Templos e muita gente. Calor, trânsito e humidade. Simpatia, à vontade, budismo. Mercados, canais e o rio. Vida nocturna, planura, palácios e tuk-tuks. Mais templos e mais gente. Estamos em Banguecoque, Tailândia. Vamos ficar durante uma semana.
Templos, muito templos. Uns parecem palácios, outros pouco têm de palaciano. A maioria não vai além de 4 ou 5 andares. Poucos têm interiores vastos, a maioria não comporta muitos fiéis. Parecem todos iguais, são todos diferentes.
Flores, muitas flores. Há muitas lojas de flores. Há, inclusivamente, mercados só de flores. Tantas, porquê? Porque há, também, muitas oferendas devidas às divindades, sobretudo ao Buda. Os templos e muitas representações e Buda estão rodeadas de flores.
A capital da Tailândia é um grande destino turístico, sendo sobretudo os templos, os palácios, os museus, lojas e restaurantes temáticos, mercados e actividades lúdicas nocturnas, as principais atracções de Banguecoque.
Hoje, a cidade é extensa. Num século, cresceu quase trezentas vezes. Pouco depois do areroporto internacional de Suvarnabhumi, o casario aparece mantendo uma continuidade uniforme entre as zonas industriais, comerciais e residenciais.
Banguecoque, em português, ou Bangkok, em inglês, com menos letras e de dicção mais rápida, não se compara com o nome da cidade em tailandês, constituído por 152 letras, o nome de uma localidade mais extenso do mundo.
Mas o nome não é apenas o único plural de “Banguecoque”. O significado da palavra também é, tal como muitas designações asiáticas, polissémico podendo designar, “cidade dos imortais”, cidade dos palácios reais”, entre outras.
A cidade é praticamente plana, estando situada 1 (um) metro acima do nível do mar, o que a coloca em risco de submersão em data próxima. Os raros desníveis notam-se nas pontes e após trepar as escadarias dos templos.
Após Sukhothai, a capital do reino passou para Ayutthaya, cujas ruínas são, ainda hoje, local especialmente visitado. No século XV, a Tailândia adoptou o nome de Sião, designação que se manteve até ao início da II Grande Guerra.
O clima é “turístico”, com temperaturas médias situadas entre mínimas de 24 graus e máximas de 32. Há muitas sombras, principalmente nos parques mas, também, muitas zonas áridas, sobretudo próximo dos palácios e templos.
O património arquitetónico e cultural, além dos muitos museus - (incluindo um museu português (lá iremos) - contempla ainda teatros e bibliotecas, mas são os templos e os palácios que lhe conferem um cunho singular e uma aura exótica.
Esse exotismo passa por representações da cosmologia budista, onde estão presentes desde as pedras até às casas dos espíritos, passando pelos infernos, pelos titãs, pelas nagas, dragões, outros animais, chedis (formas cónicas), muitos Budas, muitos dourados.
E, ainda, fios, muitos fios, o que parece significar que, a cada necessidade, se estica mais um fio, quer na zona mais antiga, quer nas áreas mais modernas.
GRAND PALACE…
É essa extravagância e contexto histórico-religioso que vamos encontrar um pouco por todos os templos e palácios mas, com um carácter quase enciclopédico no Grand Palace, que data de finais do século XVIII. Como é proibido entrar de calções, há que comprar calças leves e frescas, num dos muitos vendedores ambulantes.
E, aqui, com aquele cunho asiático do contexto de cada peça, da ligação à natureza, história e mitologia, o PANTEÃO REAL agiganta-se com uma torre Prang (torre cónica, muito frequente nos templos) e decoração em padrões geométricos de mosaicos de vidro coloridos e azulejos cerâmicos.
Esta combinação entre o vidro e a cerâmica, aliada às torres fusiformes e aos telhados de “águas” sucessivas, marcam de forma distintiva a arquitectura político-religiosa, sobretudo patente nos templos e palácios.
Mas não é apenas a notoriedade do vidro e da cerâmica que preenchem exteriores e interiores. As portas e um grande armário laqueado dedicado à guarda de escrituras budistas, no Phra Mondop, outro edifício do Palace, foram construídos em madrepérola.
Da arte à mitologia, percorremos um alinhamento de gigantes ASURA E GARUDAS, guardiões da entrada do monumento, auxiliados pelas serpentes nagas* de cabeças antropomorfizadas. Não são as únicas representações mitológicas, antes pelo contrário.
E passamos dos mosaicos vitrificados aos mosaicos dourados, no PHRA SRI RATTANA CHEDI, uma estupa de tijolo de meados do século XIX, num edifício que marcou o centenário da cidade de Banguecoque em 1882.
Mais significados mágico-religiosos no HO PHRA GHANDHARARAT, decorado com porcelanas coloridas, mandado construir para expor a imagem de Buda em postura invocativa da benção de grãos de arroz.
Felizmente, há claustros no palácio. Se não, o sol não permitiria uma visita demorada no exterior. É nessas paredes que estão pintados 178 episódios da HISTÓRIA DE RAMAKIEN, um dos épicos nacionais da Tailândia, na versão tailandesa do antigo épico indiano Ramayana.
As 12 estátuas dos gigantescos GUARDIÕES ASSURA, também eles personagens do Ramakien, mostram a sua prontidão, junto aos portões, virados para o interior do complexo. Este complexo não é visitável na sua totalidade, uma vez que, sendo também palácio real, tem áreas reservadas.
Mais à frente, surge uma miniatura réplica de ANGKOR VAT (Cambogja), feita à mão, em cimento, construída para não ser preciso transferir um templo khmer para o palácio. Antes, havíamos permanecido durante alguns minutos, no interior de um templo pleno de brilhos e dourados.
O espaço religioso está separado do espaço político. Um dos templos - parecem ser vários - o denominado WAT PHRA KAEW, conhecido como Templo do Buda Esmeralda, divindade que é considerada a protectora da Tailândia, é um dos mais visitados.
…E OS OUTROS
Deixámos sempre um templo para ver no dia seguinte. O único que escolhemos do outro lado do rio - no dia em que também visitámos o Museu Português (lá iremos) - foi o WAT ARUN. Visto da margem contrária, de dia, é majestosamente alvo. À noite, iluminado, é deslumbrantemente dourado.
Wat Arun significa, “Templo do Amanhecer” e decorre do deus hindu Aruna, relacionado com o sol nascente. Este templo é um dos que mostra mais figuras relacionadas com o panteão religioso hindu, desde o tridente de Shiva, até à representação do deus Indra.
O prang central, é incrustado com fragmentos de porcelana colorida, uma espécie de estupa cravada com faiança multicolor, cuja base é decorada por um cordão de figuras Yaksha (espíritos bondosos mas endiabrados) e por representações de macacos.
Outro dia, outro templo. O WAT PHO fica a escasso meio quilómetro do Palácio Real. Aqui, é o Buda Reclinado que fascina. Com 46 metros de comprimento por 15 de altura, parece ter sido encaixado no edifício que o acolhe.
Ali, dois corredores estreitos, permitem percorrê-lo em toda a sua extensão. Num deles, onde parecem estar diversas “capelas” pequenas, várias mesas com recipientes aceitam oferendas. Trata-se da maior estátua do Buda Reclinado existente no país.
Mais um dia, mais um templo. Este é bem diferente dos anteriores. Para chegar ao topo é preciso, primeiro subir o acesso e, depois, ascender através de escadas. A simbologia não desaparece mas está presente em outros objectos. Estamos no Monte Dourado, no WAT SAKET.
A meio da subida tem um enorme gongo que é impossível não o fazer soar. Em cima, dentro da estupa, na qual é permitido rodear o centro, julgo que existem relíquias do Buda. A entrada e a saída da estupa é estreita e obriga a baixar a cabeça e o tronco.
O monte onde está construído foi formado pelo colapso do templo anterior. Foi o único que visitámos a situar-se num monte. Por tal, do cimo, embora não seja actualmente, mas já tenha sido o ponto mais alto de Banguecoque, a vista sobre a cidade é deslumbrante.
E os templos fora de Banguecoque? E os Budas da montanha? E China Town? E o museu português? E o borboletário? E os parques? E os macacos? E os trilhos na floresta? E as ilhas? Lá iremos.
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