõe de bancos virados a nascente. O panorama matinal é muito atractivo e, por isso, tinha clientes.

 

O farol está sobre uma falésia que domina uma pequena praia e um porto de pesca. Este, está repleto de âncoras antigas destinadas à  pesca tradicional do atum de almadraba. Parei e fotografei. Estão ali centenas de âncoras. Deve dar para muito atúm.

Seguindo para Conil de la Frontera, o novo objectivo obriga a entrar nos meandros da localidade. Parei numa rotunda, com o ARCO DA VILA ali próximo, e orientei-me para aTorre de Guzman. Não foi fácil. Entre sentidos proibidos recentes e trânsito a impedir a passagem, fui seguindo os espaços livres.

Finalmente, dei com a Plaza de Santa Catalina e com a famosa TORRE DE GUZMAN. Mandada construir por Alonso Pérez de Guzmán, a torre fazia parte das muralhas do burgo medieval. O espaço de exposição estava fechado, sendo o horário de abertura ao meio-dia… 

 🌟

Frustada a visita, havia um bunker na lista, aqui próximo, em plena praia, o único situado em Conil. O GPS baralhou-se com a novidade das ruas e fui obrigado a perguntar o caminho. Perguntar por “bunker”, mesmo com pronúncia, não funcionou.

Estava pertíssimo, vi depois, ao consultar o mapa em papel. Todavia a prioirdade era um farol que, li algures, “assistiu a uma batalha”. Esse, o FAROL DE TRAFALGAR, está situado no cabo com o mesmo nome. Mas, não está isolado, ali há também uma torre e um bunker. Por isso, viro para o Camping Faro de Trafalgar, não entro, continuo para o mar e entro num ambiente de praia.

Mais à frente, logo após um pequena rotunda, está uma barreira. O asfalto termina e começa a areia! Ao fundo, o farol fica a mais de quilómetro e meio. Hoje, o dia não está a correr bem. Farol e bunker estão descartados. Bom, não como limar a amargura com um café no Bar Las Dunas. E, assim foi. Há que seguir. 

 

Passei o desvio para a praia de Bolonia e continuei numa estrada estreita e em mau estado. Mais à frente, a estrada começa a subir e cada vez se torna mais estreita. Entretanto, o GPS indica uma estrada à esquerda dotada de um portão aberto. Não acredito e sigo. Mais acima, mais íngreme, mas com uma vista ímpar, paro noutra espécie de estacionamento. Afinal é uma miradouro, MIRADOURO DEL CAMARINAL. Desligo a moto, desço, olho em redor e a paisagem é fantástica. Mas nem o farol se vê. Até chega um casal de caminhantes, vindos não sei de onde.

Afinal, vêm de baixo do miradouro, por um trilho que chega da direcção do farol. Dizem-me que o farol está acessível, mais abaixo, através de uma estrada, logo após o parque de estacionamento. Esse, o que descartei. O farol fica perto, asseguram. Vêm de lá. Mas não sabem que há um bunker, Não espreitaram para baixo do farol.

 

Desço e paro à entrada do troço. É em terra batida, polvilhado de pequenas pedras, talvez calcário. Penso duas vezes e desisto. A moto pesa 285 kgs, tem pneus de estrada e eu estou sozinho. Mais um cancelamento. Ainda não vi um bunker… e o farol também não se vê de lado nenhum. Volto para trás.

 

O alvo, agora, é BAELO CLAUDIA, um conjunto arqueológico romano com 2 mil anos. Paro num enorme parque de estacionamento. Deixo a moto debaixo da sombra de uma árvore, que o tempo está a qquecer. Guardo o capacete e olho em redor. Há muitos visitantes e fila na bilheteira. O sítio deve ser atractivo.

 

Entra-se pelo museu. Não é grande, mas tem algumas peças interessantes, estatuária sobretudo. Percebe-se que a designação “cidade” é adequada à dimensão do lugar. Cá fora, entende-se melhor essa dimensão e a sua localização estratégica, quase à beira mar, face a uma das actividades mais famosas, a produção de “garum”.

 

A cidade é extensa. Passo no fórum, na cúria, na basílica. E identifico uma “calçada” larga e longa, que não é nem mais do que uma das entradas da cidade. È na parte baixa, mais próxima do mar, que se situa a zona monumental. Todavia, na parte alta reconhece-se o teatro, uma zona residencial, aquedutos e túneis de passagem de água.

 

É difícil ficar indiferente ao conjunto. Sobretudo, quando procuramos torres de origem fenícia. Os romanos estiveram aqui, logo após, com sucesso, nos primeiros séculos depois de Cristo. A dimensão da ocupação é significativamente maior. E os testemunhos dessa presença são extremamente notórios, quer em matéria de engenharia, quer de estética.


Ali próximo, a DUNA DE BOLONIA, parece pequenita, vista de Baelo Claudia. Mas não é. Basta ver o tamanho das pessoas que estão a meio da escarpa de areia e verificar que há ali muita areia e com um declive valente. A praia não tem muitos veraneantes, talvez porque está na hora de almoço. Por tal, há que cumprir o ritual.

Não chega a um quilómetro. São duas curvas até ao almoço. O Chiringito (bar de praia) Las Dunas (outro) está a dois passos da areia, tem uma esplanada e vista de 180º sobre a praia. Mas não tem lugares vagos. Fiquei no interior, a recordar esta manhã de passeio, de decepções e êxitos, de ausências e satisfações.